CRIAÇÃO DE GRUPO DE ESTUDOS NA GRADUAÇÃO DE ENFERMAGEM DURANTE PANDEMIA

RELATO DE EXPERIÊNCIA

Resumo

Introdução: O atual cenário de pandemia tem implicado em muitas mudanças e reajustes, desde a saúde pública até a administração de tempo, dentro da rotina pessoal, durante o distanciamento social. Com isso, a realidade de manter práticas educacionais historicamente constituídas tem sido um grande desafio. Neste contexto, a carga horária dos cursos da área da saúde continua sendo alta e com a impossibilidade de retorno às aulas presenciais observou-se a necessidade de encontrar novos meios para que o cronograma e os temas de modo que o tempo pudesse ser otimizados para o aprofundamento dos conteúdos abordados em sala de aula. Portanto professores aconselharam a criação de grupos de estudos como uma possibilidade. Sendo assim, um grupo de estudantes da 5ª fase da graduação em Enfermagem da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) se interessou pela construção de um grupo de estudo com o principal intuito de dar continuidade e não perder a prática dos estudos de maneira que pudesse não apenas abordar esses assuntos e debatê-los, de modo a aplicar metodologia ativa de ensino.  O intuito dos Grupos de Estudos (GE) é utilizar-se de diferentes plataformas e métodos para aperfeiçoar e instrumentalizar os estudos e as vivências teórico-práticas, por meio do conhecimento dos procedimentos básicos de enfermagem, elaboração da sistematização da assistência de enfermagem. Objetivos: Este trabalho visa relatar a experiência das acadêmicas sobre a formulação de um Grupo de Estudos sobre Semiologia e Semiotécnica durante a suspensão do calendário acadêmico devido a pandemia. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência de natureza descritivo sob a ótica das acadêmicas organizadoras do grupo de estudos. As atividades começaram no início do mês de julho de 2020, uma vez que se observou a necessidade de dar continuidade na rotina de estudos e, por conta da pandemia, todas as atividades se darão através das plataformas online, Cisco Webex e Google Meet, se estendendo até dezembro, tendo encontros uma vez por semana intercalando as revisões e as atividades. O grupo de estudos conta com acadêmicos de várias fases da enfermagem, contemplando o total de 30 alunos que realizaram inscrição. Resultados e discussões: Atentas às mudanças do cenário de ensino, um grupo de acadêmicas de graduação em enfermagem, com a proposta e auxílio de uma docente  do curso, viram a necessidade de complementar as lacunas deixadas pelo calendário acadêmico suspenso e a grande quantidade de tópicos para a carga horária disponível do Componente Curricular de Fundamentos para o Cuidado Profissional da Enfermagem II, com a criação de um grupo de estudos. Este, é coordenado e protagonizado pelos estudantes e balizado em diálogo, exemplos, ensino e reprodução de maneira sintetizada e com linguagem acessível, através de uma metodologia ativa que envolva o acadêmico em todas as fases do processo de ensino aprendizagem e cativando-o com o tema proposto². Analisando estudos que apontam a maior efetividade da absorção de conhecimento quando diferentes formas de ensinar e aprender são contempladas, observou-se na criação de um GE de semiologia e semiotécnica uma boa oportunidade para demonstrar as qualidades no uso de uma metodologia mais ativa em detrimento do modelo tradicional de ensino que ainda impera nas escolas de educação básica e universidades brasileiras¹. Tendo em vista que esta realidade não abarca todos os aparatos disponíveis atualmente, acredita-se que grupos como este demonstram as potencialidades do ensino remoto e a possibilidade de aplicação de tecnologias. para a troca e avaliação de conhecimentos e com as mudanças ocasionadas pela pandemia de COVID-19. Com diferentes metodologias de ensino que foram incentivadas devido às novas necessidades de adaptação. No tangente a participação das estudantes, esta se deu desde a organização dos temas no cronograma até o andamento das aulas, que passaram por fase de testes em duas plataformas diferentes sugeridas pelos participantes para avaliar conjuntamente qual destas seria de melhor manejo, sendo escolhida a Plataforma Cisco Webex. Essa escolha se deu após duas reuniões, por conta da possibilidade de gravação das aulas e bate-papo para que, caso algum participante tivesse problema de conexão no horário de aula ou algum compromisso, pudéssemos disponibilizar posteriormente. Sendo assim, foi realizado no dia dez de julho, a primeira reunião em que foram abordados os ideais do nosso GE, que mesmo com organização de quatro alunas, todos os outros participantes têm direito a voz e decisão, e que em cada encontro duas a três pessoas ficariam responsáveis pela explanação de um dos assuntos descritos no cronograma, para que todos participem ativamente do grupo. No primeiro encontro, com participação de 77% dos alunos participantes, foi o dia de explanação do primeiro grupo, com o assunto Segurança do paciente, os nove certos e as formas de administração de medicamentos, assunto que tínhamos visto em sala de aula. Presenciamos logo na primeira aula, a importância da criação desse grupo, não apenas para aprofundar conteúdos mas também pela necessidade de dialogar com outras pessoas diantes desse contexto em que estamos vivendo. Já no segundo encontro houve a presença de 80% dos participantes, neste foram realizadas discussões e tira dúvidas dos participantes sobre as questões disponibilizadas pelo grupo, surgindo indagações relevantes em que anteriormente em sala de aula, como descreveu uma participante, não foi manifestado. Além do mais, mesmo em apenas dois encontros foi possível perceber uma das fragilidades de um grupo de estudos remoto, a diferença entre a conectividade dos participantes que acaba atrapalhando e a linha de raciocínio formada. Considerações finais: Entretanto, revelou que há maior comunicação e entrosamento em volta do tema estudado, quando este é apresentado por outro estudante e também a importância e a necessidade da criação desse grupo, não apenas para nosso conhecimento teórico-prático, mas também para nosso autoconhecimento e para a possibilidade de utilizarmos ele como um grupo de apoio, onde compartilhamos dos nossos sentimentos, principalmente o medo do incerto que nos une neste contexto de pandemia.