UTILIZANDO O SGA COMO INSTRUMENTO PARA PLANEJAMENTO AMBIENTAL EM OBRAS DA CONSTRUÇÃO CIVIL

  • valdemir Fonseca da Silva Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Marcio Antônio Vendruscolo Universidade Federal da Fronteira Sul
Palavras-chave: Edificações, Gestão Ambiental, Impacto Ambiental.

Resumo

1 Introdução

A área de construção civil abrange todas as atividades de produção de obras, podendo ainda ser descrita como o processo de produção de espaços modificados que emprega materiais e pessoas, mas principalmente, conhecimento. Este processo produtivo envolve várias fases que vão desde a concepção do projeto construtivo e organização das etapas, até a escolha de recursos e tecnologias. Nesta área estão incluídas as atividades referentes às funções de planejamento, projeto, execução, manutenção e restauração de obras em diferentes segmentos, tais como edificações, estradas, portos, aeroportos, canais de navegação, túneis, instalações prediais, obras de saneamento, de fundações e de terra em geral, estando excluídas as atividades relacionadas às operações, tais como a operação e o gerenciamento de sistemas de transportes, a operação de estações de tratamento de água e de barragens.

A construção civil é um dos maiores responsáveis por impactos ao meio-ambiente, que inclui desde a produção de seus materiais primários até o descarte de seus resíduos. Porém, as pressões externas relacionadas à proteção do meio ambiente e a busca pelo desenvolvimento sustentável vêm gerando a necessidade de mudanças na gestão destas organizações. Sendo assim, a questão ambiental tem-se tornado um tema de grande importância na área de construção civil, pois o não gerenciamento ambiental sustentável nesse setor poderá ocasionar grandes danos ao ambiente. A existência de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) numa empresa geralmente conduz a melhoria em desempenho ambiental. A natureza de uma organização determina que, quando uma questão é levada à administração, deverá ser tratada de forma sistemática e positiva. Quando metas e objetivos são estabelecidos dentro do sistema administrativo, e pessoas e organização são avaliadas por completo para verificar se esses objetivos e metas foram alcançados, o resultado é uma melhoria (HARRINGTON, 2001).

Este trabalho justifica-se pela necessidade de se vislumbrar a criação, sob o panorama da sustentabilidade, de métodos e estratégias administrativas para efetivar a idéia de gestão racional para a exploração contínua dos recursos naturais pela indústria da construção civil.

2 Objetivo

O presente trabalho enfoca a organização do Sistema de Gestão Ambiental, a partir do levantamento dos aspectos e impactos, com intuito de propor a incorporação dos Planos de Ação Ambiental ao planejamento do processo de construção de empreendimentos imobiliários.

 

3 Metodologia

A partir de uma revisão da literatura sobre o assunto foi elaborada uma tabela onde foram descritas as etapas envolvidas na atividade da construção civil, identificando seus respectivos aspectos e impactos ambientais. Posteriormente, realizou-se uma análise quantitativa dos fatores de impacto ambiental, para tanto, utilizou-se a metodologia proposta por Resende et al (2008). Esta metodologia estabelece escalas para a quantificação dos fatores de impacto quanto à intensidade, ocorrência e severidade dos mesmos, definidas em graus 1,2 e 3, com o objetivo de conferir prioridade aos mesmos e, assim, estabelecer métodos para mitigá-los, conforme requer a norma ISO 14.001:2004. Esses métodos são representados pelos Planos de Ação, que foram elaborados de acordo com a situação de cada impacto prioritário. A edificação que serviu de base para a análise quantitativa dos fatores de impacto está localizada no município de XVI de Novembro-RS, sendo uma obra de pequeno porte e será destinada à realização de eventos da comunidade local.  Nesta edificação foi possível acompanhar todas as etapas de uma obra de construção civil, facilitando dessa forma a identificação dos impactos prioritários, os quais são objetos de ações mitigadoras, contempladas na elaboração dos Planos de Ação.

4 Resultados e Discussão

A partir do entendimento das etapas envolvidas no processo de incorporação de construções, das atividades nelas estabelecidas e dos métodos de planejamento adotados, foi possível definir e relacionar os aspectos e os impactos ambientais.

De acordo com a metodologia utilizada e com a análise quantitativa dos fatores de impacto, foram identificados os seguintes impactos prioritários: Modificação Permanente da Paisagem; Perda da Biodiversidade; Modificação da Estrutura do Solo; Esgotamento de Recurso Natural; Poluição do Lençol Freático; Poluição do Solo; Poluição Sonora; Esgotamento de Recurso Hídrico e Compactação do Solo.

Com a identificação dos impactos, foi preciso propor ações, através dos Planos Ambientais, que permitam o controle de objetivos e metas, definidos para a mensuração da eficiência dos planos propostos no SGA.

 

5 Conclusão

Planejar uma construção civil de forma sustentável é considerar todos os métodos construtivos e meios de produção, e escolher aqueles que mais se harmonizam com o meio ambiente, isso porque o planejamento considera possíveis imprevistos e as consequências destes na evolução da obra, e também, prevê medidas corretivas com antecedência. A maior justificativa desse procedimento é a otimização do processo, a redução nos custos de produção e o tempo de execução da obra.

O PDCA (Plan, Do, Check, Act) considera a fase de planejamento como a etapa inicial, sendo que a identificação dos aspectos ambientais, avaliação dos impactos pertinentes, identificação dos requisitos e estabelecimento dos critérios internos são imprescindíveis para o sucesso dessa fase.

Assim, verifica-se que o planejamento estratégico propõe novas formas para se alcançar uma conduta correta de tomadas de decisões que vão melhorar os resultados. E o SGA sugere que todos esses procedimentos, descritos na execução de uma obra, estejam em conformidade com o objetivo de melhoria contínua do desempenho ambiental, em sintonia com a legislação.

 

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO 14.001: Sistemas de gestão ambiental - Requisitos com orientação para uso. 2ª Edição. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.

GEHBAUER, F.; EGGENSPERGER, M.; ALBERTI, M. E.; NEWTON, S. A. Planejamento e Gestão de Obras: Um Resultado Prático da Cooperação Técnica Brasil-Alemanha. 1º edição. Curitiba: Editora CEFET-PR, 2002.

HARRINGTON, H. J., A implementação da ISO 14000: como atualizar o SGA com eficácia / H. James Harrington, Alan Knight; tradução de Fernanda Góes Barroso, Jerusa Gonçalves de Araujo: revisão técnica Luis César G. de Araujo. – São Paulo : Atlas, 2001.

MOURA, L. A. A. Qualidade e Gestão Ambiental: Sustentabilidade e Implantação da ISO 14.001. 5º edição. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2008.

RESENDE, V.; Souza, N. G.. de; ESCOBAR, L. Manual do Sistema de Gestão- Lince Veículos SA. 3ª Edição. Goiânia, Lince Veículos SA. 2008.

Publicado
13-09-2016