CARACTERÍSTICAS PRODUTIVAS DE DUAS CULTIVARES DE FIGUEIRA SUBMETIDAS A DIFERENTES MANEJOS DE PODA

  • Alison Uberti Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
  • Adriana Lugaresi Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
  • Jean do Prado Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
  • Alice Santana Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
  • Bachelor Louis Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
  • Clevison Giacobbo Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó

Resumen

1 Introdução

A figueira (Ficus carica L.), atualmente, está sendo amplamente utilizada nos pomares implantados em todas as regiões do Brasil. A figueira tem capacidade de adaptação a diferentes condições edafoclimáticas proporcionadas em seus cultivos (GIACOBBO et al. 2007; FEITOSA et al. 2009).

Observa-se nos cultivos comerciais brasileiros de figo, somente a utilização da cultivar (cv.) Roxo de Valinhos. Raramente encontra-se plantios comerciais da cv. Pingo de Mel. Preferencialmente, os produtores escolhem esta cultivar por ser rústica, se adaptar muito bem ao manejo de poda drástica e apresentar alta qualidade de frutos, seja de tamanho e coloração (NAVA et al. 2015).

O número de ramos produtivos por planta, pode ser determinante na produtividade final de frutos maduros, destinados para o consumo in natura e fabricação de chimia, e frutos verdes utilizados para a fabricação de compotas e frutos cristalizadas.

2 Objetivo

O objetivo com este trabalho foi avaliar as características produtivas e qualidade de frutos de duas cultivares de figueira submetidas a diferentes números de ramos produtivos.

3 Metodologia

O experimento foi conduzido em um pomar de figueiras localizado na área experimental da Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Chapecó. O plantio ocorreu no ano de 2014, avaliou-se durante o ciclo produtivo de 2016/17, terceiro ano de cultivo.

Foram utilizadas duas cultivares de figueira: Pingo de Mel e Roxo de Valinhos, em um espaçamento de plantio de 2,0m entre plantas e 5,0m entre linhas (2,0x5,0m, 1.000 plantas ha-1). As plantas foram conduzidas em diferentes números de ramos, sendo 16, 24 e 32 ramos produtivos. A poda das plantas foi efetuada após o inverno de 2016, sendo que no desbrote de ramos foram escolhidos os ramos mais vigorosos conforme cada tratamento.

Utilizou-se um delineamento inteiramente casualizado com três repetições, sendo cada repetição composta por quatro plantas, em um esquema bifatorial 2x3, sendo duas cultivares de figueira: Pingo de Mel e Roxo de Valinhos, e três manejos de podas, sendo 16, 24 e 32 ramos.

As variáveis analisadas foram produtividade estimada de frutos maduros, frutos verdes e acumulada, expressos em t.ha-1. Diâmetro de fruto, obtida através do maior diâmetro transversal do fruto, em mm. Sólidos solúveis, em °Brix. Comprimento médio de ramos, em cm. Número de frutos por metro de ramo, sendo obtido através da divisão do número total de frutos colhidos, pelo comprimento médio de ramo, em frutos m.ramo-1. Os dados foram submetidos a análise de variância pelo teste F e, quando significativos, as médias foram comparadas entre si pelo teste Tukey a 5% de significância.

4 Resultados e Discussão

Observa-se que em relação a produtividade estimada de frutos maduros, não observou-se diferença significativa entre as cultivares. No entanto, quando comparado o número de ramos por plantapara cada cultivar, verificou-se para a cv. Pingo do Mel, que plantas com 32 ramos produtivos, apresentaram-se significativamente superior (82,1%) às plantas com 16 ramos produtivos, não sendo verificado diferenças para a cultivar Roxo de Valinhos (Figura 1A).

Para a produtividade estimada de frutos verdes (Figura 1A), observa-se que plantas com 16 ramos produtivos, atingiram produtividade duas vezes superior na cv. Roxo de Valinhos em relação a cv. Pingo de Mel. Observa-se que para os diferentes números de ramos na cv. Pingo de Mel, plantas com 32 e 24 ramos, apresentam-se significativamente superior (116,3%) às plantas com 16 ramos.

A produtividade acumulada entre as diferentes cultivares (Figura 1A), não apresentou significância. No entanto, na cv. Pingo de Mel, quanto maior o número de ramos produtivos, maior a produtividade acumulada de frutos. Observa-se que plantas com 32 ramos foram significativamente superior (91,7%) a plantas com 16 ramos produtivos.

Para o diâmetro transversal de fruto, observa-se que o manejo de poda não interfere no tamanho dos frutos colhidos. Somente é observado significância entre as cultivares testadas, sendo que a cv. Roxo de Valinhos apresenta frutos de maior calibre comparada aos frutos colhidos da cv. Pingo de Mel, podendo ser uma característica das cultivares (Figura 1A).

Para sólidos solúveis, não observou-se significância entre os números de ramos e as cultivares testadas. Observa-se que a cv. Pingo de Mel e Roxo de Valinhos apresentaram média de 14,3 e 14,1°Brix respectivamente.

Em relação ao comprimento de ramos (Figura 1B), não observou-se diferença significativa no manejo de diferentes número de ramos e nem entre as cultivares testadas. No entanto, observa-se diferença no número de frutos por metro de ramo, sendo que a cv. Pingo de Mel apresentou-se 19,4% superior em relação a cv. Roxo de Valinhos, possivelmente por apresentar internódios mais curtos.

Para o número de frutos por metro de ramos dentro de cada cultivar, observa-se diferença somente na cv. Roxo de Valinhos, sendo que plantas com 16 ramos produtivos apresentaram maior número de frutos por metro de ramos (20,5%), em relação às plantas com 24 e 32 ramos produtivos (Figura 1B).

Pode-se observar que quanto menor o comprimento do ramo, maior o número de frutos produzidos, isto está relacionado ao tamanho dos entrenós dos ramos. A figueira produz seus frutos no nó dos ramos, sendo assim, plantas com entrenós menores produzem maior quantidade de frutos.

5 Conclusão

Conclui-se que as duas cultivares de figueira apresentam alta produtividade e se adaptam bem as condições da região Oeste Catarinense.

Dentre as duas cultivares, destaca-se a cultivar Roxo de Valinhos que independentemente do manejo de poda adotado, as plantas vão apresentar a mesma produtividade e qualidade de frutos. Já para a cultivar Pingo de Mel, destaca-se o manejo de poda com 32 ramos, sendo este manejo o mais produtivo.

Citas

FEITOSA, H.O. et al. Influência da adubação orgânica e da cobertura viva em figueira com irrigação suplementar. Rev. Brasileira de Agricultura Irrigada, v.3, n.2, p.88-94, 2009.

GIACOBBO, C.L. et al. Cultivo da figueira conduzida em quatro diferentes densidades de plantio. R. Bras. Agrociência, v.13, n.1, p.43-46, 2007.

NAVA, G.A. et al. Desbaste de ramos influencia na produtividade e qualidade do figo ‘Roxo de Valinhos’. Revista de Ciências Agroveterinárias, v.14, n.1, p.29-37, 2015.

Publicado
29-08-2017