CONSTRUÇÃO DA FERTILIDADE DO PERFIL DO SOLO

  • Viviane Sobucki Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Cerro Largo - RS
  • Everson Moacir Thomas Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Cerro Largo - RS
  • Hyago Peixoto Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Cerro Largo - RS
  • Romano Teloeken Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Cerro Largo - RS
  • Renan Costa Beber Vieira Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Cerro Largo - RS

Resumen

1 Introdução

A fertilidade do solo é tradicionalmente avaliada através dos atributos químicos das camadas superficiais do solo (0-10 ou 0-20 cm), desconsiderando o potencial de contribuição ou limitação das camadas inferiores no desenvolvimento das raízes e crescimento de plantas, em função da acidez e dos teores de alumínio em profundidade, o que é agravado em condições de déficit hídrico, ocorrência comum na região de estudo.

2 Objetivo

Avaliar o uso superficial de corretivos e condicionadores do solo na construção da fertilidade e correção da acidez no perfil do solo, buscando ampliar o desenvolvimento de raízes em profundidade.

3 Metodologia

A pesquisa foi realizada na área experimental da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), no município de Cerro Largo – RS, em um Latossolo Vermelho. Anterior à instalação do experimento, o solo apresentava na camada de 0-10 cm pH 5,5, SMP 5,8, P disponível 13,9 mg dm-3 e 423 mg dm-3.

O experimento foi conduzido em blocos ao acaso com quatro repetições. Os tratamentos (4 x 8 m) consistiram da aplicação de corretivos e condicionantes embasados no manual de calagem e adubação para RS e SC (CQFS-RS/SC, 2016) da seguinte forma: 1 - Testemunha (sem calcário e sem gesso); 2- Calcário em superficie para ¼ SMP pH 6,0; 3 - Calcário em superficie para 1 SMP pH 6,0 + 3 t ha-1 de gesso; 4 - Calcário em superficie para 1 SMP pH 6,5 + 3 t ha-1 de gesso; 5 - 3 t ha-1 de gesso em superficie; 6 - Calcário de alta reatividade na linha de semeadura.

Os tratamentos com calcário e/ou gesso em superfície foram aplicados em sua totalidade em novembro de 2016, com exceção do tratamento de 1 SMP pH 6,5, que a dose de calcário foi fracionada e 2/3 da dose em novembro de 2016 e 1/3 em abril de 2017. A aplicação do calcário de alta reatividade foi realizada na linha de semeadura.

A semeadura da soja foi realizada no dia 24 de novembro de 2016, utilizando a adubação em linha com 100kg P2O5, 100kg K2O e inoculação. A semeadura foi realizada em espaçamento entre linhas de 45 cm e população de 280.000 plantas ha-1, conforme a recomendação técnica.

A amostragem do solo foi realizada após o cultivo da soja em 2017, coletadas nas camadas de 0-5, 5-10, 10-20, 20-40, 40-60 e 60-80 cm. Para as camadas estratificadas até 20 cm, a amostragem do solo foi realizada com o uso de pá-de-corte, enquanto que para as demais camadas foi utilizado o trado holandês. As amostras foram secas ao ar, moídas e tamisadas em peneira de 2mm. As avaliações químicas foram realizadas no Laboratório de Química e Fertilidade do solo da UFFS, em Cerro Largo – RS, sendo determinado o pH, SMP e os teores de P conforme a metodologia descrita em Tedesco et al. (1995).

4 Resultados e Discussão

A maior dose de calcário proporcionou a maior produção de matéria seca (Tabela 1), por outro lado, a maior produção de grãos correspondeu à menor dose de calcário. Todos os tratamentos conseguiram superar a testemunha nos aspectos avaliados, com exceção ao 4º tratamento, que apresentou uma baixa produção de matéria seca. Os tratamentos com gesso e calsite, permaneceram na média, com exceção ao rendimento de grãos do tratamento calsite, que foi o segundo maior em produtividade.

Os tratamentos com calcário apresentaram uma maior correção do pH (Gráfico 1) demonstrando uma alta correção na camada subsuperficial e reduzindo drasticamente na camada inferior, fator que se observou em todos os tratamentos, o diferencial dos tratamentos com calcário, é que conseguiram permanecer estáveis após a camada de 10cm, fator semelhante ocorreu com o tratamento com gesso, este aliado ao carregamento do íons H+ em profundidade. Por outro lado, o tratamento com calsite, apresentou um pH inferior a testemunha em quase todas as profundidades.

O pH maior na camada subsuperficial está aliado ao maior acúmulo de matéria orgânica, fator que não se reflete nas demais camadas, os tratamentos com calcário e gesso, conseguiram estabilizar o pH do solo em profundidade e apresentaram um maior poder residual no solo, explicando assim o fator de o tratamento com calsite ter um pH final baixo, mas não ter ficado atrás em produtividade, pois auxiliou a planta nos primeiros estágios.

5 Conclusão

A maior produtividade não está aliada apenas a correção do pH, tratamentos com 1/4 da dose de calcário e com calsite apresentaram a maior produtividade. Os tratamentos com calcário, mostraram-se úteis na correção até mesmo em profundidade, pois conseguiram igualar ao pH encontrado no tratamento com gesso, já o tratamento com calsite, mostrou-se dependente de outro corretivo, pois apresentou um incremento na produtividade, mas não estabilizou o pH do solo até o período de análise final das parcelas.

Citas

COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO – CQFS-RS/SC. Manual de calagem e adubação para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. 11ª ed. Sociedade Brasileira de Ciência do Solo – Núcleo Regional Sul. 376 p., 2016.

SALVADORI, J.R.; BACALTCHUK, B.B.; DEUNER, C.C.; JÚNIOR, L.G.L.C.; RIZZARDI, M.A; LANGARO, N.C.; ESCOSTEGUY, V.P.A.; BOLLER, W. Indicações técnicas para a cultura da soja no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, safras 2016/2017 e 2017/2018. Passo Fundo, RS. 128p., 2016. Disponível em: http://editora.upf.br/index.php/e-books-topo/44-agronomia-area-do-conhecimento/158-indicacoes-tecnicas-para-cultura-da-soja. Acesso em: 20 nov. 2016.

TEDESCO, M.J.; GIANELLO, C.; BISSANI, C.A.; BOHNEN, H. & WOLKWEISS, S.J. Análises de solo, plantas e outros materiais. 2.ed. Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1995.

Publicado
24-08-2017