BASES E MEIOS PARA PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL

Autores

  • Guilherme Rodrigues Bruno UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL
  • Esthela Jaqueline Pontes de Medina

Palavras-chave:

Planejamento Urbano e Regional., Tecnologias., Métodos Alternativos.

Resumo

O estado da arte das tecnologias envolvidas nos processos de planejamento urbano e regional encontra-se num estágio crucial. Basicamente, as diferentes esferas de dados e informações digitais, em âmbito público ou privado, acessíveis, restritas ou ocultas, se destinam, de algum modo, ao controle social, nisso incluso, o futuro dos territórios nacionais, estaduais, municipais ou regionais. Trata-se de uma disputa geopolítica, onde o pleno domínio dos dados definiria a condição de autonomia dos agentes, no limite, se colonizados ou colonizadores. Contudo, ainda é possível perguntar se o domínio digital realmente se reproduz sobre as coisas, cidades e regiões inclusas? Independente da resposta, a formação de planejadores e projetistas urbanos acompanha se divide, entre o fascínio diante das telas digitais e o ceticismo quanto a própria capacidade de intervir efetivamente no mundo real. Nesse sentido, o presente projeto de monitoria recuperou técnicas de Planejamento Estratégico, propostas no início dos anos 1980, como o Diagrama de Hierarquização de Problemas e a Tabela de Compatibilidades e Conflitos, adicionando a elas instrumentos das chamadas “metodologias ágeis”, como o Diagrama de Ishikawa e o Filtro dos Cinco Porquês, com o intuito de demonstrar meios para o tratamento participativo de dados não estruturados. É verdade que aperfeiçoamentos didáticos poderiam ter dado maior consistência a essa parte da experiência, por exemplo, integrando as atividades em um projeto de extensão, onde partes da população alvo do hipotético plano desenvolvido, poderiam efetivamente ser consultadas. Porém, o contraste, entre o flagrante desinteresse, senão a total incompreensão, quanto à finalidade do que estava sendo feito, em comparação com o envolvimento nas etapas da mesma disciplina onde os meios digitais reapareciam, nominadamente com os softwares QGIS e Autodesk Forma, revelam um problema concomitante não apenas na transmissão, mas na recepção do conteúdo. Aparentemente, a estranha pergunta sobre por que se deveriam investigar meios de consultar as pessoas comuns num processo de planejamento, não parece encontrar resposta suficiente entre os estudantes. Para todos os efeitos, subsiste entre eles o inabalável entendimento de que a manipulação dos dados e ferramentas digitais seriam supersuficientes para a tarefa. Na prática, as atividades da monitoria se voltaram para a digitalização de livros “antigos”, às vésperas de ser completamente esquecidos em sebos e bibliotecas, bem como obras nunca editados no Brasil e que, portanto, nem chegaram a compor a memória em torno do escopo. Também houve acompanhamento das aulas ministradas, com incentivo à reprodução dos métodos propostos, bem como sugestões de seu aperfeiçoamento futuro. Do conjunto da experiência, resta a percepção de que a relação entre meios e objetos, no âmbito do Planejamento Urbano e Regional, ainda tem um longo caminho a percorrer, em paralelo a mudanças ambientais e institucionais igualmente disruptivas. Não é apenas o trabalho do planejador que se virtualiza, a própria realidade social parece escorregadia, como se a apreensão da realidade estivesse pixelada e, consequentemente, inacessível à intervenção humana. Ao professor, como sempre, resta adaptar-se, se possível, criticamente, se não, criativamente, mas sempre o mais próximo possível das novas gerações, no que a monitoria é imprescindível.

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Publicado

21-08-2025