PREVALÊNCIA DE PACIENTES COM QUADRO DE INTOXICAÇÕES EXÓGENAS AGUDAS, ATENDIDOS EM SERVIÇO DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA DE HOSPITAL GERAL

  • Patricia Aline Vivian Universidade Federal Fronteira
  • Ivana Loraine Lindemann UFFS/PF
  • Julio Stobbe UFFS/PF
  • Jairo Caovilla
Palavras-chave: intoxicações, atendimento de urgência, atendimento de emergência.

Resumo

1. INTRODUÇÃO

Intoxicação é uma manifestação, por meio de sinais e sintomas, dos efeitos nocivos produzidos em um organismo vivo como resultado da interação com substâncias químicas. Logo, as intoxicações exógenas são as consequências clínicas e/ou bioquímicas da exposição a essas substâncias, as quais são encontradas isoladas ou no ambiente. O efeito se produz quando a substância é ingerida, inalada ou absorvida por contato com pele, olhos ou mucosas (SCHVARTSMAN; SCHVARTSMAN, 1999).

As intoxicações podem ocorrer por acidente ou tentativa de suicídio. Crianças, idosos, pacientes hospitalizados e trabalhadores rurais são mais susceptíveis às acidentais(ZAMBOLIM et  al., 2008). As fontes comuns de intoxicação incluem entorpecentes, medicamentos, produtos domésticos, produtos agrícolas, plantas, produtos químicos industriais, substâncias alimentícias e álcool (SCHVARTSMAN; SCHVARTSMAN, 1999; ZAMBOLIM et  al., 2008; SANTOS et al., 2014).

Na criança e no adolescente, a intoxicação por produtos domissanitários corresponde ao dobro da descrita na população geral - 16% contra 8%. A ocorrência por pesticidas agropecuários é de 6,5% em menores de 19 anos e de 7,4% na população geral, fato atribuído à participação dos adolescentes em atividades agrícolas e à significativa utilização de produtos em tentativas de suicídio por esse grupo(JORGE et al., 2010).

A região norte-noroeste do Rio Grande do Sul, grande produtora de grãos, é uma das regiões com maior consumo de agrotóxicos do país. O estado ocupa o quarto lugar em consumo de agrotóxicos no Brasil(SANTOS et al., 2014). Em 2004 a região sudeste registrou 44,7% do total de casos de intoxicação no país e a região sul, 32,2% (JORGE et al., 2010).

Para o atendimento de pacientes com suspeita de intoxicação exógena, deve-se realizar uma avaliação clínica inicial, estabilizar o paciente, reconhecer a toxissíndrome e identificar o agente causal; realizar a descontaminação, administrar antídotos, aumentar a eliminação do tóxico absorvido e realizar o tratamento sintomático (SCHVARTSMAN; SCHVARTSMAN, 1999).

De modo geral, este estudo está sendo importante porque possibilita conhecer o impacto e o perfil dos casos atendidos nas emergências hospitalares, viabilizando a atenção para a adoção de medidas específicas que impactam a melhoria da assistência ao paciente. Atualizar-se sobre os protocolos clínicos utilizados na avaliação do paciente intoxicado se faz necessário.

2. OBJETIVOS

Objetivo geral

Verificar a frequência e descrever características de pacientes atendidos por intoxicação exógena aguda em hospital geral.

Objetivos específicos
  • Descrever o perfil dos pacientes atendidos por intoxicação exógena aguda;
  • Descrever a frequência dos agentes intoxicantes e as causas associadas;
  • Relatar as medidas de primeiros socorros realizadas pelo indivíduo, pessoas próximas e profissionais de saúde;
  • Identificar os sinais e sintomas apresentados pelo paciente logo após a ocorrência e no momento da internação no serviço de urgência e emergência;
  • Verificar a evolução do paciente em relação ao quadro de complicações e sequelas;
  • Realizar mapeamento por localidades com maior incidência de casos de intoxicação.

