AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL NOS LABORATÓRIOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL – CAMPUS CHAPECÓ

  • Rutyeli Dalla Vecchia Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Marlon Luiz Neves da Silva Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
Palavras-chave: Avaliação de impacto ambiental, Gestão ambiental, Laboratório

Resumo

AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL NOS LABORATÓRIOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL – CAMPUS CHAPECÓ

 

RUTYELI DALLA VECCHIA1,2*, MARLON LUIZ NEVES DA SILVA1,2

1Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Chapecó; 2Grupo de Pesquisa Estudos e Pesquisa em Saneamento Ambiental da Universidade Federal da Fronteira Sul;

*Autor para correspondência: Rutyeli Dalla Vecchia (rutyeli.dv@gmail.com)

 

1 Introdução

A Universidade Federal da Fronteira Sul, desde sua fundação, vem interagindo com o ambiente local, seja pela construção física, seja pelas atividades de ensino, pesquisa, extensão, consumo e geração de resíduos. Esta relação homem-ambiente, quando negligenciada, pode resultar em impactos ambientais.

A norma brasileira da ABNT, ISO 14001 (2004, p. 2), define impacto ambiental como “qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, dos aspectos ambientais da organização”. Dessa forma, diante do exposto, destaca-se a necessidade de investigação, remediação e monitoramento dos impactos causados pela implantação e operação dos laboratórios da UFFS, campus Chapecó - SC.

 

2 Objetivo

O presente estudo tem como objetivo desenvolver e aplicar uma matriz de interação para a Avaliação dos Impactos Ambientais associados ao funcionamento dos laboratórios da Universidade Federal da Fronteira Sul do Campus Chapecó-SC.

 

3 Metodologia

As ferramentas utilizadas para a identificação de todos os processos envolvidos nos referidos laboratórios foram visitas a campo e análise documental. Os documentos analisados foram o Plano de Gerenciamento de Resíduos dos Laboratórios (PGRS) da UFFS e o Manifesto de Transporte de Resíduos Perigosos, este último mostrou dados quantitativos da geração de resíduos perigosos nos meses de janeiro a julho de 2016.

Para a avaliação dos impactos ambientais, elaborou-se uma série de matrizes de interação, onde cada uma avaliou determinado critério, resultando em uma matriz final. Nessas matrizes, relacionou-se os aspectos ambientais com os seus respectivos impactos ambientais.

Caso a relação existisse, o campo da matriz correspondente a essa relação recebia uma valoração, sendo um ponto para interação baixa, dois pontos para média e três pontos para alta, caso a interação não existisse, a valoração era zero. Também, elencou-se critérios para serem analisados, sendo eles: a natureza, a magnitude, a temporalidade, a reversibilidade e a probabilidade de ocorrência do impacto ambiental.

Para o resultado final, somou-se os valores de cada critério para cada interação de aspecto com impacto ambiental e multiplicou-se pela natureza do impacto, podendo ser -1 para impacto negativo e +1 para impacto positivo. A significância de cada impacto ambiental, foi encontrada através da soma todos os valores obtidos de todas as interações reais. Sendo assim, encontrou-se um valor de significância para cada impacto ambiental.

 

4 Resultados e Discussão

Através da metodologia apresentada, pode-se obter a matriz do Bloco 1 e a matriz do Bloco 3 e 4, esta última pode ser observada na Tabela 1.

Todos os resíduos gerados nos laboratórios e que são classificados pela NBR 10.004 (ABNT, 2004) como Classe I (perigosos) são transportados, tratados e dispostos de forma adequada por empresa especializada e licenciada. Porém, mesmo sendo realizado o manejo adequado dos resíduos perigosos, o impacto negativo “Geração de Resíduos” apresentou a maior significância nas duas matrizes.

O impacto “Dificuldade no Tratamento do Efluente” também recebeu alta valoração, porém esse valor foi mais considerável na matriz do Bloco 3 e 4, uma vez que a geração de resíduos perigosos nesses laboratórios é maior do que nos laboratórios do Bloco 1.

A valoração dos impactos ambientais negativos “Mudança da comunidade microbiana do efluente”, “Danos para a fauna aquática”, “Danos para a flora”, “Contaminação do curso d’água” e “Contaminação do solo”, foram considerados significativos para todos os blocos. Porém, no Bloco 1, os impactos “Danos para a flora” e “Contaminação do solo” foram não  significativos. A não presença de metais pesados e a utilização de compostos perigosos em menor quantidade na realização das atividades dos laboratórios desse bloco, justifica tal fato.


Tabela 1 - Resultado da matriz de interação dos aspectos e impactos ambientais dos laboratórios do Bloco 3 e 4.

