TÉCNICAS CONTROLADAS DE MANEJO DE POMARES, NO OESTE CATARINENSE PARA AUMENTAR A PRODUTIVIDADE E QUALIDADE DE FRUTAS: ESPAÇAMENTO DE PLANTIO, ARQUITETURA DAS PLANTAS E MONITORAMENTO DE PRAGAS

  • Adriana Lugaresi Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Alison Uberti Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
  • Jean do Prado Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
  • Jonas Goldoni Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
  • Clevison Luiz Giacobbo Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
Palavras-chave: Rubus sp., vitamina C, clima.

Resumo

1 Introdução

A amoreira-preta (Rubus sp.) pela sua rusticidade e alto poder produtivo é uma ótima opção para diversificação de cultivo a agricultores familiares (RASEIRA; FRANZON, 2012). Além disso, a presença de compostos fenólicos e o poder antioxidante, aumentou a procura desta fruta pelos consumidores (TADEU et al., 2015).

O Sul brasileiro possui uma grande variação no clima, diferenças de altitudes são encontradas em curtas distâncias, gerando microclimas que podem ser favorável ou desfavorável a cultura da amoreira-preta (WREGE; HERTER, 2004). A possibilidade de uso desta cultura no oeste catarinense, será uma excelente alternativa para a melhoria na matriz produtiva e agregação de valor, em especial aos pequenos agricultores-feirantes.

2 Objetivo

O objetivo com este trabalho foi avaliar características agronômicas em quatro cultivares de amoreira-preta no extremo oeste-catarinense.

3 Metodologia

O experimento foi conduzido na área experimental da Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Chapecó, no pomar implantado no ano de 2014. Os tratamentos foram distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado, com cinco cultivares avaliadas: cultivar BRS-Tupy, Cherokee, Xavante e Guarani, com cinco repetições. O espaçamento adotado no plantio foi de 3 m entre linhas e 1,5 metro entre plantas.

As avaliações iniciaram no mês de setembro de 2016, com análise dos estádios fenológicos (início, término e duração da florada e colheita). Foram avaliados teores de sólidos solúveis, através de refratrometria digital e vitamina C, pela metodologia descrita por Jacques-Silva et al. (2001).

Após a colheita foram retiradas cinco folhas do terço médio das plantas para a mensuração da área média da folha, com auxílio de um folharímetro e pesagem para obtenção de massa verde de folha. Posteriormente secas em estufa a 65ºC para obtenção da massa seca.

Os dados obtidos foram submetidos a análise de variância, e quando significativos, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

4 Resultados e Discussão

A floração iniciou com a cultivar Xavante na primeira quinzena de setembro, com menor período de floração, as demais iniciaram após este período estendendo-se até o final deste mesmo mês. Desta mesma forma, a cv. Xavante encerrou seu período de floração no fim do mês de outubro, com duração de 38 dias em média, diferindo-se da cultivar BRS-Tupy, com 63 dias de floração (Figura 1).

As colheitas iniciaram na primeira quinzena de novembro (Figura 1), com antecipação da cv. Xavante, a qual finalizou no início do mês de dezembro. Devido ao curto período de floração, a cv. Xavante apresentou um intervalo entre o fim da floração e o início da colheita, isso relaciona-se com tempo de formação das frutas que é maior que o próprio período de floração.

Cultivares com maior período de colheita se tornam interessantes a produtores, por obterem frutas por um período prolongado. Observa-se na figura 1 que para a região de Chapecó, plantas da cv. Guarani estenderam seu período de colheita, porém sem diferença significativa para as cultivares BRS-Tupy e Cherokee.

Em relação a massa verde de folha e área média de folha, observa-se que as cultivares Cherokee e Guarani apresentaram menor área média da folha (51%) e massa verde de folha (47,6%), comparada à média das demais cultivares. Já em relação a massa seca de folha, observa-se que a cv. Cherokee apresentou 14,5% menos massa seca que a média das demais cultivares. Em relação ao teor de sólidos solúveis frutas da cv. Cherokee foram 14% superior as demais cultivares (Tabela 1). Observa-se que a cv. Cherokee apresentou menor área média da folha, massa verde e massa seca de folha, no entanto, maior concentração de sólidos solúveis. Estes resultados estão interligados quando relaciona-se com a quantidade de água na planta.

Verificou-se que com a maior disponibilidade de água na planta, os frutos obtiveram maior concentração de sólidos solúveis nas frutas, provavelmente isso está relacionado com a quantidade de nutrientes que foram destinados as frutas. Outro fator importante a se destacar é que mesmo a planta apresentando mais água em seus tecidos e menor área média de folha, transportou maior concentração de fotoassimilados para os frutos e não aos tecidos vegetais.

Frutas da cultivar BRS-Tupy apresentaram maiores teores de vitamina C (30,5 mg de ácido ascórbico por 100g1 de fruta) quando comparada a frutas da cultivar Guarani. Isso pode ser explicado pois segundo Pantelidis; Vasilakakis e Manganaris (2007) podem ocorrer grandes variações nos teores de vitamina C em cultivares amoreira-preta.

5 Conclusão

A cultivar Cherokee é interessante pela antecipação na produção e a cultivar Guarani pela maior abrangência do período produtivo, maior tempo para disponibilização das frutas no mercado. A cultivar BRS-Tupy pode ser utilizada como uma forma de incrementar maior quantidade vitamina C na alimentação e a cultivar Cherokee pelo maior teor de ºBrix, pode ser indicada para o consumo in natura.

Figura 1. Avaliação de início, fim e duração de floração e colheita para diferentes cultivares de amoreira-preta. Chapecó-SC, 2017.

Tabela 1: Avaliação de massa verde de folha (MVF) e massa seca de folha (MSF), área média de folha (AMF), sólidos solúveis (SS) e vitamina C em diferentes cultivares de amoreira-preta. Chapecó-SC, 2017.

 

*Letras distintas na coluna diferem entre si significativamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade

Referências

Referências:

JACQUES-SILVA M. C.; NOGUEIRA C. W; BROCH L. C.; FLORES E. M. M.; ROCHA J. B. T.. Diphenil diselenide and ascorbic changes deposition of selenium and ascorbic acid in liver and brain of mice. Pharmacolol Toxicol. v.88, p.119-125, 2001.

PANTELIDIS, G. E.; VASILAKAKIS, M. MANGANARIS, G. A.; et al. Antioxidant capacity, phenol, anthocyanin and ascorbic acid contents in raspberries, blackberries, red currants, gooseberries and cornelian cherries. Food Chemistry, v.102, p.777-783, 2007.

RASEIRA, M. C. B.; FRANZON, R. C. Melhoramento genético e cultivares de amora-preta e mirtilo. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.33, n.268, p.11-20, maio/jun. 2012.

TADEU, M. H., et al. Poda drástica de verão e produção de cultivares de amoreira-preta em região subtropical. Pesquisa agropecuária brasileira, Brasília, v.50, n.2, p.132-140, 2015.

WREGE, M. S.; HERTER, F. G. Condições de clima. In: ANTUNES, L. E. C.; RASSEIRA, do C. B (Ed.). Aspectos técnicos da cultura da amora-preta. Embrapa Clima Temperado, p. 13-16. 2004. (Embrapa Clima Temperado. Documentos, 122).

Publicado
27-08-2017