3. METODOLOGIA

Trata-se de um estudo transversal, que está sendo desenvolvido no Hospital da Cidade de Passo Fundo (HC) e no Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), localizados em Passo Fundo (RS). Estão sendo incluídos pacientes atendidos por intoxicação exógena aguda nos serviços de urgência e emergência (UE) dos referidos hospitais, desde 01 de dezembro de 2016. Os dados estão sendo coletados em prontuário e por meio da aplicação de questionários e referem-se a: perfil do paciente (idade, sexo, cor da pele, situação conjugal, escolaridade, ocupação, renda mensal per capta, local de procedência, local de residência, doenças pré-existentes, medicamentos em uso, consumo de bebida alcolíca, uso de tabaco e/ou substâncias ilícitas); ocorrência (data, local, causas associadas, agente intoxicante, dose e via de entrada, tipo de exposição, sinais e sintomas, primeiros socorros, tempo entre a ocorrência e o atendimento por profissionais de saúde, data de entrada no serviço de UE, forma de chegada ao serviço, sinais e sintomas apresentados, alterações laboratoriais, eletrocardiograma, critério de confirmação; e evolução do paciente (cura sem sequela, cura com sequela, óbito pela ocorrência, óbito por outra causa, perda de seguimento). A cada caso de intoxicação exógena aguda, as equipes dos setores de UE dos hospitais comunicam o grupo de pesquisa que faz o contato com o paciente e/ou familiar para coletar os dados. Os dados estão sendo duplamente digitados em um banco de dados criado no Programa Epidata versão 3.1 e a análise estatística descritiva será realizada no programa Stata versão 11.

4. RESULTADOS PARCIAIS

Os resultados apresentados são parciais, pois a coleta de dados ainda está em andamento, e correspondem aos pacientes incluídos entre 01 de dezembro de 2016 e 03 de julho de 2017. Diante disso, não é apresentada discussão dos mesmos neste momento.

Foram incluídos 124 pacientes no estudo, sendo que a maioria dos casos foi por ingestão de medicamentos (58,8%), seguido de animais peçonhentos (21%) e bebida alcoólica (8%).

Em relação à caracterização dos pacientes, observou-se predomínio do sexo feminino (61,3%) e cor da pele branca (60%). No que se refere às causas, prevaleceu a origem intencional (55%), seguida de acidentes (43%) e acidentes de trabalho (2%).

5. CONCLUSÃO

A equipe de pesquisa conta com a participação de acadêmicos voluntários do Curso de Medicina, organizados em escalas, para contribuir na coleta de dados, diariamente, de forma ininterrupta.

Uma das maiores dificuldades no processo de coleta de dados foi a organização inicial do fluxo junto às equipes de emergência de ambos os hospitais, para a identificação e a comunicação dos casos a serem incluídos no estudo. Para a adequação da logística foi fundamental a participação dos professores médicos que atuam nos hospitais.

Esse estudo esta permitindo conhecer as intoxicações exógenas agudas mais prevalentes e principais procedimentos e antídotos utilizados no processo de desintoxicação.

A possibilidade de desenvolver um protocolo para maior rapidez e segurança nas tomadas de decisão frente ao paciente intoxicado se faz necessário, principalmente direcionado a realidade do que se apresenta nas emergências de nosso município e devidos encaminhamentos.

Pretende-se encerrar a coleta de dados em 30 de novembro de 2017, completando assim um ano, o que possibilitará a identificação de variações sazonais na ocorrência de intoxicações exógenas agudas.

Acredita-se que com todos os dados coletados seja possível atingir plenamente os objetivos do estudo.

Referências

JORGE, M. H. P. M.; LAURENTI, R.; GOTLIEB, S.L.D. Avaliação dos sistemas de informação em saúde no Brasil. Cadernos de Saúde Coletiva, v. 18, n. 1, p. 7-18, 2010.

SANTOS, S. A.; et al. Suicídios e tentativas de suicídios por intoxicação exógena no Rio de Janeiro: análise dos dados dos sistemas oficiais de informação em saúde, 2006-2008. Cadernos de Saúde Pública, v. 30, n. 5, p. 1057-66, 2014.

SCHVARTSMAN, C.; SCHVARTSMAN, S. Intoxicações exógenas agudas. Jornal de Pediatria, v. 75, sup. 2; p.244-50, 1999.

ZAMBOLIM, C. M.; et al. Perfil das intoxicações exógenas em um hospital universitário. Revista Médica de Minas Gerais, v. 18, n. 1, p. 5-10, 2008.

Publicado
20-09-2017