DETERMINAÇÃO DE COBRE POR ESPECTROMETRIA DE ABSORÇÃO ATÔMICA COM CHAMA EM CACHAÇAS E AGUARDENTES ARTESANAIS PRODUZIDAS NO NOROESTE DO RIO GRANDE DO SUL

  • Cristina Ramos Trindade Universidade Federal da Fronteira Sul- Campus Cerro Largo
  • Marlei Veiga dos Santos

Resumo

A cachaça é um produto destilado obtido a partir da cana-de-açúcar, o Brasil produz em média 1,6 bilhões de litros, sendo que 300 milhões são de cachaça artesanal e a maioria é produzida em alambiques de cobre. Apesar da tradição desta bebida, a cadeia produtiva busca aperfeiçoar e padronizar a cachaça para que atenda as exigências do mercado de exportação. Um dos problemas na produção é a contaminação por cobre (Cu), vindo do próprio destilador. A presença de Cu são atribuídas propriedades organoléticas características da cachaça, não obtidas em destiladores de aço inoxidável. Porém, o excesso de Cu pode ser tóxico devido à afinidade do metal com grupos sulfidrilas (S-H) de muitas proteínas e enzimas, sendo associado a várias doenças. Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivo verificar a eficiência do adsorvente Luffa cylindrica para a remoção de Cu de cachaças artesanais. Objetivou-se a remoção parcial do metal de forma que as características sensoriais sejam mantidas e para que a bebida atenda aos teores preconizados pela legislação. Cinco amostras de cachaças artesanais, produzidas na região missioneira situada no noroeste do estado do Rio Grande do Sul, foram obtidas mediante doação. Para a determinação do Cu utilizou-se a técnica de Espectrometria de Absorção Atômica com Chama (FAAS). Das cinco amostras de cachaça artesanais analisadas por FAAS verificou-se que somente uma não atende a legislação brasileira, que estabelece o limite máximo de 5 mg.L-1 de Cu nos destilados alcoólicos. Também verificou-se que apenas uma atende o permitido em se tratando de exportação que é de 2 mg.L-1 de Cu. Ensaios de adsorção foram realizados sob os parâmetros de tempo de agitação e massa do bioadsorvente. Assim observou-se que o tempo teve influência somente nas menores massas (0,125 g e 0,250 g). Verificou-se que a quantidade de 0,750 g de bioadsorvente teve uma maior eficiência de remoção que a de 1,000 g, sendo também o ensaio de menor desvio padrão. Os resultados obtidos demonstram que o estudo com a Luffa cylindrica possibilitou a remoção parcial dos íons Cu2+ de cachaças artesanais produzidas em alambique de cobre. Esta forma de remoção pode ser considerada uma alternativa viável para a obtenção de uma bebida de melhor qualidade, mantendo suas propriedades sensoriais e dentro da legislação. A perspectiva futura é desenvolver um dispositivo, que contenha Luffa cylindrica, para ser inserido no alambique de forma a melhorar a qualidade da cachaça local e torná-la competitiva com as demais.

Publicado
17-09-2018