AVALIAÇÃO DA INTENSIDADE DE LUZ NA CAPTURA DE LARVAS DE PEIXES DE ÁGUA DOCE POR ARMADILHAS LUMINOSAS

  • Paula Betina Hartmann Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Cerro Largo
  • David Augusto Reynalte-Tataje Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Cerro Largo

Abstract

1 Introdução

A metodologia e os equipamentos de amostragem utilizados nos estudos do ictioplâncton dependem do tipo de ambiente e da fase de desenvolvimento que se pretende amostrar. Dentre os métodos de coleta passiva, as armadilhas luminosas têm sido usadas na amostragem de larvas e juvenis de peixes tanto nos ambientes marinhos como de água doce, com seu sucesso comprovado em áreas de rios, lagos, lagoas e recifes de corais. No entanto, seu uso como metodologia de coleta em ambientes aquáticos brasileiros é praticamente ausente devido à falta de estudos que avaliem sua relevância nestes ecossistemas. Para o Médio rio Uruguai (RS/Brasil), os estudos sobre a reprodução dos peixes e algumas metodologias de captura ainda estão sendo aperfeiçoadas.

2 Objetivo

Avaliar a intensidade de luz das armadilhas luminosas na captura de larvas de peixes.

3 Metodologia

O estudo foi realizado mensalmente de outubro/2016 a março/2017 no Médio rio Uruguai, no Município de Porto Lucena (RS), neste trecho o rio apresenta em torno de 1,2 Km de largura.

Para a mostragem foram utilizadas armadilhas luminosas cilindro-cônicas com malha de 500 um, sua iluminação foi proporcionada por lâmpadas de LEDs de 10 watts alimentada com bateria e fixada na parte dianteira da armadilha. Para este estudo foram utilizados três tratamentos: sem luz (controle = T1); lâmpadas com 10 watts de potência (T2) e 20 watts (T3). Cada tratamento teve três repetições, totalizando nove armadilhas luminosas. As armadilhas eram instaladas nas margens do rio, no início da noite entre (18:00 – 20:00 horas) e retiradas antes do amanhecer (05:00 horas).

As amostras coletadas foram levadas a laboratório, onde foi realizada a triagem (separação de ovos e larvas). As larvas e os juvenis capturados foram identificados ao menor nível taxonômico possível, tendo como referências Nakatani (2001) e Reynalte-Tataje e Zaniboni-Filho (2008), e classificados de acordo com seu grau de desenvolvimento.

Para avaliar a variação da matriz dos dados foi aplicada sobre os dados uma Análise de Variância Uni-fatorial. Quando os resultados das ANOVAs foram significativos, foi aplicado o este a posteriori de Tukey, a fim de detectar estas diferenças.

4 Resultados e Discussão

Durante o período de amostragem foram capturados um total de 94 ovos, 9 larvas e 49 juvenis. Através da ANOVA, foi possível verificar que não houve diferença na captura de ovos entre os três tratamentos (P > 0,05), a sua entrada provavelmente era acidental e promovida pelo movimento da água. Para a captura de larvas, as armadilhas luminosas com o tratamento (T3) de 20 watts, com maior intensidade, foram as que obtiveram maiores capturas (P<0,05; Figura 1). Do total de 9 larvas capturadas, em relação ao seu grau de desenvolvimento, todas estavam no estágio pós- flexão (POF). As larvas nesse estágio de desenvolvimento já possuem mobilidade própria, sendo que essas optaram pelas armadilhas de maior intensidade de luz. Mesmo que o resultado tenha sido significativo para maiores intensidades, não pode-se afirmar este resultado como efetivo, devido as poucas larvas amostradas. Neste estudo, foram capturadas larvas e juvenis de dez táxons pertencentes a cinco famílias e três ordens (Tabela 1).

A baixa transparência da água verificada durante todo o estudo (entre 40 e 60 cm) pode ter influenciado negativamente na eficiência das luzes nas armadilhas luminosas na captura de ictioplâncton. O sucesso das armadilhas luminosas está relacionado com a turbidez da água (DOHERTY, 1987; FLOYD et al., 1984) e com a presença ou ausência de correntes (DOHERTY, 1987). Partículas em suspensão alteram a transmissão da luz na água reduzindo com isso sua eficiência como atrativo para os peixes (WETZEL, 2001).

5 Conclusão

O presente estudo mostrou uma baixa captura de ictioplâncton em todos os tratamentos, cabe destacar, que houve apenas capturas de larvas e juvenis nas armadilhas com tratamento de luz, isso indica que ocorre influência das luzes sobre as capturas. As armadilhas com maior intensidade tiveram as maiores capturas, mesmo com resultado significativo, não pode-se afirmar este como efetivo devido ao baixo número de larvas capturadas. A baixa transparência da água pode ter influenciado negativamente na efetividade de captura destes equipamentos.

 

References

Referências

DOHERTY, P. J.. Light-traps: selective but useful devices for quantifying the distributions and abundances of larval fishes. Bulletin Of Marine Science, p.423-431, 1987.

FLOYD, K. B. et al. Chronology of appearance and habitat partitioning by stream larval fishes. Transactions Of The American Fisheries Society, p.217-223, 1984.

NAKATANI, K. et al. Ovos e larvas de peixes de água doce: desenvolvimento e manual de identificação. Maringá: Eduem, 2001. 378 p.

REYNALTE-TATAJE, D. A.; ZANIBONI-FILHO, E. Biologia e identificação de ovos e larvas de peixes do Alto rio Uruguai. In: ZANIBONI-FILHO, Evoy et al. Reservatório de Itá: estudos ambientais, desenvolvimento de tecnologias de cultivo e conservação da ictiofauna. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2008. Cap. 9, p. 229-255.

WETZEL, R. G. Limnology: lake and river ecosystems. 3rd edition. Academic Press. 2001.

Published
05-10-2017