AVALIAÇÃO DO POTENCIAL TOXICOLÓGICO DE EFLUENTES INDUSTRIAIS UTILIZANDO O MICROCRUSTÁCEO DAPHNIA MAGNA
Palavras-chave:
metal mecânica, toxicidade aguda, toxicidade crônica, Daphnia magnaResumo
As atividades industriais causam grandes impactos ambientais, principalmente pela natureza dos processos produtivos, dos métodos de uso dos recursos naturais e descarte dos rejeitos da indústria (PHILIPPI JR. et al., 2004). Efluentes industriais são considerados misturas complexas de compostos orgânicos e inorgânicos cuja determinação e quantificação de todos os seus produtos e sub-produtos torna-se impraticável além de apresentar elevado custo, tempo e profissionais e equipamentos devidamente habilitados. A problemática ambiental envolvendo o lançamento de efluentes industriais nos corpos de água superficiais está devidamente regulamentada por Lei (CONAMA 430/2011) e dentre outras determinações estabelece os limites tolerados de determinados componentes a serem lançados nos corpos de água e ainda indica que estes efluentes não deverão apresentar toxicidade. Desta forma a utilização de organismos aquáticos como uma ferramenta para avaliar o potencial efeito toxicológico dos efluentes industriais no ambiente aquático surge como uma alternativa promissora e de grande importância para entender o comportamento (sinergismo/antagonismo) dos diferentes componentes dos efluentes industriais.2 ObjetivoCaracterizar através da realização de testes físico-químicos o efluente de indústria metalmecânica e determinar o potencial toxicológico do efluente para o microcrustáceo D. magna.3 Metodologia 3.1 Efluente metal-mecânicoAs amostras de efluente metal-mecânico coletadas para esse estudo foram obtidas após a etapa de gradeamento para as amostras brutas e na etapa de lançamento de efluente tratado para a rede pública para as amostras tratadas, medindo-se nesses locais a temperatura em que se encontrava o efluente. Para determinar algumas características deste efluente foram realizadas análises físico-químicas dos parâmetros: cor aparente, turbidez, oxigênio dissolvido, condutividade, pH, sólidos totais, cloretos, DBO, e DQO.3.2 Teste de Toxicidade com Daphnia magnaO cultivo do microcrustáceo D. magna foi realizado de acordo com a NBR 12.713 (ABNT, 2016). Foram realizados testes de toxicidade aguda e crônica com o microcrustáceo Daphnia magna. Os testes agudos tiveram duração de 48 horas e os resultados destes testes expressaram a CE 50, 48h, ou seja, Concentração Efetiva que causa imobilidade a 50% da população exposta após 48 horas de exposição.Os testes de toxicidade crônica com D. magna (NBR 13.373 ABNT, 2010) avaliaram os efeitos subletais do efluente para o organismo. Os testes tiveram duração de 21 dias e os parâmetros avaliados foram: longevidade, reprodução e crescimento. Foi possível ainda observar alterações morfológicas. As diluições para o teste crônico foram selecionadas a partir da CE50,48h. 4 Resultados e DiscussãoAs características e resultados obtidos nas análises das amostras do efluente estudado estão apresentadas na Tabela1. Tabela 1. Resultados dos testes físico-químicos para o efluente de indústria metal-mecânica. Os resultados dos testes agudos com D. magna para amostras de efluente tratado de metal-mecânica estão apresentados na Tabela 2. Tabela 2. Resultados do teste agudo para D. magna utilizando amostra de efluente tratado de indústria metal-mecânicaOs valores de CE50,48h encontrados demonstram um alto grau de toxicidade em todas as amostras de efluente estudadas. De acordo com a Resolução CONSEMA 129/2006 que dispõe sobre a definição de critérios e de padrões de emissão para a toxicidade lançados em águas superficiais no Estado do Rio Grande do Sul, os efluentes não devem apresentar nenhuma toxicidade aguda quando submetidos a ensaios de toxicidade para organismos-teste de pelo menos três diferentes níveis tróficos. Percebe-se, então, a alta toxicidade do efluente metal-mecânico estudado e a discordância com a legislação vigente. Os resultados do teste de toxicidade crônica com D. magna são apresentados na Tabela 3.Tabela 3. Resultados dos parâmetros crescimento e longevidade para o teste crônico.* a média para esta concentração é significativamente menor que a média do controle considerando um p< 0.05 em um teste de Dunnett.O efluente proveniente da indústria metal-mecânica demonstrou apresentar efeitos de toxicidade crônica para a longevidade de D. magna com efeitos até o FD 1024. Não foi possível identificar uma diluição onde o efluente deixasse de causar efeitos para a longevidade deste microorganismo. Para o crescimento não foram identificados efeitos de toxicidade crônica. O parâmetro reprodução não pode ser avaliado devido a elevada mortalidade verificada no teste de toxicidade crônica. Ainda foram verificadas alterações morfológicas significativas no teste realizado devido ao encurtamento do espinho apical dos organismos.5 ConclusãoOs resultados encontrados neste estudo permitem concluir que:- O efluente da indústria metal-mecânica após tratamento, apresenta melhoria em alguns parâmetros, porém ainda não atende na totalidade os requisitos para lançamento da legislação vigente.- O efluente de indústria metal-mecânica apresentou toxicidade aguda ao organismo D. magnaem fator de diluição muito superior aos permitido sna legislação estadual CONSEMA 128/2006;- O teste crônico indicou que o efluente apresentou efeitos significativos sobre a longevidade de D. magna.Downloads
Publicado
16-10-2017
Edição
Seção
Engenharias
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