INTERFERÊNCIA E NÍVEL DE DANO ECONÔMICO DE GUANXUMA EM SOJA EM FUNÇÃO DE CULTIVARES E POPULAÇÕES DA PLANTA DANINHA
Resumo
INTERFERÊNCIA E NÍVEL DE DANO ECONÔMICO DE GUANXUMA EM SOJA EM FUNÇÃO DE CULTIVARES E POPULAÇÕES DA PLANTA DANINHA
MAICO ANDRÉ MICHELON BAGNARA1, CARLOS ORESTES SANTIN2, ELIZABETE ACCORSI2, GISMAEL FRANCISCO PERIN3, LEANDRO GALON4
Introdução
A cultura da soja (Glycine max) é cultivada em praticamente todo território nacional, com produtividade média de 3.364 kg ha-1 (CONAB, 2018). Dentre as inúmeras espécies de plantas daninhas que interferem e causam prejuízos destaca-se a guanxuma (Sida rhombifolia), que além de competir com a cultura ainda hospeda pragas e doenças. Com isso, buscam-se estratégias visando minimizar os prejuízos causados pela interferência da guanxuma na soja e ainda o estudo da possibilidade da redução do uso elevado de herbicidas para controle da mesma.
Objetivo
Testar modelos matemáticos e identificar variáveis explicativas visando determinar o nível de dano econômico de guanxuma na cultura da soja estimados em função de cultivares e de populações do competidor.
Metodologia
O experimento foi conduzido a campo na área experimental da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Câmpus Erechim/RS, no ano agrícola 2017/18. Os tratamentos utilizados foram compostos por cultivares de soja: NS 6909 IPRO, NS 5909, DM 5958 RSF IPRO, Brasmax Elite IPRO, Brasmax Lança IPRO e SYN 1356 IPRO e populações de guanxuma 0,0; 1,5; 3,0; 3.5; 8,5; 15,0; 16,0; 21,5; 22,5; 57,5 e: 0,0; 1,5; 2,5; 3,0; 6,0; 5,5; 9,5; 10,5; 18,0 e 46,5: 0,0; 2,5; 3,5; 7,0; 8,0; 9,5; 11,0; 12,5; 15,0; e 23,5: 0,0; 1,0; 4,0; 5,5; 12,0; 17,5; 18,5; 31,0; 44,0 e 49,5: 0,0; 3,5; 4,5; 6,0; 9,0; 12,5; 17,0; 19,5; 19,5 e 47,0: e 0,0; 2,0; 2,5; 4,5; 8,5; 11,0; 14,5; 17,5; 28,5 e 28,5 plantas m-2 em competição com as respectivas cultivares de soja.
As quantificações das variáveis explicativas foram efetuadas aos 50 dias após a emergência da cultura. Sendo elas: população de plantas - m-2 (PP), cobertura do solo - CS(%), área foliar - AF (cm2 m-2) e massa seca da parte aérea - MS(g m-2) da planta daninha.
Para o cálculo do nível de dano econômico (NDE) utilizou-se as estimativas do parâmetro i obtidas a partir das Equações de Cousens (1985):
NDE =
Resultados e Discussão
Na comparação entre as variáveis explicativas para todas as cultivares de soja, em geral, observou-se maior ajuste ao modelo da hipérbole retangular, as variáveis explicativas, PP e CS por apresentarem valores médios menores do quadrado do resíduo, maiores F e do R².
Ao se analisar o parâmetro i as cultivares que apresentaram menores valores foram: para as variáveis PP e AF Brasmax Elite IPRO e para CS e MS a NS 5909. Demonstrando assim, maior competitividade do que as demais cultivares. Segundo Dieleman et al. (1995) a competitividade relativa é definida com base no parâmetro i, ou seja, quanto menor esse mais competitiva é a espécie.
Os resultados das variáveis PP, CS, AF e MS para a estimativa do parâmetro a, foram inferiores a 100% para todas as cultivares. Indicando assim, que é possível simular de maneira adequada as perdas máximas de produtividade da cultura quando infestada pela guanxuma, fato esse constatado também por Galon et al. (2016) ao trabalharem com feijão do tipo preto infestado por picão-preto.
Os resultados demonstram que as cultivares de soja Brasmax Elite IPRO e NS 6909 IPRO apresentaram os maiores NDEs para a produtividade de grãos e preço da soja. Essas cultivares apresentam maior capacidade de tolerar à infestação da guanxuma. Diferentemente as cultivares SYN 1356 IPRO e DM 5958 RSF IPRO apresentaram os menores valores de NDEs, resultado da baixa competitividade que as mesmas apresentaram ao serem infestadas pela guanxuma (Tabela 1).
