ESTUDO DE INFECÇÕES HOSPITALARES E COMUNITÁRIAS RELACIONADAS AO HOSPITAL REGIONAL DO OESTE EM CHAPECÓ-SC E REGIÃO

  • Heloisa Schatz Kwiatkowiski Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
  • Kassiano Carlos Sinski
  • Hugo Vladimir Noal da Silva
  • Paulo Cesar da Silva
  • Gabriela Gonçalves de Oliveira

Resumo

1 Introdução/Justificativa

A infecção hospitalar é causada por diversos micro-organismos, representados sobretudo por espécies de estafilococos, enterococos e enterobactérias, os quais se tornam dia a dia mais resistentes às terapêuticas disponíveis. É um problema grave, de saúde pública mundial, de difícil solução a curto e médio prazo. Logo em seguida ao descobrimento da penicilina, isolaram-se cepas resistentes como a MRSA (methicillin-resistant Staphylococcus aureus) nos anos 1960. Surgiu também a resistência aos antibióticos betalactâmicos em enterobactérias predominantes dos gêneros Klebsiella, Serratia, Enterobacter, Escherichia, Salmonella, Proteus, Acinetobacter e Pseudomonas. Várias bactérias possuem mecanismos de resistência intrínseca, ou cromossomal às polimixinas, as quais tiveram a retomada de sua utilização nos últimos tempos. Uma grande preocupação é que bactérias mais prevalentes produtoras de carbapenemases como a Klebsiella pneumoniae também possam adquirir os genes de resistência à polimixina. Uma vez que o tratamento ainda segue a associação de ambas classes medicamentosas, e a indústria farmacêutica tem investido menos em desenvolvimento de novos fármacos, se observará infecções de difícil manejo.

2 Objetivos

O objetivo deste projeto foi realizar um estudo epidemiológico em relação às  infecções hospitalares no setor da UTI do Hospital Regional do Oeste (HRO) de Chapecó - SC.

3 Material e Métodos/Metodologia

A metodologia adotada foi estudo ecológico, retrospectivo e quantitativo. O período escolhido para a realização da pesquisa foi de 2015 a 2017. Neste período houve um registro mais fidedigno das infecções pelo setor de Serviço de Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (SCIRAS) do HRO. O setor escolhido foi a UTI, por ser um setor de notificação obrigatória à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Os dados coletados incluíram: idade do paciente, gênero, doença; micro-organismo isolado; uso de dispositivos invasivos; uso de antibióticos; internações anteriores; tempo de internação e genes de resistência. Têm sido acompanhadas as rotinas de trabalho dentro do SCIRAS do HRO, realizado os levantamentos por meio de prontuários e programas de notificação, além de consultas aos registros de exames laboratoriais e rotinas empregadas para a identificação da resistência à polimixina. As culturas foram realizadas com o auxílio do equipamento VITEK 2, os testes de genes de resistência encaminhados ao LACEN-SC e as análises estatísticas com o programa GraphPad Prism 7.04 (ANVISA, 2017).

4 Resultados e Discussão

              Os resultados apresentados até o momento referem-se ao ano de 2015. Dos 189 pacientes infectados com micro-organismos multirresistentes, de todas as faixas etárias,  observou-se um predomínio de indivíduos idosos e adultos (83%), mas com distribuição homogênea entre os gêneros (p<0,001) (Figura 1). Outros estudos têm demonstrado a prevalência de pacientes adultos do sexo masculino com maior propensão a estarem expostos a infecções multirresistentes (Carvalho, et al., 2015; Andrade et al., 2006).

 

Esses pacientes foram submetidos a 704 procedimentos invasivos durante 4,8 semanas (média) em que estiveram internados, com destaque para  ventilação mecânica (26,1%), cateter (25,7%) e sonda (24,8%).  Os sítios primários prevalentes em adultos e idosos, foram: urina (22,8%), swab retal (15,3%), hemocultura (10,6%), aspirado traqueal (20,6%) e outros 30%, se observando  diferença estatística (p<0,05). Observa-se mais uma vez, uma correlação com outros estudos semelhantes (Carvalho, et al., 2015; Andrade et al., 2006). (Figura 2).

Em relação aos microrganismos e os sítios mais prevalentes (n = 137), se observou uma prevalência de Klebsiella pneumoniae (70,1%), seguido por Pseudomonas aeruginosa (15,3%), Escherichia coli (8,8%) e Enterobacter sp (5,8%) isolados a partir da urina, aspirado traqueal e swab retal predominantemente (p<0,0001). Outros serviços de saúde tem relatado alguma diferença em relação à prevalência de micro-organismos, sendo relatada a prevalência de de Staphylococcus sp. coagulase-negativa (36,4%) (Andrade et al., 2006). Carvalho e colaboradores (2015), observaram maior prevalência de Pseudomonas aeruginosa (26,4%), Klebsiella sp. (24,5%) e Staphylococcus aureus (16,9%).

A maior porcentagem de óbitos (64%) foi observada entre os idosos (n = 109), quando se analisou o prognóstico dos pacientes, salientando a importância de um controle rigoroso, sobretudo em pacientes internados no setor de UTI.

5 Conclusão

 Os resultados até o momento demonstram a importância do envolvimento das enterobactérias em infecções multirresistentes com destaque para K. pneumoniae, e seu impacto para a mortalidade sobretudo em indivíduos adultos e idosos, associado às causas prevalentes como doenças crônicas e acidentes automobilísticos. Os esforços têm sido intensificados nos últimos anos, com o objetivo primordial de conscientizar os trabalhadores de serviços de saúde para redução desse importante problema de saúde pública.

 

Referências

ANDRADE, Denise de; LEOPOLDO, Vanessa Cristina; HAAS, Vanderlei José. Ocorrência de Bactérias Multiresistentes em um Centro de terapia intensiva de Hospital Brasileiro de Emergências. Revista Brasileira de Terapia Intensiva,  v. 18, n. 1, p.27-33, 2006.

ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Critérios Diagnósticos de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde – 2017.

CARVALHO, Mágno Rodrigues, et al. Incidência de bactérias multirresistentes em uma unidade de terapia intensiva. Revista Interdisciplinar,  v. 8, n. 2, p.75-85, 2015.

 

Palavras-chave: prevenção e controle, microbiologia, epidemiologia, transmissão.

 

Financiamento: UFFS – EDITAL Nº 398/UFFS/2017.

Publicado
17-09-2018