EFEITOS CARDIOVASCULARES DO USO DE CITRATO DE MAROPITANT EM CÃES

  • Francielli Ambrosini Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Realeza
  • Gabrielle Coelho Freitas Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Realeza
  • Gentil Ferreira Gonçalves Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Realeza
  • Tatiana Champion Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Realeza
Palavras-chave: antagonista NK1, antiemético, cães, eletrocardiografia.

Resumo

O citrato de maropitant é um antagonista dos receptores da neurocinina-1 com efeitos antiméticos de ação central, de uso exclusivo na medicina veterinária. Não foram relatados até o momento seus possíveis efeitos arritmogênicos quando do uso em doses terapêuticas de 1mg/Kg subcutâneo, especialmente como adjuvante anestésico. Para tanto, averiguou-se possíveis alterações em parâmetros cardiovasculares após o uso do medicamento e a segurança para utilização em animais hígidos. Realizou-se um estudo duplo cego randomizado controlado por placebo com vinte fêmeas caninas hígidas submetidas à ovariosalpingohisterectomia eletiva. Dividiu-se dois grupos, que receberam citrato de maropitant na dose de 1 mg/Kg ou solução placebo (NaCl 0,9% em volume equivalente) aplicados previamente à medicação pré anestésica em dose única. Efetuou-se eletrocardiograma e aferição da pressão arterial sistólica pelo doppler vascular nos tempos Tpré, T5 a 30, T45, T60 e T150 e ecodopplercardiografia nos momentos previamente à aplicação, uma hora e 150 minutos depois (Tpré, Tpós e T150). Os animais foram anestesiados e monitorados para segurança e demonstração de eventual necessidade de doses extras de anestésico. Os dados foram analisados estatisticamente com software específico por meio do teste de Kolmogorov-Smirnov, teste T ou ANOVA e Dunnett, considerando p<0,05. Constatou-se ausência de alterações pressóricas, exceto no grupo controle de T150, provavelmente relacionado à ausência de analgesia evidenciada também por uma maior estabilidade hemodinâmica no transanestésico. Nenhum animal apresentou arritmias patológicas ou bloqueios de condução intraventricular durante o experimento. Entretanto, verificou-se aumento do intervalo QT e QTcorrigido após 45, 60 e 150 minutos de aplicação do citrato de maropitant, um efeito pró-arrítmico. Assim, ambos os parâmetros eletrocardiográficos mostraram-se sensíveis para diagnósticos de distúrbios de repolarização associados à administração do citrato de maropitant. Ao exame ecodopplercardiográfico, constatou-se aumento no tempo de relaxamento isovolumétrico (TRIV) 150 minutos após a aplicação. Sugere-se investigações adicionais sobre os mecanismos deste fármaco sobre a despolarização e repolarização miocárdica, bem como quanto a função cardíaca, sobretudo diastólica. Não foram verificadas outras alterações de parâmetros hemodinâmicos (débito cardíaco, índice de Tei, função sistólica e relação E/A). Deste modo, o citrato de maropitant pode ser utilizado em anestesia geral de cadelas hígidas, sem alterações hemodinâmicas significativas, sobretudo em relação à pressão arterial, frequência cardíaca, débito cardíaco e performance miocárdica, com ressalvas a animais que apresentem distúrbios de repolarização miocárdica. Sendo assim, este fármaco deve ser utilizado com cautela em pacientes com alterações de intervalos QT e QTcorrigido ou déficits diastólicos diagnosticados previamente.

Biografia do Autor

Francielli Ambrosini, Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Realeza
Discente do Curso de Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Campus Realeza, PR, Brasil. Bolsista do projeto de iniciação científica aprovado pelo edital número 281/UFFS/2015.
Gabrielle Coelho Freitas, Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Realeza
Doutora em Medicina Veterinária pela FCAV-UNESP-Jaboticabal – área de concentração: cardiologia (2008-2011). Docente do Curso de Graduação em Medicina Veterinária da UFFS Campus Realeza, PR, Brasil.
Gentil Ferreira Gonçalves, Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Realeza
Doutor em Cirurgia Veterinária pela Universidade Federal de Santa Maria (2005). Docente do Curso de Graduação em Medicina Veterinária da UFFS Campus Realeza, PR, Brasil.
Tatiana Champion, Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Realeza
Doutora em Medicina Veterinária pela FCAV-UNESP-Jaboticabal – área de concentração: cardiologia (2008-2011). Docente do Curso de Graduação em Medicina Veterinária da UFFS Campus Realeza, PR, Brasil.

Referências

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Publicado
20-09-2016