REINVENÇÕES NA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA PANDEMIA DA COVID-19: EXPERIÊNCIAS E COMPETÊNCIAS NOS MUSEUS DA ENFERMAGEM
Resumo
REINVENÇÕES NA EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA NA PANDEMIA DA COVID-19: EXPERIÊNCIAS E COMPETÊNCIAS NOS MUSEUS DA ENFERMAGEM
Mayra Raquel Fantinati dos Reis[I]
Davi Milleli Silva[II]
Fernanda Batista Oliveira Santos[III]
Maria Angélica de Almeida Peres[IV]
RESUMO EXPANDIDO
Introdução: Ao emergir como crise de saúde pública no final de 2019 e início de 2020, a COVID-19 (Coronavirus desease) despontou como protagonista de uma pandemia em todo o mundo. Após a explosão, primeiramente, de casos no continente asiático e, posteriormente, na Itália, os primeiros casos da doença começaram a ser reportados em solo brasileiro. Como consequência, os estados brasileiros foram decretando medidas de isolamento social, o que provocou impacto no comércio, educação, saúde e mobilidade urbana. Instituições públicas e privadas precisaram reorganizar suas estruturas para poderem prestar serviços à população que se tornou mais restrita às suas residências. Neste sentido, os projetos de extensão universitária, componentes indissociáveis do ensino e pesquisa, responsáveis por integrar universidade e comunidade propiciando trocas potentes entre conhecimento popular e científico, também viram a necessidade de se reorganizarem e manterem as suas máximas extensionistas.1 No âmbito da enfermagem, a extensão permite aos estudantes o desenvolvimento de habilidades e competências que são essenciais à formação do futuro enfermeiro, como o estímulo ao olhar contextualizado, crítico e reflexivo. Sabe-se que os contextos nos quais se encontram os seres humanos são determinantes vitais para o seu cuidado, relevando aspectos históricos, culturais e políticos que fazem destes seres sociais.2 Considerando estas premissas, os projetos de extensão “Visita guiada: o Centro de Memória da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais de portas abertas” (CEMENF/EEUFMG) e “Caminhando na história da saúde: trajetória e memória da Escola de Enfermagem Anna Nery da Universidade Federal do Rio de Janeiro (EEAN/UFRJ)” estruturaram uma “Capacitação Virtual em História da Enfermagem” tendo como público alvo professores e alunos interessados nesta temática. Esta demanda foi evidenciada nas visitas guiadas aos espaços museográficos do CEMENF e EEAN, oferecidas à escolas públicas e privadas de Minas Gerais e Rio de Janeiro, respectivamente. Além disso, tal capacitação configurou-se como uma das estratégias para garantir a continuidade das atividades de extensão universitária no período de isolamento social.3 Objetivo: Relatar a experiência discente de participação na construção do ensino em história da enfermagem por meio de uma capacitação virtual no período de isolamento social provocado pela pandemia da COVID-19 em especial nos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro. Metodologia: Relato de experiência de caráter descritivo. A vivência foi de dois estudantes do curso de graduação em enfermagem, um deles da EEUFMG e o outro da EEAN/UFRJ, ambos bolsistas de extensão universitária. Estes participaram da construção de uma capacitação em história da enfermagem para professores, estudantes, pesquisadores da área e demais interessados. As atividades ocorreram no período de abril a junho de 2020 por meio das plataformas digitais do Instagram e E-mail, com o fim de promover o debate acerca do processo de ensinar história da enfermagem, orientar bases teóricas e conceituais, propiciar técnicas didático-pedagógicas e instrumentos/metodologias ativas para o uso na prática docente. Resultados e Discussão: A “Capacitação virtual em História da Enfermagem” foi elaborada mediante um diagnóstico de demanda do público-alvo dos dois projetos de extensão de visitas guiadas aos espaços museográficos, apontando a necessidade de educação continuada nesta temática. O grupo de trabalho contou com 15 estudantes de graduação dos dois estados (MG e RJ); dois bolsistas, sendo um de cada projeto; duas docentes, pesquisadoras de História da Enfermagem e responsáveis pelos projetos de extensão; e a Associação Brasileira de Enfermagem Seção Minas Gerais (ABEn-MG). O objetivo inicial era ofertar a capacitação para professores de História da Enfermagem que já haviam participado de alguma atividade dos projetos extensionistas das respectivas universidades e constavam no banco de dados das instituições. Estes compunham um grupo de 21 professores do CEMENF/UFMG e 19 do Museu da EEAN/UFRJ. Entretanto, devido à solicitação de estudantes, funcionários técnico-administrativos e outros interessados na temática, a capacitação foi estendida também para estes outros públicos. Os extensionistas, supervisionados pelas docentes, foram responsáveis por desenvolverem as atividades de contato com os inscritos para a capacitação; organização das lives transmitidas via Instagram @ufmgcemenf e @museudaescolannanery; produção de material instrucional para propiciar o uso de metodologias ativas nas aulas de História da Enfermagem. Dessa maneira, os estudantes mantiveram contato direto com todos os participantes para dinamizar as atividades e manter uma aproximação entre grupo organizador e público inscrito, o que foi essencial para alcançar o êxito da capacitação e para propiciar a aproximação destes extensionistas com a competência da comunicação. Para tanto, um formulário de inscrição Google Forms foi elaborado pelo grupo de trabalho com perguntas direcionadas aos participantes sobre as dificuldades enfrentadas no ensino