INDUÇÃO DE RESISTÊNCIA À PODRIDÃO MOLE EM PÓS-COLHEITA DE MORANGO

  • Francine Spitza Stefanski Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Alessandra Gallina
  • Michele Fochesatto
  • Deivid Sacon
  • Paola Mendes Milanesi

Resumo

1 Introdução/Justificativa

Uma das principais doenças que ocasionam perdas em pós-colheita de morango é a podridão mole, cujo agente causal é Rhizopus spp. Por ser consumido in natura, as doenças podem depreciar comercialmente os frutos, elevando os custos de produção com medidas de controle (KIMATI et al., 2005).

Nisso, a exploração da bioatividade de compostos do metabolismo secundário de plantas, pelo extrato bruto ou óleo essencial, apresenta-se como uma forma para controle de doenças, aliada a indução de resistência, podendo inibir o crescimento micelial dos patógenos e induzir fitoalexinas (SCHWAN – ESTRADA, 2009).

 

2 Objetivos

Verificar o efeito de concentrações dos extratos aquosos de alecrim e gengibre, e do ácido salicílico, sobre o crescimento micelial de Rhizopus stolonifer, e avaliar se estes atuam como elicitores, induzindo resistência pela produção da fitoalexina faseolina.

 

3 Material e Métodos/Metodologia

O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Fitopatologia da UFFS – Campus Erechim. Folhas de alecrim (Rosmarinus officinalis) e o rizoma do gengibre (Zingiber officinale) foram secos em estufa de circulação de ar forçada e triturados em moinho de facas (peneira 20 mm). Para obtenção do extrato bruto aquoso (EBA) 10%, o pó resultante foi misturado com água destilada em liquidificador industrial por 5 min e filtrado em papel filtro quantitativo para a separação dos resíduos sólidos. Para constituição dos tratamentos, o EBA foi diluído em 5, 10, 15 e 20%. Como tratamento adicional foi utilizado o ácido salicílico (AS; 2 mM) e como testemunha, apenas água destilada. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado.

Crescimento micelial: o EBA e o AS, nas concentrações supracitadas, foram diluídos em meio batata-dextrose-ágar (BDA), que foi posteriormente autoclavado. O meio foi vertido em placas de Petri e após, foram transferidos discos de 5 mm de diâmetro contendo micélio e esporos de Rhizopus stolonifer. Foram utilizadas seis repetições por tratamento. As placas foram incubadas em BOD a 25 °C e fotoperíodo de 12 horas. A taxa de inibição do crescimento micelial (ICM, %) foi calculada pela fórmula: ICM = [(crescimento na testemunha - crescimento no tratamento Y)/ crescimento na testemunha] x 100.

Indução da fitoalexina faseolina: esse bioensaio foi realizado com hipocótilos estiolados da cultivar de feijão ‘IPR-Tuiuiu’, conforme metodologia preconizada por Dixon et al. (1983). Foram utilizadas quatro repetições por tratamento.

Análise estatística: após análise de variância (p≤0,05), se significativos, os fatores qualitativos foram comparados pelo teste de Scott-Knott (p≤0,05), enquanto os quantitativos, foram submetidos à análise de regressão polinomial, por meio do software estatístico SISVAR versão 5.6.

 

4 Resultados e Discussão

  A inibição do crescimento micelial (ICM, %) de Rhizopus stolonifer apresentou efeito significativo para todas as concentrações e o tempo (horas), respectivamente, para o EBA de gengibre (Tabela 1), e para as concentrações 10 e 20% do EBA de alecrim (Figura 1). Os resultados obtidos corroboram os de Bernardo et al. (2015), pois os extratos apresentaram comportamento dose-dependente.

Figura 1. Índice de crescimento micelial (ICM %) de Rhizopus stolonifer em função da concentração (5, 10, 15 e 20%) dos extratos aquosos de alecrim (A) e gengibre (B), e de ácido salicílico (AS; 0,02%) (C) em função de diferentes tempos (h) de incubação. Erechim, 2018.

Tabela 1. Equações, coeficiente de determinação (R2) e probabilidade (Pr>Fc) para a inibição do crescimento micelial (ICM, %) de Rhizopus stolonifer, exposto aos tratamentos (TRAT.) com extratos aquosos de alecrim e gengibre, e ao ácido salicílico (AS), em diferentes concentrações (5, 10, 15 e 20 e 0,02%, respectivamente) e tempos (h) de incubação.

 

Figura 2. Indução de faseolina em hipocótilos de feijão tratados com extratos aquosos de alecrim, gengibre e ácido salicílico (AS), em diferentes concentrações (5%, 10%, 15%, 20% e 0,02%, respectivamente). Erechim, 2018.

Mesmo com baixas concentrações, o uso dos extratos de alecrim e gengibre proporcionou um maior acúmulo de faseolina em comparação com o AS (Figura 2). Similarmente, Blume et al. (2011) verificaram que o extrato aquoso de guaco acumulou mais faseolina que a testemunha positiva (acibenzolar-S-metil), porém não apresentou um comportamento dose-dependente, conforme observado para o extrato de gengibre no presente trabalho.

 

5 Conclusão

O EBA de gengibre apresenta maior potencial de controle de Rhizopus stolonifer e o EBA de alecrim é mais eficiente na indução de compostos de defesa.

 

Referências

BERNARDO, R. et al. Atividade fungitóxica in vitro de extratos vegetais sobre o crescimento micelial de fungos fitopatogênicos. Scientia Agraria Paranaensis, Marechal Cândido Rondon, v. 14, n. 2, p. 89-93, 2015.

BLUME, E. 12494- Indução de faseolina em Phaseolus vulgaris L. por diferentes concentrações de extrato de guaco (Mikania glomerata S.). Cadernos de Agroecologia, [S.l.], v. 6, n. 2, 2011.

DIXON, R. A. et al. Phytoalexin induction in French bean: intercellular transmission of elicitation in cell suspension cultures and hypocotyl sections of Phaseolus vulgarisPlant physiology, v. 71, n. 2, p. 251-256, 1983.

KIMATI, H. et al. Manual de Fitopatologia: Doenças de Plantas cultivadas. 4. ed. Vol. 2. São Paulo: Editora Agronômica Ceres Ltda, 2005.

SCHWAN-ESTRADA, K. R. F. Extratos vegetais e de cogumelos no controle de doenças de plantas. Horticultura Brasileira, Maringá, v.27, n.2, p. 4038-4045, 2009.

 

Palavras-chave: Fragaria x ananassa; Rhizopus spp.; extratos vegetais; elicitores; fitoalexinas.

 

Financiamento: Edital n.º 322/UFFS/2017 – PROBITI/FAPERGS.

Publicado
14-09-2018