FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE CIÊNCIAS PARA A PROMOÇÃO DO PENSAMENTO CRÍTICO: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE DOCUMENTOS E DISCURSOS DE BRASIL E PORTUGAL

  • kélli Renata Corrêa de Mattos Bolsista PRO-ICT/UFFS, acadêmica de Licenciatura em Ciência Biológicas pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus Cerro Largo/RS.
  • Aline Teresinha Walczak Bolsista PETCiências - FNDE-MEC/UFFS, acadêmica de Licenciatura em Ciência Biológicas pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus Cerro Largo/RS.
  • Eloisa Antunes Maciel Bolsista PETCiências - FNDE-MEC/UFFS, acadêmica de Licenciatura em Ciência Biológicas pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus Cerro Largo/RS.
  • Roque Ismael da Costa Güllich Professor Adjunto de Prática de Ensino e Estágio Supervisionado em Biologia Tutor do PETCiências - FNDE-MEC/UFFS Pesquisador Líder do GEPECIEM Licenciatura em Ciências Biológicas Campus de Cerro Largo - RS Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS

Abstract

1 Introdução

Diante de nossa sociedade contemporânea em que se faz presente uma grande variedade de informações disponíveis, o conhecimento está em constante avanços e reformulações, ocasionadas principalmente pelo uso da tecnologia que se faz cada vez mais frequente, modificando rotineiramente o percurso do conhecimento (VIEIRA, 2000). Com isso, destacamos a importância de desenvolver no ensino a promoção do Pensamento Crítico. Compreendemos o Pensamento Crítico (PC) na perspectiva de Ennis (1985, p.46) que corresponde a: “uma forma de pensamento racional, reflexivo, focado no decidir aquilo em que acreditar ou fazer”, ressaltamos que, o ensino em Ciências baseado na promoção do PC vem ganhando destaque dentre as demais áreas do conhecimento (VIEIRA, 2000).

Visto isso, acreditamos que a discussão em torno da inserção do PC por meio de diferentes estratégias de ensino deve ser valorizada e desenvolvida, principalmente em contexto brasileiro, em que pouco se tem estudado e investido na promoção do pensamento crítico nas escolas, especialmente no ensino de Ciências.

2 Objetivo

O presente estudo tem como objetivo analisar trabalhos acadêmicos produzidos na área de educação em Ciências, em repositórios brasileiros, para verificar o conceito de PC.

3 Metodologia

A presente pesquisa é qualitativa (LÜDKE, ANDRÉ, 2001) desenvolvida por meio de análise do tipo documental, a partir da revisão de trabalhos acadêmicos brasileiros sobre o PC, em quatro repositórios, a saber: Scientific Electronic Library Online (SciELO), Banco de Teses da CAPES, Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) e Google Acadêmico. Realizamos a análise temática dos trabalhos acadêmicos e selecionamos as seguintes subcategorias: 1-Trabalhos; 2-Autores; 3-Ano de publicação; 4-Nível de ensino; 5-Tipo de pesquisa; 6-Enfoque de pesquisa presente no trabalho; 7-Embasamento teórico, (conceito de PC). Para a análise central sobre o PC presente nos trabalhos acadêmicos, utilizamos o conceito de Tenreiro-Vieira e Vieira(2001) e Tenreiro Vieira (2000) sob influência de Ennis (1987). As questões éticas de pesquisa foram respeitadas, uma vez que foram analisados trabalhos acadêmicos em sites de domínio público na Web 2.0.

4 Resultados e análise

O conjunto de trabalhos acadêmicos em sua totalidade, apresentam em seu enredo discussões sobre o PC, fazendo referência a sua relevância em contexto social e escolar, com uso de estratégias e metodologias para a promoção do PC. Os trabalhos apresentaram quatro tipos de enfoques, sendo estes (9:23) de Formação de professores; (7:23) de Ensino; (2:23) de Teorização e (5:23) de Ensino e Formação de professores. Podemos observar que a produção do PC, está mais voltada para a Formação de professores, sendo este um resultado positivo para o ensino.

Com relação ao Nível de Ensino, podemos inferir que o PC está mais difundido no ensino fundamental (9:23), ensino médio (5:23), ensino inicial (1:23) e ensino superior (2:23), sendo que além disso, temos (6:23) trabalhos de formação de professores e teorização. Consideramos importante a inserção do PC logo no ensino fundamental, pois isto desperta o interesse dos alunos pelo conhecimento. O Tipo de Pesquisa, está mais voltado a produção de dissertações de mestrado (11:23), seguida de artigos (8:23) e tese de doutorado (4:23). Estes resultados evidenciam que as produções sobre o PC vêm se expandindo e se qualificando.

O conceito de PC ainda é muito amplo e apresenta diferentes conceitualizações, porém o conceito mais encontrado (10:23) foi o de PC como racional, reflexivo, focado na tomada de decisão defendido por Ennis (1986) com uma inclinação para atuação prática e ativa de Tenreiro-Vieira e Vieira (2001) e Tenreiro-Vieira (2000), sendo os demais, considerados assemelhados ao conceito principal em termos de pensamento e reflexão crítica, como: referentes da investigação-ação (3:23) e reflexão crítica e teoria crítica (3:23).

O conceito de PC de Tenreiro-Vieira e Vieira (2001) e Tenreiro-Vieira (2000), é defendido, pelo seu caráter prático, voltado ao ensino, com atividades que estimulam as capacidades críticas. Por meio da análise, contatamos que entre os autores que citam e referenciam a vertente do PC, as perspectivas de Ennis (1987), são as que mais se aproximam do que em nossa opinião, é o ideal para construção do PC. Contudo, é válido ressaltar que o Brasil é carente de produções nessa área, o incentivo às novas produções brasileiras, visam impulsionar a promoção e análise do PC em nosso contexto, pois os estudos já realizados se baseiam predominantemente nos referenciais portugueses.

5 Conclusão

A análise nos permitiu identificar conceitos de PC, com diferentes abordagens e contextualizações. Porém o conceito mais difundido nas produções e aceito, foi o de Ennis (1985), junto ao conceito de PC de Tenreiro-Vieira e Vieira (2001) e Tenreiro-Vieira (2000) que apresenta o PC com um viés mais ativo e prático. Com isso, ressaltamos que esse conceito de PC prático, deve ser inserido ao ensino, porém, para tando os professores necessitam de uma formação qualificada, em que eles compreendam a importância da inserção de metodologias e estratégias de ensino que instiguem os alunos, a desenvolver as suas capacidades. Em suma, reforçamos a importância de desenvolver as capacidades do PC, pois elas vão além da sala de aula, influenciando diretamente na vida social do sujeito.

References

ENNIS, R. H. (1985c.) Critical thinking and the curriculum. National Forum, 65, 28-31.

ENNIS, R. H. (1985a). A logical basis for measuring critical thinking skills. Educational Leadership, 43(2), 44-48.

LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: Epu, 2011.

TENREIRO-VIEIRA. O pensamento Crítico na Educação Científica. Lisboa: Instituto Piaget, 2000.

VIEIRA, R. M.C; TENREIRO-VIEIRA, C. Estratégias de Ensino/Aprendizagem: o questionamento promotor do pensamento crítico. Lisboa: Instituto Piaget, 2000

Published
11-09-2017