e aprendizagem em História da Enfermagem. Os bolsistas puderam observar de maneira mais próxima as principais dificuldades dos docentes e demandas dos alunos relacionadas ao ensino da História da Enfermagem. Ao total foram contabilizadas 132 inscrições. As Tais questões levantadas no formulário de inscrição confirmaram a demanda reprimida por capacitação em História da Enfermagem; apoiaram a criação de temas que abordaram as principais queixas dos participantes e foram sendo tratadas ao longo da capacitação por meio das transmissões ao vivo e também respaldaram a elaboração dos materiais didáticos. Ao decorrer da capacitação ocorreram um total de quatro lives ofertadas pelas duas docentes responsáveis da UFMG e UFRJ e por outras duas pesquisadoras da UFRJ/Campus Macaé e da Universidade Federal de Santa Catarina. As lives contaram não só com os participantes inscritos, mas também com o público em geral, não programado, pois as transmissões eram livres para o acesso e podiam acontecer com um número ilimitado de ouvintes, socializando o conhecimento em História da Enfermagem, potencializando a troca entre a universidade e a comunidade.4 Os materiais didáticos elaborados pelos extensionistas, com base em metodologias ativas de ensino, que oportunizam aos estudantes a aproximação com competências como autonomia e protagonismo na construção do saber, contribuindo para a formação de profissionais humanísticos, críticos e formadores de opiniões.5 Com o decorrer da capacitação e o alcance das atividades, as mídias sociais dos respectivos centros de memória foram alcançadas por diferentes grupos e unidades federativas para além de MG e RJ, como norte e nordeste do país regiões sabidamente menos privilegiadas no acesso à educação. Desse modo, novos caminhos para a construção da extensão universitária durante a pandemia da COVID-19 foram sendo abertos com novos projetos e parcerias que foram sendo firmadas, como o convite às docentes para oferta da capacitação para os estados de Tocantins, Maranhão e Santa Catarina, com o apoio das regionais da ABEn. Assim, os extensionistas perceberam ainda a importância da parceria feita com uma instituição de tamanha credibilidade como é considerada a ABEn, pois esta funcionou como um elo para a democratização do ensino em enfermagem para além das fronteiras da região sudeste. Considerações finais: A criação da Capacitação Virtual em História da Enfermagem, pelos projetos de extensão, foi uma resposta às necessidades que se desencadearam devido ao isolamento social causado pela pandemia da COVID-19. A iniciativa uniu a tecnologia ao pensar científico em prol de cumprir com a sua máxima extensionista de fazer a universidade apoiar a sociedade em suas necessidades. Tal plano foi construído coletivamente no seio da necessidade atual juntamente às necessidades da construção do ensino da História da Enfermagem. Os resultados evidenciam que os alunos estudantes adquirem mais experiência por meio da aproximação com competências essenciais na formação do enfermeiro, haja vista o potencial transformador da extensão, o que certamente refletirá positivamente na atuação desses futuros profissionais.
Descritores: História da Enfermagem; Museus; Covid-19; Relações Comunidade-Instituição; Redes Sociais Online.
Eixo temático: Extensão.
Financiamento: Programa de Bolsas de Extensão (PBEXT-UFMG)/Rede de Museus e Programa de Fomento às Atividades de Extensão (PROFAEX-UFRJ).
REFERÊNCIAS:
- Araújo DC, Souza CR, Faria MS, Sousa FR, Caneschi JA, Garcia, MA. A experiência de estudantes de enfermagem atuantes em projetos de extensão universitário. Anais Simpac [Internet]. 2017 jan/dez [acesso em 2020 jul 22]; 9(1). Disponível em: https://academico.univicosa.com.br/revista/index.php/RevistaSimpac/article/view/809/926
- Strieder R, Nogaro A. No controverso desafio da educação inclusiva: Um convite para pensar a complexidade humana. Revista Portuguesa de Educação [Internet]. 2016 [acesso em: 2020 jul 22]; 29(1): 51-73. Disponível em: http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0871-91872016000100004
- Ferreira PB, Suriano MLF, De Domenico EBL. Contribuições de extensão universitária na formação de graduandos em Enfermagem. Rev. Cienc. Ext [Internet]. 2018 [acesso em: 2020 jul 22]; 14(3): 31-49. Disponível em: https://ojs.unesp.br/index.php/revista_proex/article/view/1874/2080
- Albrecht E, Bastos ASAM. Extensão e Sociedade: Diálogos Necessários. Em Extensão [Internet]. 2020 [acesso em: 2020 jul 22]; 19(1): 54-71. Disponível em: http://200.19.146.79/index.php/revextensao/article/view/53428/29041
- Lopes DMMN. As metodologias ativas como potencializadoras do processo de aprendizagem e da promoção do protagonismo juvenil [Trabalho de Conclusão de Curso] [Internet]. Universidade Federal do Rio Grande do Norte; 2019. [acesso em: 2020 jul 22]. Disponível em: https://monografias.ufrn.br/jspui/bitstream/123456789/10627/1/TCC.pdf
[I] Estudante de graduação, bolsista de Extensão do projeto “Visita Guiada: O CEMENF de portas abertas”, Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais, mayrafanreis@gmail.com
[II] Estudante de graduação, bolsista de Extensão do projeto “Caminhando na História da Saúde: Trajetória e Memória da Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ”, Escola de Enfermagem Anna Nery, davimilleli@gmail.com
[III] Professora do Departamento de Enfermagem Básica, Escola de Enfermagem, Universidade Federal de Minas Gerais, fernandabosufmg@gmail.com
[IV] Professora do Departamento de Enfermagem Fundamental, Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro, angelica.ufrj@uol.com.br
