INTERFERÊNCIA E NÍVEL DE DANO ECONÔMICO DE PAPUÃ EM SOJA EM FUNÇÃO DE CULTIVARES E POPULAÇÕES DA PLANTA DANINHA

  • Emanuel Rodrigo de Oliveira Rossetto Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim
  • Carlos Orestes Santin Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim
  • Felipe José Menin Basso Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim
  • Maico André Michelon Bagnara Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim
  • Leandro Galon Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim

Abstract

1 Introdução

Os principais fatores bióticos que interferem na produtividade e na qualidade dos grãos da soja é a interferência ocasionada pelas plantas daninhas, em especial o papuã. Estratégias de controle do papuã na cultura da soja são importantes para minimizar os prejuízos causados pela competitividade e pelo elevado uso de herbicidas, sendo uma alternativa o uso do conceito de nível de dano econômico (NDE).

Pelo NDE a aplicação de herbicidas ou de outros métodos de controle somente se justifica casos os prejuízos causados pelas plantas daninhas sejam superiores ao custo da medida utilizada (PESTER et al., 2000).

2 Objetivo

Testar modelos matemáticos e identificar variáveis explicativas visando determinar o nível de econômico de papuã na cultura da soja estimados em função de cultivares e de populações do competidor.

3 Metodologia

O experimento foi conduzido a campo, sendo os tratamentos compostos por cultivares de soja (NS 5445 IPRO, NS 5959 IPRO, SYN 13561 IPRO, SYN 1059 RR e BMX Elite IPRO) que competiram com 12 populações de papuã, de zero (0) à populações máximas de 104, 124, 116, 114 e 104 plantas m-2. Avaliou-se a população de plantas de papuã (m2), a produtividade de grãos da soja (kg ha-1), o custo de controle (US$ ha-1), o preço da soja (US$ 60 kg-1) e eficiência do herbicida (%).

Para o cálculo do nível de dano econômico (NDE) utilizou-se as estimativas do parâmetro i obtidas a partir das Equações de Cousens (1985) e de Lindquist & Kropff (1996) – NDE =

onde: NDE= nível de dano econômico (plantas m-2); Cc= custo do controle (herbicida e aplicação terrestre tratorizada, em dólares ha-1); R= produtividade de grãos (kg ha-1); P= preço da soja (dólares 60 kg-1); i= perda (%) de produtividade por unidade de planta competidora quando o nível populacional se aproxima de zero e H= eficiência do herbicida (%).

4 Resultados e Discussão

Os valores da estatística F foram significativos para a variável explicativa população de plantas à todas as cultivares de soja (Tabela 1). Os resultados demonstram que todas as cultivares ajustaram-se adequadamente ao modelo da hipérbole retangular, com valores elevados do R2 e baixo QMR, com exceção da BMX Elite IPRO que apresentou R2 de 0,58 e elevado QMR.

Os resultados estimados para o parâmetro i foram menores para as cultivares SYN 1059 RR, BMX Elite IPRO e NS 5445 IPRO respectivamente (Tabela 1). Desse modo, essas cultivares apresentam elevada competitividade com o papuã. Segundo Dieleman et al., (1995) a competitividade relativa das espécies é definido com base no parâmetro i, ou seja, quanto menor mais competitiva é a espécie. Em contrapartida, a menor competitividade foi verificada para as cultivares NS 5959 IPRO e SYN 13561 IPRO.

Observou-se que todas as cultivares apresentaram valores do parâmetro a inferiores a 100%, evidenciando assim que as perdas de produtividade da cultura podem ser simuladas adequadamente, com base neste parâmetro (GALON et al., 2016).

Na comparação entre as variáveis analisadas observou-se que as cultivares SYN 1059 RR, BMX Elite IPRO e NS 5445 IPRO demonstram os melhores resultados de competitividade (Tabela 1) e também o nível de dano econômico (NDE), levando-se em conta a produtividade de grãos, preço da soja, custo de controle e eficiência do herbicida (Figura 1), ou seja, elas podem conviverem com maior número de plantas de papuã se comparadas a NS 5959 IPRO e a SYN 13561 IPRO. Esse fato deve-se as características genéticas diferenciadas que as cultivares apresentam. Resultados similares foram observados por GALON et al. (2016) ao testaram a competição de cultivares de feijão com picão-preto.

A cultivar de soja NS 5959 IPRO apresentou os menores valores de NDE (Figura 1) em relação as demais, resultado da baixa competitividade que a mesma apresenta com o papuã (Tabela 1). Os resultados encontrados indicam que o papuã é muito competitivo com a soja e que mesmo em baixas populações tem-se a necessidade de se efetuar o controle do mesmo.

5 Conclusões

O modelo da hipérbole retangular estima adequadamente as perdas unitárias e máximas de produtividade de grãos de soja. As cultivares SYN 1059 RR, BMX Elite IPRO e NS 5445 IPRO apresentaram a maior competitividade com o papuã, com valores de NDE que variaram de 0,96 à 2,16 plantas m-2.

Published
13-08-2017