ESTUDO FLORÍSTICO E FENOLOGIA DA FLORAÇÃO DO COMPONENTE ARBÓREO DE UM FRAGMENTO DE FLORESTA ESTACIONAL NA REGIÃO DAS MISSÕES, RIO GRANDE DO SUL

  • Suzana dos Santos de Souza Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Cerro Largo
  • Patricia Borck Garcia Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Cerro Largo
  • Nestor Bremm Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Cerro Largo
  • Gilberto Troyjack Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Cerro Largo
  • Neli Grzybowski Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Cerro Largo
  • Tatiane Chassot Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Cerro Largo
  • Mardiore Tanara Pinheiro dos Santos Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Cerro Largo
Palavras-chave: Biodiversidade, Comunidades vegetais, Cerro Largo

Resumo

1 Introdução

Levantamentos florísticos referem-se a amostragens qualitativas da flora e têm como objetivo registrar quais espécies de plantas ocorrem em um dado ambiente. As listas florísticas geradas nestes estudos são necessárias para a compreensão da biogeografia de um Bioma e a compilação de um grande número de dados permite a realização de estudos de meta-análise (RATTER et al., 2003). A fenologia é o estudo da periodicidade de eventos biológicos e das causas de sua ocorrência em relação a fatores bióticos e abióticos e tem sido considerada um parâmetro de grande importância para caracterizar ecossistemas (MORELLATO et al. 2016). O conhecimento sobre as épocas reprodutivas das espécies é essencial, dentre outras funções, para planejamentos de ações de reflorestamentos ou recuperação de áreas degradadas.

2 Objetivos

1. Identificar quais famílias, gêneros e espécies de plantas compõem um fragmento de Floresta Estacional Decidual; 2. Descrever os períodos de floração das espécies presentes neste ambiente;

3 Metodologia

O estudo foi realizado em um fragmento de Floresta Estacional Decidual no município de Cerro Largo (28°08’41”S e 54°43’08”O), região fisiográfica das Missões, no período de julho/2016 a junho/2017. A coleta de dados foi realizada utilizando-se o método de parcelas contíguas, com dimensões de 10 x 10 m (100 m2). Foram demarcadas 50 unidades amostrais (0,5 hectares) e amostradas todas as árvores com perímetro do caule a 1,3 m de altura do solo ≥ 15 cm. Exsicatas do material coletado foram identificadas e depositadas no Herbário da UFFS, campus Cerro Largo.

Para o estudo da fenologia foi verificada a época de floração das espécies. Além dos registros feitos em campo, as épocas de floração também foram obtidas através de consultas ao portal da Flora Digital do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, portal da Flora do Brasil, e consultas em material bibliográfico. Dados da temperatura média mensal da área de estudos foram obtidos na estação meteorológica da UFFS Campus Cerro Largo.

4 Resultados e Discussão

Durante o estudo foram amostrados 748 indivíduos arbóreos representantes de 62 espécies e 53 gêneros, pertencentes a 28 famílias botânicas. A riqueza florística superou as 35 espécies registradas por Hüller et al (2011), em um fragmento de floresta estacional decidual de 0,2 hectares, também localizado na região das Missões, possivelmente devido a maior área amostrada no presente estudo.

A família com maior riqueza de espécies foi Fabaceae (n= 9), seguida por Meliaceae (n= 6), Myrtaceae e Rutaceae (n=4), demais famílias e seus respectivos números de espécies podem ser verificadas na figura 1. Estes dados diferem de Hüller et al (2011), que descreveram como famílias mais ricas Myrtaceae e Sapindaceae com 5 e 4 espécies respectivamente. Os gêneros com maior riqueza de espécies foram Trichilia e Cordia (n= 3), seguidos de Chrysophyllum, Eugenia, Ilex, Sebastiania e Solanum (n= 2).  As espécies com maior número de indivíduos foram Cabralea canjerana (Vell.) Mart. (n= 60; 8,0%), Inga marginata Willd. (n= 81; 10,8%), Actinostemon concolor (Spreng.) Müll.Arg. (N= 86; 11,5%), Sorocea bonplandii (Baill.) W.C.Burger, Lanj. & de Boer (n= 141; 18,9%), totalizando juntas (n= 368; 49,2%) do total de indivíduos registrados.

