PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS ÓBITOS DE PACIENTES PORTADORES DO VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA (HIV) QUE REALIZARAM ACOMPANHAMENTO EM UM SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA ESPECIALIZADA NA REGIÃO OESTE CATARINENSE NO PERÍODO DE 1984 A 2015.

  • Aldair Weber Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
  • Tatiane De Souza Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
  • Gabriela Flores Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
  • Larissa Tombini Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
Palavras-chave: Epidemiologia, Vírus da Imunodeficiência Humana, Serviço.

Resumo

Introdução: Na década de 1980, o mundo vivenciou o início da epidemia relacionada à infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (Human Immunideficiency Virus - HIV), causador da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Acquired Immune Deficiency Syndrome - AIDS), considerada epidemia mundial pelo grande contingente populacional afetado. Observa-se desde o seu descobrimento, em 1980, uma evolução diferenciada do HIV/aids no Brasil, assim como mudanças no perfil epidemiológico da infecção ao longo dos anos. A epidemia foi progressivamente disseminada entre mulheres, caracterizando um processo de feminização e heterossexualização, também, acometimento de pessoas com menor nível de escolaridade, chamado pauperização e, numa ampla perspectiva social e geográfica, a interiorização, ou seja, a propagação da epidemia para um número cada vez maior de municípios distantes das principais áreas metropolitanas. Objetivo: Apresentar o perfil epidemiológico dos óbitos de pacientes portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV) acompanhados no Serviço de Assistência Especializada (SAE) na região Oeste Catarinense, no período de 1984 até 2015. Metodologia: A pesquisa tem caráter observacional, exploratório, longitudinal, com análise quantitativa analítica. Trata-se de estudo quantitativo, transversal sobre base de dados secundária (prontuários dos pacientes e registros do serviço), que incluiu pacientes infectados pelo HIV e/ou com diagnóstico de aids registrados e acompanhados pelo SAE da região Oeste Catarinense no período entre 1984 e 2015, e que foram a óbito neste período. Após a análise dos prontuários e coleta dos dados, estes foram digitalizados em uma planilha “Excel” e realizada a análise. Foram observadas as variáveis: município de residência, grau de escolaridade, sexo, raça, condição marital e categoria de exposição. As variáveis foram categorizadas conforme apresentado pelo Ministério da Saúde no Boletim Epidemiológico do HIV/aids no Brasil 2015. Resultados e Discussão: O total de prontuário analisados foi de 323. Pode-se observar na variável “grau de escolaridade” (Figura 01) que 16 indivíduos são analfabetos (5%); 69 com 1 a 4ª série incompleta (21%); 53 com 4ª série completa (16%); 84 de 5ª a 8ª série incompleta (26%); 43 do total tem ensino fundamental completo (13%); 27 destes com ensino médio completo (8%); 5 com ensino superior incompleto (2%); 8 com ensino superior completo (3%); além de 5 indivíduos em que a variável não se aplica (2%); 7 com variável ignorado (2%) e 6 prontuários sem registros encontrados (2%). Na variável “sexo” (Figura 02), 192 indivíduos são do sexo masculino (59%); 122 do sexo feminino (38%) além de 9 prontuários sem registros (3%). A variável “raça” (Figura 03) tem predominância da raça branca, totalizando 251 indivíduos (78%); 25 indivíduos pardos (8%); 7 de raça preta (2%) e 1 indígena (0%); além de 9 prontuários com a variável ignorada (3%) e 30 sem registros encontrados (9%). A outra variável analisada é a “condição marital” (Figura 04) em que 77 dos indivíduos eram casados (24%); 104 solteiros (32%); 51 vivendo em união consensual (16%); 23 indivíduos viúvos (7%); 42 divorciados (13%); além de 2 prontuários em que a variável não se aplica (1%); 8 indivíduos com variável ignorado (2%) e 16 prontuários sem dados da variável (5%). Quanto à categoria de exposição, foram identificados 261 usuários cuja exposição foi sexual (81%); 14 usuários com exposição sanguínea (4%), 7 usuários com transmissões verticais (2%), 31 prontuários sem dados (10%) e 9 que tiveram a a variável ignorada (3%).  A última variável analisada corresponde ao município de residência em que foram encontrados como resultado o município de Chapecó abrigando 205 indivíduos portadores do total da amostra (63%); seguido do município de Pinhalzinho com 13 indivíduos (4%); 8 portadores residindo em Maravilha (2%); 5 em Águas de Chapecó (2%) e em Palmitos (2%); Os demais municípios de abrangência do SAE (32) registraram 87 óbitos (21%), entre 1, 2 ou 3 óbitos cada. Além disso, 18 prontuários (6%) não tinham disponíveis os registros do município de residência. Dessa forma, o perfil epidemiológico é caracterizado por pacientes do sexo masculino, brancos, com grau de escolaridade de 5ª a 8ª série incompleta, heterossexuais, solteiros, com residência massiva no município de Chapecó. Conclusão: A importância de construir um perfil epidemiológico deve-se a capacidade de observar as dinâmicas do serviço de assistência desde a sua criação até os dias atuais, contribuindo para que este possa prestar um atendimento cada vez mais integral e humanizado e mostrando a relevância deste serviço na região Oeste Catarinense, que teve o primeiro caso de HIV/aids de Santa Catarina registrado no município de Chapecó e que ainda registra um numero elevado de casos diagnosticados de pessoas vivendo com HIV/AIDS.

 

 

Publicado
21-09-2016