CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE CORONAVÍRUS (Sars-Cov-2): ESTUDO ECOLÓGICO NO ESTADO DE SANTA CATARINA
Palabras clave:
Enfermagem; Mortalidade; Infecções por Coronavírus; Epidemiologia.Resumen
Introdução: A Organização Mundial da Saúde (OMS) em dezembro de 2019 foi informada sobre vários casos de pneumonia em Wuhan, na China. No mês seguinte o Órgão declarou estado de Emergência em Saúde Pública pelo novo Coronavírus (Sars-Cov-2), logo o conhecimento da pandemia da doença COVID-19, causando um grande impacto sanitário, social e econômico em diversos países¹. Desse modo, o Coronavírus é um problema global de saúde pública, sendo uma das principais causas atuais de óbitos por doenças infecciosas. No Brasil a incidência por COVID-19, registrada no mês de julho, é de 1162,2 casos confirmados por 100 mil habitantes e a taxa de mortalidade chega a 41,7 por 100 mil habitantes². Em fevereiro de 2020 o Coronavírus chega ao Brasil, e no dia 13 de março de 2020 foi registrado o primeiro caso da doença no Estado de Santa Catarina (SC). Este Estado possui uma população estimada de 6.248.436 habitantes, cerca de 2,3% da população brasileira, segundo o último Censo de 20173. O Estado é dividido em macrorregiões, ou seja, Grande Oeste, Meio Oeste e Serra Catarinense, Planalto Norte e Nordeste, Vale do Itajaí, Foz do Rio Itajaí, Grande Florianópolis e região Sul. Desde então percebe-se um aumento nas notificações dos casos da doença no Estado, estando com 77.001 casos confirmados, 10.747 casos por milhão de habitantes até a data da pesquisa4. No decorrer do mês de março, o Governo do Estado de Santa Catarina tomou medidas para o enfrentamento da emergência em saúde pública e combate a transmissão do vírus, estas medidas incluíram o fechamento de diversos seguimentos do comércio e paralisação das atividades educativas conforme o Decreto Nº 525/20205. Existem barreiras para alcançar esses objetivos, como a necessidade de tecnologias de diagnóstico rápidos, educação em saúde para a população, medidas mais rigorosas para o enfrentamento da nova pandemia, sistemas de saúde estruturados, equipes de saúde capacitadas para atingir todas as populações afetadas pela doença de forma equânime. A incidência de pessoas contaminadas e o índice de letalidade pelo COVID-19 é uma questão importante para a assistência de Enfermagem, mediante estes indicadores os enfermeiros que estão na linha de frente para combater a doença, nos diferentes níveis assistenciais por meio de métodos adequados para controlar, educar a população por meio da prevenção desta e outras doenças, e também no tratamento intra-hospitalar, sendo estes profissionais importantes na recuperação e reabilitação dos pacientes que são monitorizados no domicílio e hospitalizados. Objetivo: caracterizar o perfil epidemiológico dos casos confirmados pelo novo Coronavírus (Sars-Cov-2) e a taxa de letalidade a partir das macrorregiões, gênero e faixa etária em SC no período de 13/03/2020 à 29/07/2020. Metodologia: desenvolveu-se um estudo ecológico, quantitativo comparando casos do novo Coronavírus (Sars-Cov-2) no Estado no período de 139 dias. Foram coletados dados secundários encontrados no Portal de Saúde de SC. Está pesquisa manipula informações públicas, desta forma se isenta da necessidade da aprovação prévia do Comitê de Ética em Pesquisa, respeitando as premissas contidas nas Resoluções 466/2012 e 510/2016, ambas do Conselho Nacional de Saúde. As variáveis sociodemográficas utilizadas foram: macrorregião, gênero e faixa etária. Inicialmente foram coletados os dados disponíveis nos sites oficiais do Estado. Em seguida as taxas de contaminados foram padronizadas em uma tabela, em macrorregiões, por gênero e faixa etária, comparando o índice de infectados e de letalidade, considerando a população do Estado como padrão. Resultados e Discussão: por meio dos dados coletados o número de infecção pelo novo Coronavírus em SC apresenta um crescimento diário desde o