PELO DIREITO À DIFERENÇA CULTURAL: DESAFIOS PARA A INSERÇÃO DE ALUNOS INDÍGENAS NA UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL
Palavras-chave:
Ensino intercultural, Interculturalidade, Giro decolonialResumo
Esta pesquisa busca investigar a necessidade que pessoas indígenas ingressantes em cursos de graduação na Universidade Federal da Fronteira Sul — campus Laranjeiras do Sul têm de auxílio para a interpretação e produção de textos acadêmicos em Língua Portuguesa. Tal público, portanto, integra a Monitoria Intercultural dos Povos Indígenas da UFFS para a apropriação do uso da Língua Portuguesa, visando a realização de atividades acadêmicas desses sujeitos. Desse modo, este trabalho busca abordar a importância de políticas públicas voltadas à promoção do acesso e da permanência de alunos indígenas no Ensino Superior brasileiro, considerando, nesse processo, um modelo de ensino intercultural, que respeite as especificidades desses estudantes no ambiente acadêmico, sobretudo por comporem um grupo de sujeitos marginalizados. Nesse sentido, o objetivo deste estudo é identificar os maiores desafios que tais alunos encontram ao estudarem em uma Instituição de Ensino Superior no Brasil e de que forma esses desafios se relacionam com a diferença cultural — nos diversos modos de se apreender o mundo, de portar-se e de externalizar-se diante dele, o que inclui, naturalmente, o uso de uma língua diferente da Portuguesa — existente entre esses alunos indígenas. Com isso, busca-se pensar (ou ao menos apontar para a necessidade de) ações que visem à estruturação de uma universidade mais acolhedora e preparada para as necessidades acadêmicas de tais estudantes, que estão relacionadas à aquisição de habilidades necessárias para a realização de atividades leitoras e de escrita acadêmica em Língua Portuguesa no Ensino Superior. Para esse fim, utilizou-se, durante o estudo, como aporte teórico, artigos científicos que abordam a questão da interculturalidade na universidade (Nascimento, Vieira, Urquiza, 2024; Câncio, Câncio, 2024) e o conceito de giro decolonial (Ballestrin, 2013; Maldonado-Torres, 2008) para contribuir com a busca de valorização de formas de conhecimento que vão além do eurocentrado — que valorizem, pois, os conhecimentos construídos por outros povos, como os originários da América Latina, por exemplo —. Intenciona-se, também, relacionar estudos sobre o modelo de ensino intercultural com experiências construídas com a Monitoria Intercultural dos Povos Indígenas na UFFS Laranjeiras do Sul, que tem como objetivos específicos adquirir conhecimentos específicos para elaboração e interpretação de enunciados em língua portuguesa; desenvolver estratégias de aprimoramento de texto escrito; promover a refacção de textos acadêmicos que destoem da norma culta da língua portuguesa; e desenvolver a apropriação progressiva de gêneros acadêmicos. Para alcançar esses objetivos, fez-se pesquisa documental, qualitativa, somada a um levantamento bibliográfico, com observação participante. Por fim, este trabalho se soma a outros que buscam pensar possibilidades de democratizar o acesso e permanência no Ensino Superior e diminuir as desigualdades que há entre pessoas pertencentes a diferentes grupos sociais no Brasil. Desse modo, sinaliza-se a necessidade de estudos futuros que explorem mais profundamente essa problemática e sobretudo que pense em políticas que possam ser postas em prática a fim de mitigar o problema de inclusão de alunos indígenas e de aceitação de suas culturas no ambiente universitário brasileiro.