O clima no Rio Grande do Sul é subtropical, com regularidade anual de chuvas, mas sazonalidade térmica ao longo do ano (WOLLMANN; GALVANI, 2012), resultando em períodos de meses mais quentes e períodos de meses mais frios. Na área de estudo a maior riqueza de espécies em floração foi registrada no período mais quente do ano (setembro a janeiro) e, menor número de espécies floridas no período de baixas temperaturas, compreendido entre maio e julho (figura 2).  Segundo Elzinga et al (2017), o aumento da temperatura é um dos fatores abióticos que influenciam a indução de florescimento das espécies.

5 Conclusão

No fragmento estudado foram registradas 62 espécies de angiospermas arbóreas. Dentre as 28 famílias registradas 13 foram representadas por apenas uma espécie e a família mais rica foi Fabaceae. Dentre as 62 espécies registradas, quatro (C. canjerana, I. marginata, A. concolor e S. bonplandii), totalizam 49,2% dos indivíduos amostrados, o que prediz uma baixa diversidade neste fragmento. Na área de estudo, embora a floração tenha sido mais pronunciada nos meses mais quentes do ano, espécies floridas foram registradas durante todo o ano.

Figuras

Figura 1- Famílias botânicas registradas no estudo com seus respectivos números de espécies.

 

Fonte – SOUZA, 2017.

Figura 2 – Número de espécies em floração e a temperatura média mensal em um fragmento de Floresta Estacional Decidual, Cerro Largo, RS, no período de julho/2016 a junho/2017.

 

Fonte – SOUZA, 2017.

Referências

ELZINGA, J. A. et al. Timeafter time: flowering phenology and biotic interactions. Trends in Ecology e Evolution. v. 22, p. 432–439, 2007.

HÜLLER, A. et al. Estrutura fitossociológica da vegetação arbórea do parque natural municipal de Santo Ângelo, Santo Ângelo, RS. Ciência Florestal, Santa Maria, v.21, n.4, p. 629-639, 2011.

MORELLATO, L. P. C. et al. Linking plant phenology to conservation biology. Biological Conservation, v. 195, p. 60-72, 2016.

RATTER, J. A.; BRIDGEWATER, S.; RIBEIRO, J. F. Analysis of the floristic composition of the Brazilian cerrado vegetation III: comparison of the woody vegetation of 376 areas. Edinburgh Journal of Botany, v. 60, p. 57-109, 2003.

WOLLMANN, C. A.; GALVANI, E. Caracterização climática regional do Rio Grande do Sul: dos estudos estáticos ao entendimento da gênese. Revista Brasileira de Climatologia, Curitiba, vol.8, p. 87-103, 2012.

Palavras-chave: Biodiversidade; Comunidades vegetais; Cerro Largo

Fonte de Financiamento: PIBIC/UFFS

Referências

ELZINGA, J. A. et al. Timeafter time: flowering phenology and biotic interactions. Trends in Ecology e Evolution. v. 22, p. 432–439, 2007.

HÜLLER, A. et al. Estrutura fitossociológica da vegetação arbórea do parque natural municipal de Santo Ângelo, Santo Ângelo, RS. Ciência Florestal, Santa Maria, v.21, n.4, p. 629-639, 2011.

MORELLATO, L. P. C. et al. Linking plant phenology to conservation biology. Biological Conservation, v. 195, p. 60-72, 2016.

RATTER, J. A.; BRIDGEWATER, S.; RIBEIRO, J. F. Analysis of the floristic composition of the Brazilian cerrado vegetation III: comparison of the woody vegetation of 376 areas. Edinburgh Journal of Botany, v. 60, p. 57-109, 2003.

WOLLMANN, C. A.; GALVANI, E. Caracterização climática regional do Rio Grande do Sul: dos estudos estáticos ao entendimento da gênese. Revista Brasileira de Climatologia, Curitiba, vol.8, p. 87-103, 2012.

Publicado
15-09-2017