PRINCIPAIS DOENÇAS QUE AFETAM BOVINOS LEITEIROS PERTENCENTES A AGRICULTURA FAMILIAR DIAGNOSTICADAS NO SUDOESTE DO PARANÁ, BRASIL

  • Jane Karlla Oliveira Matos Prado Universidade Federal da Fronteira Sul. Campus Realeza
  • Alcione Santa Catarina Universidade Federal da Fronteira Sul. Campus Realeza
  • Leonardo Gruchouskei Universidade Federal da Fronteira Sul. Campus Realeza
  • Jucemara Madel Medeiros Universidade Federal da Fronteira Sul. Campus Realeza
  • Fabiana Elias Universidade Federal da Fronteira Sul. Campus Realeza

Resumen

  1. 1. Introdução

 

O agronegócio brasileiro contempla grande parte do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, no ano de 2015 chegou a movimentar R$1,26 trilhão, sendo que deste, R$483,5 bilhões foram oriundos da pecuária (ABIEC, 2016). O Paraná possui uma grande produção leiteira. Destaca-se a região sudoeste, que por sua vez, tem a bovinocultura de leite como principal atividade, sendo a maior produtora de leite do estado, e grande parte da produção se deve a agricultura familiar.

Em bovinocultura de leite tem-se grande preocupação com relação a sanidade dos animais, uma vez que possuem manejo diferenciado, pois são susceptíveis a alterações climáticas, stress, alimentação inadequada, entre outros fatores. Uma das melhores e mais acessíveis formas de diagnóstico de doenças presentes nos rebanhos é o exame necroscópico e histopatológico, pois permite um diagnóstico preciso, muitas vezes, realizados a campo e com baixos custos (PEIXOTO; BARROS. 1998). O procedimento valida os exames clínicos, legitimando ou não diagnósticos ante mortem e a resposta do animal as terapias empregadas (PEIXOTO; BARROS. 1998).

  1. 2. Objetivo

Diagnosticar as principais afecções que afetam bovinos leiteiros pertencentes a agricultura familiar diagnosticadas no Sudoeste do Paraná, Brasil.

 

  1. 3. Metodologia

Para a realização do estudo, foram efetuados exames necroscópicos, histológicos e revisão dos relatórios de necropsia de bovinos leiteiros da região sudoeste do Paraná, pelo Laboratório de Patologia Veterinária da Universidade Federal da Fronteira Sul (LPV-UFFS), campus Realeza-PR no período de abril de 2012 até julho de 2017.

 

  1. 4. Resultados e Discussão

Foram recebidas para exame amostras de 82 bovinos leiteiros. Das análises, 80 casos tiveram diagnósticos conclusivos e 2 casos foram inconclusivos. No estudo de Lucena et al. (2010), o número de casos inconclusivos foi de 2.486 animais de um total de 6.706 bovinos, e atribuído principalmente a exames realizados por veterinários de campo, suspeitando-se de erros de sistemática e observação. De modo contrário, no presente estudo os casos inconclusivos foram poucos e associados ao estado avançado de autólise da amostra.

A idade média dos animais foi de 3,6 anos, variando de 0 (feto) a 12 anos de idade, com predominância da raça holandesa (53%) e Jersey (24%). A prevalência de fêmeas foi maior que a de machos, sendo 84,14% e 15,86% respectivamente, o que é justificável, pois a região é uma das maiores bacias leiteiras do estado, e vacas, bezerras e novilhas constituem a maior parte do rebanho (FACCIN et al., 2015). Além disso, sabe-se por observação a campo que a utilização de inseminação artificial é difundida, não sendo utilizados machos na maioria das propriedades (SCHMITZ; SANTOS, 2013).

As doenças foram categorizadas em grupos, sendo: doenças inflamatórias e/ou infecciosas (43,9%), distúrbios de desenvolvimento (9,75%), doenças causadas por agentes físicos (8,54), intoxicações (7,31%), doenças metabólicas e nutricionais (6,1%), neoplasmas (4,87%), doenças parasitárias (4,88%), outros distúrbios (12,2%) e inconclusivos (2,43%).

As doenças infecciosas e/ou inflamatórias tiveram maior recorrência, destacando-se a peritonite, a reticulo pericardite traumática e a reticulo peritonite traumática. Estas são, na maioria das vezes, decorrente da ingestão de corpos estranhos como pregos e arames, que podem por sua vez perfurar órgãos e causar reticulite, pericardite e peritonite (FACCIN et al., 2015). Do mesmo modo, Lucena et al. (2010) em seus estudos também encontraram essa categoria em maior porcentagem, justificando-se assim, pelos sistemas de criação encontrados na região sul do país, os sistemas extensivos e semi-intensivos, bem como as falhas de manejo sanitário dos animais e as características sociais e econômicas.

Os distúrbios de desenvolvimentos foram o segundo mais prevalente, destacando-se persistência de ducto arterioso e epiteliogênese imperfeita, que são alterações bastante incomuns na bovinocultura.  Nos estudos de Lucena et al. (2010), as intoxicações foram uma das maiores causas de morte em bovinos, causadas principalmente pelo Senecio spp. contudo o presente estudo, não revelou as intoxicações como sendo uma das principais causas, devido ao manejo empregado, que não permite acesso dos animais as plantas tóxicas. A intoxicação pela ingestão de Solanum sp. foi a mais comum, embora a porcentagem de mortes tenha sido baixa.

Os neoplasmas corresponderam a 4,87% das causas de morte, e inclui carcinomas de células escamosas, podendo ou não estar relacionados a intoxicação crônica por Pteriduim sp, Sob o mesmo ponto de vista Lucena et al. (2010), também apontaram a planta ao alto índice de neoplasias em bovinos.

Este estudo permite melhor conhecimento sobre as doenças locais, eliminando diagnósticos errôneos e contribuindo para um melhor manejo e profilaxia dos animais, assim como evitando perdas econômicas futuras. Estudos regionais sobre as afecções de bovinos são importantes, pois fatores específicos da região, como epidemiológicos, climáticos e relevos podem influenciar no surgimento de diferentes doenças.

  1. 5. Conclusão

Observou-se assim, maior prevalência de doenças inflamatórias e/ou infecciosas na região sudoeste do Paraná.

Os exames necroscópicos e histopatológico mostraram-se e eficazes para avaliação de afecções de bovinos leiteiros da região.

Citas

ABIEC - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS EXPORTADORAS DE CARNE. Perfil da Pecuária no Brasil: Relatório Anual 2016. São Paulo: [s.l], 2016. 46 p.

FACCIN, M. et al. Uso da necropsia como diagnóstico em bovinos da agricultura familiar. Rev. Ciênc. Ext. v.11, n.1, p.94-99, 2015

LUCENA, R. B. et al. Doenças de bovinos no Sul do Brasil: 6.706 casos. Pesquisa Veterinária Brasileira, Rio de Janeiro, v. 30, n. 5, p. 428-434. 2010.

PEIXOTO, P. V.; BARROS, C. S. L. A importância da necropsia em medicina veterinária. Pesquisa Veterinária Brasileira. Santa Maria v.18, n. 3-4,.1998.

SCHMITZ, Aline Motter; SANTOS, Roselí Alves dos. A produção de leite na agricultura familiar do Sudoeste do Paraná e a participação das mulheres no processo produtivo. Terra plural, Ponta Grossa, v. 7, n. 2, p.339-355, jul./dez. 2013.

Publicado
12-08-2017