AVALIAÇÃO DO ESPECTRO DE AÇÃO DE BACTÉRIAS PRÉ-SELECIONADAS PARA O CONTROLE DE MACROPHOMINA PHASEOLINA EM DIFERENTES CULTIVARES DE SOJA

  • Pamela Pires Ferst Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Cerro Largo
  • Juliane Ludwig Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Cerro Largo

Abstract

1 Introdução

A soja é uma das culturas mais expressivas para o Brasil, cuja produção, na safra 2016/2017, alcançou patamares próximos aos 114 milhões de toneladas (CONAB, 2017). Sua demanda pode ser limitada pela ocorrência de doenças, cujas perdas variam de 15 a 20%, podendo alcançar 100%.

O fungo Macrophomina phaseolina, agente causal da podridão de carvão na soja, está entre os principais patógenos da cultura (FERREIRA et al., 1979). O fungo é habitante natural do solo (ALMEIDA et al., 2014) e produz microesclerócios, que são a principal fonte de inóculo e que podem permanecer viáveis no solo por longos períodos (ALMEIDA et al., 2001). Os danos desse patógeno são frequentes devido ao fato deste não ser controlado pelo uso de fungicidas nem pela resistência genética utilizadas de forma isolada (REIS et al., 2014). Assim, o controle biológico aparece como uma das formas para reduzir os danos a longo prazo (COOK e BAKER, 1983) ou talvez associado a algum outro tipo de controle.

2 Objetivo

Verificar o comportamento de isolados bacterianos pré-selecionados para o biocontrole de M. phaseolina em diferentes cultivares de soja.

3 Metodologia

A partir dos isolados pré-selecionados por Kotz et al., (2016), foram utilizados os 7 isolados mais eficientes em controlar o patógeno in vitro. As cultivares de soja utilizadas foram BMX Magna, JUPTER, NS 6209, NS 6211, BRS 5601 e BS 1511.

Os isolados bacterianos foram préviamente repicados para placas de Petri contendo meio ágar-nutriente e incubados a 28°C por 48 horas. Em seguida, foi adicionada solução salina (NaCl 0,85%) às colônias formadas. As suspensões foram calibradas em espectrofotometro para OD540=0,5. Para a microbiolização, as sementes foram imersas nas suspensões bacterianas sob agitação, durante 30 minutos, à 10°C. As sementes testemunhas foram imersas somente em solução salina.

A semeadura foi realizada no substrato, em vasos, na casa de vegetação. O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado com quatro repetições. Para inoculação do patógeno, o mesmo foi repicado para placas de Petri e incubado a 24ºC e, após cinco dias, foram depositados palitos esterilizados às placas que foram incubadas por mais dois dias. Posteriormente, os palitos colonizados foram retirados e introduzidos no colo das plantas.

As avaliações de severidade ocorreram aos 21, 28 e 36 dias após a inoculação, sendo avaliadas quanto a incidência de plantas doentes bem como a severidade dos sintomas em cada planta.

Essas avaliações de severidade foram utilizadas para a obtenção da Área Abaixo da Curva de Progresso da Doença (AACPD) de acordo com fórmula proposta por Campbell; Madden (1990).

Decorrido esse período, as notas obtidas na avaliação da severidade foram utilizadas para o cálculo da Área Abaixo da Curva de Progresso da Doença (AACPD) onde:

 

Sendo:

Yi: severidade da doença (nota por parcela em %) na iésima observação;

Yi+1: severidade da doença na época da avaliação i+1;

Xi: tempo (dias) na iésima observação;

Xi+1: época da avaliação i+1;

n: número total de observações

Os resultados foram submetidos à análise da variância pelo teste F (p<0,05) e quando significativos, realizado a comparação de médias ao nível de 5% de probabilidade (p<0,05) pelo teste Scott-Knott utilizando o programa Sisvar.

4 Resultados e Discussão

No que se refere a incidência de plantas doentes, já na primeira avaliação constatou-se que 100% das plantas apresentavam sintomas da doença. Isto deve-se ao fato da inoculação das plantas com micélio, o que caracteriza o uso de material propagativo infectado, foi relatado como fator predisponente para a doença (MICHEREFF, 2005).

Em relação à AACPD, não houve interação entre as diferentes cultivares e bactérias. Quando analisada a AACPD em relação aos isolados bacterianos não foram obtidas diferenças estatisticamente significativas. Já quando comparados os valores de AACPD nas diferentes cultivares, observou-se que as cultivares apresentaram comportamentos distintos quanto à evolução da doença, sendo que a cultivar JUPTER foi a que apresentou menor valor de AACPD, não diferindo estatisticamente das cultivares NS 6211 e BMX Magna. Já a cultivar BS 1511 apresentou o maior valor de AACPD, não apresentando, porém, diferença estatística em relação às cultivares BRS 5601 e NS 6211 (Tabela 1).

Tais resultados são semelhantes aos obtidos por Maringoni e Laureti (1999), que concluíram que diferentes genótipos de feijão comum (Phaseolus vulgaris) quando inoculados com M. phaseolina apresentam diferentes níveis de resistência ao patógeno. Efeito similar também foi observado por Rosa (2006) em diferentes genótipos de guandu (Cajanus cajan) que, apresentaram diferentes graus de resistência quando avaliada a porcentagem de plantas sobreviventes após a inoculação das sementes com esse fungo.

5 Conclusão

As cultivares de soja testadas apresentaram diferentes comportamentos quando inoculadas com M. phaseolina.

Tabela 1. Área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD) em diferentes cultivares de soja, avaliada aos 21, 28 e 36 dias após a inoculação de M. phaseolina, cujas sementes foram microbiolizadas com diferentes isolados pré selecionados para o biocontrole

 

Palavras-chave: Glycine max; podridão de carvão; biocontrole.

Fonte de Financiamento

CNPq

Referências

ALMEIDA, Álvaro M. R. et al. Macrophomina phaseolina em soja. 55 p. Londrina: Embrapa Soja, 2014.

COOK, R.J.; BAKER, K.F. The nature and practice of biological control of plant pathogens. St. Paul: The American Phytopathological Society,1983. 539 p.

MARINGONI, Antônio C.; LAURETI, Renato L. B. Reação de genótipos de feijoeiro comum a Fusarium oxysporum f. sp. phaseoli, Macrophomina phaseolina e Xanthomonas campestris pv. phaseoli, Pesq. agropec. bras., Brasília, v.34, n.4, p.535-542, abr. 1999.

MICHEREFF, Sami J. et al. Ecologia e manejo de patógenos radiculares em solos tropicais. 398 p. Recife: UFRPE, Imprensa Universitária, 2005.

ROSA, Janicéli. Seleção de genótipos de guandu para resistência a Macrophomina phaseolina e esporulação do fungo. 60 f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – Unesp, Campus de Jaboticabal, 2006.

References

ALMEIDA, Álvaro M. R. et al. Macrophomina phaseolina em soja. 55 p. Londrina: Embrapa Soja, 2014.

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MARINGONI, Antônio C.; LAURETI, Renato L. B. Reação de genótipos de feijoeiro comum a Fusarium oxysporum f. sp. phaseoli, Macrophomina phaseolina e Xanthomonas campestris pv. phaseoli, Pesq. agropec. bras., Brasília, v.34, n.4, p.535-542, abr. 1999.

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ROSA, Janicéli. Seleção de genótipos de guandu para resistência a Macrophomina phaseolina e esporulação do fungo. 60 f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – Unesp, Campus de Jaboticabal, 2006.

Published
22-08-2017