Desafios na Implementação da Monitoria Indígena na Universidade
Palavras-chave:
Monitoria, Permanência; IndígenasResumo
A implementação da monitoria indígena nas universidades representa uma ação afirmativa voltada à permanência e ao sucesso acadêmico de estudantes indígenas no ensino superior, apesar da relevância dessa iniciativa, sua prática enfrenta obstáculos que comprometem seu alcance e eficácia. Este relato busca refletir sobre os principais desafios enfrentados no desenvolvimento da monitoria indígena, especialmente no engajamento dos estudantes e na superação de dificuldades acadêmicas, como o uso de ferramentas tecnológicas e a interpretação de textos. A monitoria foi idealizada como um espaço de apoio pedagógico e intercultural, reconhecendo as especificidades socioculturais dos estudantes indígenas e contribuindo para um percurso acadêmico mais inclusivo. Um dos problemas mais recorrentes tem sido a baixa participação nas atividades propostas, como oficinas, reuniões e atendimentos presenciais. Apesar dos esforços da equipe em organizar encontros periódicos e propor dinâmicas acessíveis, a adesão tem sido reduzida ou inexistente. A ausência de procura por ajuda limita o apoio pedagógico e dificulta a construção de estratégias eficazes, esses desafios evidenciam a necessidade de repensar as práticas de acompanhamento, é fundamental que a monitoria seja constantemente reavaliada para atender, de forma sensível, às realidades desses alunos. Embora represente um passo importante rumo à equidade no ensino superior, a eficácia da monitoria depende da superação de barreiras institucionais, culturais e comunicacionais. Um dos principais obstáculos está na falta de diálogo entre os saberes acadêmicos e os conhecimentos tradicionais. Muitas propostas pedagógicas não consideram as formas próprias de aprendizagem dos estudantes indígenas, o que pode gerar distanciamento. Para cumprir seu papel de mediação intercultural, é necessário que os monitores atuem com sensibilidade cultural e que as atividades sejam construídas em diálogo com os estudantes, respeitando suas identidades, línguas e modos de vida. Outro desafio significativo é o uso das tecnologias, muitos estudantes vêm de comunidades com acesso limitado à internet, o que compromete sua familiaridade com plataformas digitais. A ausência de ações voltadas à formação tecnológica intensifica o sentimento de exclusão e dificulta o desempenho acadêmico. É urgente a criação de oficinas de capacitação digital que respeitem seus ritmos e contextos socioculturais. Além disso, o suporte institucional oferecido é, muitas vezes, insuficiente. A monitoria carece de infraestrutura, recursos financeiros e reconhecimento para desenvolver suas ações com qualidade. A descontinuidade das políticas de apoio contribui para a desmotivação de monitores e estudantes. As universidades devem assumir um compromisso efetivo com a permanência indígena, todavia a monitoria indígena tem papel fundamental na promoção da equidade no ensino superior, mas sua eficácia depende de ajustes e deveres institucionais para uma monitoria transformadora. Por fim, a comunicação é decisiva, a falta de divulgação eficaz e de escuta ativa faz com que muitos estudantes não se sintam à vontade para participar, canais permanentes de diálogo, rodas de conversa e escutas individualizadas, podem aproximar os estudantes e favorecer a construção coletiva de soluções. Repensar práticas, reconhecer os saberes indígenas e investir em formação intercultural e infraestrutura são passos essenciais para transformar essa ação afirmativa em uma ferramenta potente de apoio, pertencimento e sucesso acadêmico.