INTERFERÊNCIA E NÍVEL DE DANO ECONÔMICO DE LOLIUM MULTIFLORUM SOBRE O TRIGO EM FUNÇÃO DE CULTIVARES E POPULAÇÃO DE PLANTAS

  • Felipe Jose Menin Basso Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim
  • César Tiago Forte Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim
  • Cinthia Maethê Holz Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim
  • Maico André Michelon Bagnara Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim
  • Leandro Galon Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim

Abstract

1 Introdução

O potencial produtivo da cultura do trigo pode ser comprometido por diversos fatores, entre os principais destaca-se a competição ocasionada pelas plantas daninhas. Em vista disso, tem-se observado prejuízos a produção e ao desenvolvimento das plantas de trigo, devido a competição pelos recursos disponíveis no meio como, água, luz e nutrientes (Agostinetto et al., 2008).

Entre as plantas daninhas mais problemáticas que infestam e causam prejuízos à cultura do trigo destaca-se o azevém (Lolium multiflorum Lam.). Neste sentido estudos que venham a determinar o nível de dano econômico do azevém sobre o trigo torna-se uma ferramenta importante para a escolha de estratégias mais eficientes de manejo (Lamego et al., 2013).

2 Objetivo

Testar modelos matemáticos e identificar variáveis explicativas visando determinar o nível de econômico de azevém na cultura do trigo estimados em função de cultivares e de populações do competidor.

3 Metodologia

O experimento foi conduzido na área experimental da Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Erechim, sendo instalado em delineamento de blocos casualizados. Os tratamentos foram compostos por cultivares de trigo (TBIO Alvorada, BRS 327, BRS 328, TBIO Marcante, TBIO Pioneiro), e 12 populações de azevém, saindo de zero (0) à populações máximas de 658, 1204, 1242, 940 e 1256 plantas m-2, em competição com as respectivas cultivares. No decorrer do experimento avaliou-se as variáveis: população de plantas (m2), produtividade do trigo (kg ha-1), custo de controle (US$ ha-1), preço do trigo (US$ saca-1) e eficiência do herbicida (%).

Para o cálculo do nível de dano econômico (NDE) utilizou-se as estimativas do parâmetro i obtidas a partir das Equações de Cousens (1985) e de Lindquist & Kropff (1996) - NDE =

onde: NDE= nível de dano econômico (plantas m-2); Cc= custo do controle (herbicida e aplicação, em dólares ha-1); R= produtividade de grãos de trigo (kg/ha-1); P= preço do trigo (dólares kg-1 de grãos); i= perda (%) de produtividade do trigo por unidade de planta competidora  e H= eficiência do herbicida (%).

4 Resultados e Discussão

Observou-se que todas as cultivares de trigo apresentaram valores da estatística F significativos (Tabela 1). Os resultados demonstram que o modelo da hipérbole retangular ajustou-se adequadamente aos dados para todas as cultivares, apresentando valores de R2 superiores a 0,69 e baixo QMR, o que caracteriza elevado ajuste dos dados ao modelo.

De modo geral os valores estimados para o parâmetro i tenderam a ser menores para as cultivares TBIO Pioneiro e BRS 327 sendo as mais competitivas. A cultivar TBIO Alvorada apresentou a menor competitividade (Tabela 1). Esse fato deve-se as características intrínsecas de cada cultivar, como observado por GALON et al., (2016) ao avaliarem diferentes cultivares de feijão em convivência com picão-preto.

As estimativas do parâmetro a foram superestimadas pelo modelo, com perdas de produtividades de grãos de trigo superiores a 100% para todas as cultivares (Tabela 1). Esses resultados podem ser decorrentes de que as maiores populações de azevém terem sido insuficientes para estimar adequadamente a perda máxima de produtividade.

As cultivares de trigo TBIO Pioneiro e BRS 327 foram as mais competitivas (Tabela 1) e em consequência apresentam os maiores valores de nível de dano econômico (NDE) para as variáveis, produtividade de grãos, custo de controle, preço do trigo e eficiência do herbicida (Figura1), tolerando um maior número de plantas de azevém por área em relação às outras cultivares.

Em relação a cultivar que foi menos competitiva pode-se destacar a TBIO Alvorada (Tabela 1), sendo que para todas as variáveis analisadas (Figura 1) obteve os índices mais baixos de NDE, demonstrando que a ocorrência de baixas populações de azevém já torna-se necessário o controle da planta daninha em comparação com as demais cultivares. A convivência de cultivares de trigo com plantas de azevém durante todo o ciclo da cultura causou reduções severas na produtividade de grãos da cultura (Lamego et al., 2013).

5 Conclusão

Os resultados demonstram que o modelo da hipérbole retangular estima adequadamente as perdas de produtividade de grãos de trigo em competição com azevém. As cultivares de trigo TBIO Pioneiro e BRS 327 apresentaram maior competitividade com o azevém, com valores de NDE que variaram de 22,38 à 48,09 plantas de azevém m-2.

 

References

AGOSTINETTO, D. et al. Período crítico de competição de plantas daninhas com a cultura do trigo. Planta Daninha, v. 26, n. 2, p. 271-278, 2008.

COUSENS, R. An empirical model relating crop yield to weed and crop density and a statistical comparison with other models. The Journal of Agricultural Science, v. 105, n. 3, p. 513-521, 1985.

GALON, L. et al. Interference and economic threshold level for control of beggartick on bean cultivars. Planta Daninha, v. 34, n. 3, p. 411-422, 2016.

LAMEGO, F. P. et al. Habilidade competitiva de cultivares de trigo com plantas daninhas. Planta Daninha, v.31, n.3, p.521-531, 2013.

LINDQUIST, J.L.; KROPFF, M.J. Application of an ecophysiological model for irrigated rice (Oryza sativa) - Echinochloa competition. Weed Science, v.44, n.1, p.52-56, 1996.

Published
11-08-2017