Conclusões
O modelo de regressão não linear da hipérbole retangular estima adequadamente as perdas de produtividade de grãos da soja na presença de populações de guanxuma. As cultivares Brasmax Elite IPRO e NS 5909 apresentaram a maior competitividade com a guanxuma. Os maiores NDEs foram obtidos com as cultivares Brasmax Elite IPRO e NS 6909 IPRO.
Tabela 1. Ajustes obtidos para perda de produtividade de grãos de cultivares de soja em função da população de plantas, área foliar, cobertura do solo e massa seca da parte aérea de guanxuma. UFFS, Campus Erechim, 2017/18.
Cultivares
Parâmetros1
R2
QMR
F*
i
a
População de plantas de guanxuma (PP)
NS 6909 IPRO
2,47
54,62
0,60
40,13
54,84
NS 5909
2,74
47,43
0,69
144,80
9,55
DM 5958 RSF IPRO
4,36
49,40
0,85
19,37
120,34
Brasmax Elite IPRO
2,41
32,76
0,62
20,86
60,25
Brasmax Lança IPRO
3,77
64,44
0,89
14,91
249,72
SYN 1356 IPRO
5,35
48,57
0,84
31,73
99,74
Área foliar (AF)
NS 6909 IPRO
0,12
54,71
0,83
26,37
77,24
NS 5909
0,22
42,49
0,90
75,93
23,20
DM 5958 RSF IPRO
0,005
32,41
0,73
34,59
65,65
Brasmax Elite IPRO
0,003
28,41
0,57
25,85
55,36
Brasmax Lança IPRO
0,009
34,59
0,60
82,73
41,72
SYN 1356 IPRO
0,005
43,34
0,70
46,34
80,94
Cobertura do solo (CS)
NS 6909 IPRO
1,14
81,70
0,60
40,13
54,84
NS 5909
0,01
41,43
0,84
24,50
22,29
DM 5958 RSF IPRO
0,04
43,39
0,78
24,85
115,98
Brasmax Elite IPRO
2,14
43,87
0,69
9,83
148,14
Brasmax Lança IPRO
0,08
37,93
0,71
79,27
41,37
SYN 1356 IPRO
0,04
49,27
0,70
39,30
79,76
Massa seca da parte aérea (MS)
NS 6909 IPRO
0,21
25,98
0,94
95,96
19,72
NS 5909
0,04
40,37
0,78
76,03
21,80
DM 5958 RSF IPRO
0,32
28,87
0,74
31,21
73,17
Brasmax Elite IPRO
0,23
23,31
0,68
25,66
60,69
Brasmax Lança IPRO
0,10
44,00
0,77
40,41
89,61
SYN 1356 IPRO
0,32
33,60
0,61
49,04
63,13
1 i e a: perdas de produtividades (%) por unidade de guanxuma quando o valor da variável se aproxima de zero ou tende ao infinito, respectivamente.
Figura 1. Nível de dano econômico (NDE) para cultivares de soja em função da produtividade de grãos (A) e do preço pago a saca (B) em função de populações de guanxuma. UFFS, Campus Erechim, 2017/18.
Palavras chave: Glycine max, Sida rhombifolia, Manejo integrado de plantas daninhas
Fonte de financiamento: PIBITI-CNPq
Referências:
COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO - CONAB. Soja - Brasil. Série Histórica de: área, produtividade e produção. 2018. Disponível em: <http://www.conab.gov.br> Acesso em: 30 jul. 2018.
COUSENS, R. An empirical model relating crop yield to weed and crop density and a statistical comparison with other models. Journal of Agricultural Science, v.105, n.3, p.513-521, 1985.
GALON, L. et al. Interference and economic threshold level for control of beggartick on bean cultivars. Planta Daninha, v. 34, n. 3, p. 411-422, 2016.
DIELEMAN, A. et al. Empirical models of soybean interest (Amaranthus spp.) in soybean (Glycine max). Weed Science, v. 43, n. 4, p. 612-618, 1995.
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Submeto o trabalho apresentado como texto original à Comissão Científica da XVI JIC, o qual apresenta os resultados de subprojeto de pesquisa, e concordo que os direitos autorais a ele referentes se tornem propriedade do Anais da XVI JIC da UFFS.
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