início do primeiro caso notificado no Estado, com um total de 77.001, 10.747 casos confirmados por milhão de habitantes e 1.002 óbitos, aproximadamente 140 óbitos da população por milhão de habitantes oriundos da nova doença. De acordo com os resultados os casos confirmados por macrorregiões na Grande Oeste foram de 9.372 (12,1%), Meio Oeste e Serra Catarinense 7.202 (9,3%), Planalto Norte e Nordeste 11.876 (15,4%), Vale do Itajaí 11.640 (15,1%), Foz do Rio Itajaí 13.443 (17,4%), Grande Florianópolis 11.291 (14,6%) e região Sul com 10.678 (12,4%) casos. Quanto a macrorregião, Foz do Rio Itajaí se sobressai apresentando um equivalente de 17,4% dos casos confirmados. Os óbitos confirmados por macrorregiões na Grande Oeste foram de 93 casos (9,2%), Meio Oeste e Serra Catarinense 81 (8,0%), Planalto Norte e Nordeste 175 (17,4%), Vale do Itajaí 120 (11,9%), Foz do Rio Itajaí 227 (22,6%), Grande Florianópolis 158 (15,7%) e região Sul com 147 (14,6%) óbitos. Em relação aos óbitos por macrorregião, Foz do Rio Itajaí prevalece com um percentual de 22,6% de óbitos, refletindo com os números de casos infectados na região. Identificou-se que por meio do perfil epidemiológico por gênero o Estado apresenta um percentual de 40.154 (52,2%) infectados do sexo feminino e 36.839 (47,8%) do sexo masculino. Percebe-se que o sexo feminino prevalece com um percentual de 52,2%. Os óbitos confirmados pela doença por sexo apresentam 400 (39,9%) do sexo feminino e 602 (60,1%) do sexo masculino. Quanto ao número de óbitos relacionado ao gênero, o sexo masculino predomina com um percentual de 60,1%. Em relação ao perfil epidemiológico de letalidade os homens apresentam o maior índice entre as mulheres, que pode ser devido à relação entre fatores biológicos e sociais, ou as diferenças sexuais nos fatores de exposição e por outras questões relacionadas ao acesso ao serviço de saúde. Os casos confirmados por faixa etária de 0-9 anos foi de 2.163 casos (2,8%), na faixa de 10-19 anos totalizaram 3.954 casos (5,1%), 20-29 anos tem-se 16.231 casos (21,0%), 30-39 anos registrou-se 19.839 casos (25,7%), 40-59 anos obteve-se registro de 25.853 casos (33,5%), 60-79 anos tem-se 7.829 casos (10,1%) e 80 anos ou mais 1.073 casos (1,3%). Os dados apresentam que o grupo entre 40-59 anos prevalece com um percentual de 33,5%. Em relação aos óbitos confirmados por faixa etária de 0-9 anos registrou-se um óbito (0,09%), de 10-19 anos tem-se dois óbitos (0,19%), 20-29 anos registrou-se dez (0,99%), 30-39 anos alcançou 33 óbitos (3,29%), 40-59 anos tem-se 200 mortes (19,9%), na faixa de 60-79 anos registrou-se 514 mortes (51,29%) e 80 anos ou mais 242 óbitos (24,15%). Além disso, quanto a faixa etária, a mortalidade por COVID-19 mostrou-se mais elevada entre as pessoas entre 60 e 79 anos, podendo ser associado a vulnerabilidade biológica e senilidade. Entretanto, o estudo mostrou que a doença não afeta somente pessoas senis e que indivíduos entre 40 e 59 anos apresentam um crescimento de letalidade importante. Considerações finais: este estudo contribuiu para o conhecimento sobre a incidência de infecções pelo novo Coronavírus e a taxa de mortalidade em SC, com informações epidemiológicas importantes da doença, o que pode contribuir para as ações no manejo da pandemia nesse território. Assim, os resultados do estudo, por meio dos sistemas de informações, evidenciaram aspectos importante para diversas áreas da saúde e também para a enfermagem, mostrando que mesmo com medidas de isolamento social o índice de infecção e mortalidade aumentam exponencialmente, o que requer rápido planejamento e implementação de cuidados de enfermagem, principalmente nas macrorregiões com maior taxa de infecção e de óbitos, de modo a contribuir na diminuição dos números neste processo de disseminação do vírus. Além disso, os resultados podem ser relevantes, não apenas para o gerenciamento local, mas também para outros contextos com perfil epidemiológico semelhante em relação ao COVID-19.
