IMPACTO DA PANDEMIA PELA COVID-19 EM IDOSOS
Palavras-chave:
Infecções por coronavirus; Saúde Mental; Pandemias; Populações vulneráveisResumo
Introdução: A COVID-19, identificada na China no final de 2019, tem um alto potencial de transmissibilidade e sua incidência aumentou exponencialmente. Tendo em vista sua disseminação global a Organização Mundial da Saúde (OMS) decidiu por declarar situação de pandemia no dia 11 de março de 2020. As medidas sugeridas e impostas para reduzir a transmissibilidade rápida e intensa do vírus, SARS-Cov-2, ocasionou condições particulares de estresse na população, desorganização na economia e aumento no risco de desenvolvimento de transtornos mentais. A falha em não adotar precocemente as medidas para o combate ao COVID-19, como higiene e distanciamento social pode ter consequências graves como vivenciado na Itália entre os idosos.1 A população com maior risco de complicações e morte causada pela COVID-19 são idosos, tendo em vista a idade avançada, presença de comorbidades e sistema imune mais fragilizado. O maior controle dos grupos de risco pode evitar resultados desastrosos à essa parcela da população, principalmente no que se refere a recursos materiais e infraestrutura do sistema de saúde.1 Para tal, muitas medidas foram impostas pelo Estado como fechamento do comércio não essencial e espaços públicos. Contudo, essa adequação da sociedade tem gerando impacto social, econômico, psicológico e patológico, principalmente em idosos. Objetivo: Identificar o impacto da pandemia pela COVID-19 em idosos. Metodologia: Revisão integrativa da literatura que ocorreu no período de junho a julho de 2020. Utilizou-se os Descritores em Ciência da Saúde (DeCS): Infecções por coronavirus, Saúde mental, Pandemias e Populações vulneráveis, com o operador booleano AND na base de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). A questão norteadora do estudo foi “Qual(is) o(s) impacto(s) provocados pela pandemia de COVID-19 na população idosa?”. Os critérios de inclusão foram artigos publicados entre os anos de 2019 e 2020, nos idiomas inglês, português e espanhol. Excluiu-se a literatura cinzenta, os quais contemplam cartilhas, dissertações e teses. Após a finalização da seleção, realizou-se leitura na íntegra dos artigos para extração dos principais resultados, os quais corresponderam a pergunta da revisão. Para maximizar a recuperação de evidência científicas, enfocar a temática do estudo e evitar a realização de buscas desnecessárias, optou-se pela busca manual nas referências bibliográficas dos artigos selecionados, tencionando maior precisão quanto aos resultados da pesquisa. Utilizou-se um quadro sinóptico para análise e síntese dos resultados da revisão. A síntese do conhecimento adquirido por meio da revisão foi balizada com recomendações para a prática clínica com idosos. Resultados e Discussão: Identificou-se 14 artigos na base de dados BVS, as quais 11 artigos foram excluídos após a leitura do título e resumo. Na leitura dos artigos na íntegra, incluiu-se apenas 2 artigos. Na busca manual identificou-se 3 artigos após a leitura na íntegra. Assim, a amostra final foi de 5 artigos.1-5 Dois (40%) artigos de informação, 1 (20%) utilizou a correspondência eletrônica, 1 (20%) artigo utilizou questionário online para identificação do impacto provocado pelo isolamento social e 1 (20%) editorial. Todos os artigos selecionados expuseram o impacto da pandemia de COVID-19 na saúde mental dos idosos.1-5 Mais precisamente, dois artigos apresentaram sobre o impacto da saúde mental dos idosos,2,5 enquanto apenas um artigo expõe sobre o impacto no serviço de assistência a esses idosos,3 impacto pelo risco de solidão1 e impacto na possível piora dos sintomas psiquiátricos já existentes em idosos.4 Todos os artigos foram publicados no ano de 2020, o que infere a saúde mental como uma consequência da pandemia. As evidências confirmam que o isolamento social entre os idosos ativos e saudáveis tem conduzido a sentimentos negativos como incerteza, impotência pela falta de controle da situação no contexto de pandemia, o medo relacionado a estar incluso no grupo de risco, angústia, tristeza e preocupação de contaminação das pessoas próximas ou entes queridos.2 Embora, grande número de idosos esteja ciente da situação, foi identificado que as pessoas mais velhas apresentam maior risco de solidão,1 os quais normalmente levam à depressão e o consumo excessivo de álcool e/ou tabaco. A redução significativa de encontros familiares no domicílio ou encontro com amigos em espaços públicos foi um dos aspectos mais relevantes nas perspectivas dos estudos. Assim, o impacto social dos idosos é de grande relevância no contexto atual. Ademais, a suspensão de encontros de grupos de idosos ocasionou maiores riscos de crises emocionais impactando no desânimo para se alimentar e nas perdas de apetite.3 Deste modo, o isolamento social conduziu a sintomas depressivos amplamente expressos no hábito de alimentar-se de modo saudável, despertando para processos patológicos. Outro impacto identificado na revisão foi a suspensão da continuidade do cuidado nos serviços de saúde, tendo em vista a baixa procura por assistência médica pela população idosa. Na China, por exemplo, os idosos com distúrbios psiquiátricos tiveram dificuldade de ir às consultas periódicas no ambulatório em virtude das restrições ao transporte público, comprometendo a continuidade do seu tratamento no que se refere a obtenção dos medicamentos e avaliação periódico do seu quadro de saúde.4 Ou seja, as medidas preventivas de disseminação do vírus estão impactando na acessibilidade à saúde, inviabilizando a continuidade do tratamento e/ou monitoração das doenças. Pode-se afirmar que a ausência deste controle de saúde pode estar impactando no processo de envelhecimento saudável despertando processos patológicos nos idosos. Deste modo, acredita-se que a identificação ou monitoramento dos idosos por meio de tecnologias remotas e/ou visitas domiciliares por equipes de saúde pode ser uma estratégia de intervenção ao idosos, principalmente para minimizar o impacto na saúde mental provocados pelo isolamento. Além disso, cabe aos profissionais estimular que familiares de idosos mantenham os vínculos afetivos e laços sociais para essa população mais vulnerável.3,5 Destaca-se que não foi identificado aspectos referentes a condições econômicas nos idosos, mesmo sabendo que existem muitos idosos aposentados que ainda atuam no mercado de trabalho. A limitação do estudo está relacionada com o tipo metodológico, entretanto, buscou-se inserir não apenas estudos brasileiros na amostra. Considerações finais: O número reduzido de artigos selecionados pode estar atrelado a temática, mas também pela associação entre impacto e consequências à pandemia na saúde do idoso. Contudo, percebe-se que a temática é extremamente relevante na atualidade, haja vista a quantidade exponencial de idosos com risco de mortalidade após a infecção pelo vírus. Nesse contexto atual é necessário reflexões para identificar e intervir no impacto ocasionado pela pandemia na população idosa. Todos os estudos sinalizam e identificam a saúde mental como um dos principais impactos à saúde do idoso, tendo em vista o isolamento social necessário para evitar a disseminação do SARS-Cov-2. No entanto, também foi identificado os aspectos patológicos e sociais oriundos da descontinuidade do cuidado à doenças crônicas pré-existentes e do distanciamento dos familiares e amigos. Cabe aos profissionais da saúde adotar medidas de identificação e monitoramento psicológico e psiquiátrico dos idosos, visando dar continuidade ao cuidado à pessoa idosa. Sugere-se outros estudos clínicos que enfoquem em intervenções ou ações que minimizem tais impactos identificados nesta revisão.