UM ENCONTRO COM A INICIAÇÃO À DOCÊNCIA NOS CURSOS DE LICENCIATURA DA UFFS: POSSIBILIDADES E LIMITES DO PIBID

  • Flávia Aparecida Moro Fernandes Santarém Universidade Federal da Fronteira Sul Chapecó
  • Maria Lucia Marocco Maraschin Universidade Federal da Fronteira Sul Chapecó
Palavras-chave: PIBID, Formação Inicial para a Docência na Educação Básica, Encontros de docência

Resumo

1 Introdução

A pesquisa em tela visibiliza os exercícios formativos de iniciação à Docência decorrentes do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência PIBID/UFFS e em outras instituições do país, com o propósito de contribuir no valor agregado oportunizado por essa política de formação inicial. Trata-se de um movimento em construção, no qual se observa que participar do PIBID para os licenciandos, coordenadores e supervisores tem se constituído numa possibilidade ímpar de aproximação do lócus de atuação profissional. Neste contexto, problematizamos: Em que medida a Iniciação à Docência oportunizada pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - PIBID/UFFS - influenciou o pensamento e a prática dos professores em processo de formação nos cursos de licenciatura da UFFS, e quais os “encontros de docência” que caracterizam essas ações?

2 Objetivo

O propósito deste estudo foi localizar elementos que possibilitem analisar a influência da Iniciação à Docência na construção do pensamento e prática docente pelos licenciandos decorrente de sua inserção nas escolas de educação básica por meio dos subprojetos do Programa PIBID na UFFS. Ademais, procuramos mapear e analisar os “encontros de docência” como possibilidades formativas na interface educação básica e superior, apontados pela produção acadêmica nacional (teses e dissertações), via sítio da CAPES e IBICT.

3 Metodologia

Esse exercício constituiu-se numa pesquisa de análise documental e do tipo “estado do conhecimento” (FERREIRA, 2002). Inicialmente, analisamos os objetivos expressos nos editais da CAPES que possibilitaram à participação dos Cursos de Licenciatura da UFFS no PIBID, de 2007 a 2013. Foram objetos desta investigação os relatórios institucionais do PIBID/UFFS no período de 2011 a 2015, os quais sistematizam as ações coletivas dos subprojetos vinculados, e, estudos produzidos por meio de programas de mestrado e doutorado, atentos ao tema em universidades brasileiras. Os critérios de análise ancoraram-se nos desafios e contribuições apresentadas por Tripp (2005), acerca do ensino médico e, da Análise de Conteúdo de Bardin (1979) e Trivinos (1987) estabelecidas como movimento de: pré-análise, análise categorial e análise inferencial.

4 Resultados e Discussão

Adentrar ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência significou adentrar a um campo de ações e tensões expressas de diferentes formas, pois ao possibilitar o acesso à escola como lócus formativo, o Programa assume e reconhece a importância dos saberes e conhecimentos do professor que atua na escola como supervisor e a importância da sincronia necessária a este processo formativo. O que se evidencia ao acessar aos relatórios institucionais e as teses e dissertações localizadas pelos descritores definidos, são as marcas da necessidade e das demandas locais e institucionais acompanhadas pela reflexão, como o olhar, o (re)olhar a sala de aula e a escola como espaços ímpares para aprender e vivenciar a docência na interface, universidade e curso de licenciatura. Sendo assim, podemos destacar que o PIBID vem oportunizando aos licenciandos conhecer as particularidades e os meandros dessa profissão; possibilitando a permanência e diminuído a evasão de estudantes nos cursos de vínculo; potencializando a relação universidade escola pelo movimento formativo: inicial e continuado, pela relação teoria e prática, pelos estudos sistemáticos; assumindo a importância da disciplina intelectual e os compromissos éticos nas e com as práticas de observação e, a importância da leitura, escrita e das tentativas de inovação. Em atenção à iniciação a profissão docente, localizamos múltiplas possibilidades de ensino e de aprendizagens, nas quais também situamos dificuldades vivenciadas pelos bolsistas na materialização dos exercícios provisionados. Em razão disso, organizamos um protocolo docente, o qual situa e caracteriza demandas com o intuito de na amplitude do fazer docente, situar particularidades e processos tais como: a) Monitoramento dos espaços e da ação docente; b) Construção de instrumentos, processos e práticas de diagnóstico e de intervenção docente em sala de aula e na escola; c) Estudos e práticas de Avaliação, planejamento e replanejamento. Em seguida, verificamos o que as produções dos programas Stricto Sensu apresentavam sobre o PIBID e localizamos 108 (cento e oito) dissertações e teses, situando os “encontros de docência”. Na análise percebemos em quais Instituições fizeram-se presente um número significativo de pesquisas sobre o PIBID destacando-se: a Universidade Estadual de Londrina com dez (10) trabalhos; a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e a Universidade Federal de Santa Maria com oito (8) produções; a Universidade de São Paulo com sete (7); a PUC do Rio Grande do Sul com seis (6) trabalhos. Desta forma, observamos que grande parte das produções se concentram na região Sul e Sudeste. No interposto, com as leituras e análises efetuadas, optou-se pelo agrupamento das categorias descritivas das aprendizagens constituídas como “encontro de docência” e inferenciadas, tais como: Interação Universidade e Escola; Reflexão sobre e a partir da prática docente: mediadora na construção do protagonismo docente; Relação teoria e prática; Ação colaborativa e trabalho coletivo; Constituição de repertórios.

5 Conclusão

Isto posto, concluímos que um Programa da dimensão do PIBID, que demanda socialmente à valorização da formação docente na e para a educação básica, da profissão do professor e da sua carreira profissional, vem forjando a mobilização interna e externa das instituições envolvidas neste processo; pois, ao abrir as portas das escolas para que o licenciando conheça a sala de aula e suas interfaces, explicitando os “mitos” que circunscrevem a profissão, de forma “assistida, e acompanhada” por “bons professores”  significa estimular a adesão e a permanência na profissão docente, como reitera Mizukami (2013, p. 23): “A docência é uma profissão complexa e, tal como as demais profissões, é aprendida. (...) Iniciam-se antes do espaço formativo das licenciaturas e prolongam-se por toda a vida, alimentados e transformados por diferentes experiências profissionais e de vida”. Neste sentido, nossa expectativa é que esta possibilidade permita ao estudante em processo de formação acreditar neste processo e fazer-se profissional em movimento permanente de aprendizagem, transformando-se em pesquisador do próprio fazer junto aos seus pares, desvelando e ressignificando, os sempre novos e necessários saberes implicados na docência em atenção aos conhecimentos específicos, aos conhecimentos pedagógicos  e aos conhecimentos sobre e a partir dos sujeitos do processo formativo da educação infantil à educação superior.

Referências

BARDIN, Laurence. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1979.

FERREIRA. Norma Sandra de Almeida. As pesquisas denominadas “Estado da arte”. Educação & Sociedade, ano XXIII, nº 79, Agosto/2002.

MIZUKAMI, M. G. N. Escola e desenvolvimento profissional da docência. In: GATTI, B. A. et al. Por uma política nacional de formação de professores. São Paulo: Editora Unesp, 2013, p. 23-54.

TRIPP, D. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. Revista Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 31, n. 3, p 443-466, set/dez. 2005.

TRIVIÑOS, Augusto N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.

Publicado
16-10-2016