RESULTADOS

IMPACTOS

MEIO BIÓTICO

MEIO FÍSICO

SOCIOECONÔMICO

FASE

MATRIZ BLOCO 3 E 4

Mudança da comunidade microbiana do efluente

Dificuldade no tratamento do efluente

Danos para a fauna aquática

Danos para a flora

Geração de resíduos

Contaminação do curso d’água

Contaminação do solo

Consumo de energia

Consumo de água

Gastos econômicos

Risco de acidentes

Avanço da tecnologia

Melhoria na qualidade de ensino da comunidade

SIGNIFICÂNCIA NÃO SIGNIFICATIVO: 0 - 44
SIGNIFICATIVO: 45 - 132
MUITO SIGNIFICATIVO: > 132

Aspectos

OPERAÇÃO

Utilização de solventes orgânicos não halogenados

0

-9

-10

-7

-9

-9

-8

0

0

-7

-12

0

0

Utilização de solventes orgânicos halogenados

0

-9

-10

-7

-9

-9

-8

0

0

-7

-12

0

0

Utilização de ácidos orgânicos

-7

-11

-11

-7

-9

-10

-7

0

0

-7

-12

0

0

Utilização de ácidos inorgânicos

-7

-11

-11

-7

-9

-10

-7

0

0

-7

-12

0

0

Utilização de bases

-7

-11

-11

-7

-9

-10

-7

0

0

-7

-12

0

0

Utilização de agentes oxidantes

-6

-10

-9

-5

-9

-8

-6

0

0

-7

-12

0

0

Utilização de fertilizantes

0

-7

0

0

-8

-5

0

0

0

-6

0

0

0

Utilização de sais

-6

-10

-10

-7

-9

-9

-7

0

0

-7

-10

0

0

Utilização de corantes

0

-9

0

0

0

-8

0

0

0

-1

0

0

0

Utilização de hormônio vegetal

0

-10

-10

-11

-8

-8

-8

0

0

-6

0

0

0

Utilização de meios de cultura com reagentes químicos

-10

-10

-10

0

-7

0

0

0

0

-6

0

0

0

Geração de soluções contendo metais pesados

-11

-11

-12

-11

-9

-11

-11

0

0

-7

-12

0

0

Utilização de efluentes domésticos e industriais

-10

-11

-11

-8

-8

-10

-8

0

0

0

0

0

0

Geração de gases de éter

0

0

0

0

-8

0

0

0

0

-7

-12

0

0

Geração de gases de hexano

0

0

0

0

-8

0

0

0

0

-7

-12

0

0

Geração de óleos e graxas

0

-11

0

0

0

-9

-9

0

0

0

0

0

0

Restos de amostras vegetais e papel contaminados com metal pesado

0

0

0

0

-9

0

0

0

0

-7

-11

0

0

Geração de vidraria quebrada

0

0

0

0

-9

0

0

0

0

-7

-12

0

0

Aprendizagem dos acadêmicos

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

12

Estudos científicos

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

0

11

0

Realização de todas as atividades dos laboratórios

0

0

0

0

-10

0

0

-10

-9

-7

0

0

0

 

SIGNIFICÂNCIA

-64

-140

-115

-77

-147

-116

-86

-10

-9

-110

-141

11

12

Fonte: Elaborado pelo autor (2016)


O impacto ambiental negativo “Gastos Econômicos” recebeu alta valoração nas duas matrizes, sendo considerado como muito significativo. O impacto ambiental “Risco de Acidentes” é muito significativo nos blocos 3 e 4. Porém, no Bloco 1 é apenas significativo, isso remete ao fato de haver menor utilização de compostos perigosos nesses laboratórios.

 

5 Conclusão

Durante as visitas a campo pode-se perceber que a gestão dos resíduos provenientes dos laboratórios de fato ocorre. Porém, a quantidade de pessoas que circulam nos laboratórios é muito variada. Portanto, sugere-se que a coordenação dos laboratórios crie um programa de conscientização ambiental para técnicos, professores, alunos e toda a comunidade acadêmica. Esse programa deve ser contínuo, ocorrendo sempre com a chegada de novas pessoas.

Através do presente estudo identificou-se todos os impactos ambientais atuais e previu-se impactos futuros. Porém, sugere-se que seja criado um Plano de Gestão Ambiental, onde continuamente, em intervalos de anos, os impactos ambientais sejam identificados e valorados. Dessa forma, esse plano se manterá atualizado e os laboratórios poderão funcionar da forma menos impactante possível.

Através da identificação e valoração dos impactos ambientais, percebe-se a importância de mitigá-los, compensá-los e como realizar tais ações. Logo, o presente projeto contribui para o início de uma série de pesquisas que podem surgir para cessar ou minimizar estes impactos.

 

Palavras-chave: Avaliação de impacto ambiental; Gestão ambiental; Laboratório

Fonte de Financiamento

PIBIC - CNPq

Referências

ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 14001: sistema de gestão ambiental. Rio de Janeiro, 2004.

Publicado
05-09-2016