INFLUÊNCIA DE REGULADORES DE CRESCIMENTO, BIOFERTILIZANTE E SEGMENTO DE CLADÓDIOS NA PROPAGAÇÃO VEGETATIVA DE PITAIA

  • Yasmin Tomazi Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Laranjeiras do Sul
  • Rodrigo Ruths
  • Diogo José Siqueira
  • Lisandro Tomas da Silva Bonome
Palavras-chave: Selenicereus setaceus, Cladódio, Mudas, Fitormônios, Fruta dragão

Resumo

1 Introdução

Atualmente a fruticultura representa um valor expressivo no total da produção agrícola nacional. Essa atividade possui elevado efeito multiplicador de renda, permitindo a dinamização de economias locais, estagnadas e com poucas alternativas de desenvolvimento. Assim, o plantio de espécies frutíferas tem se tornado uma excelente opção de diversificação para agricultura familiar em pequenas propriedades, assumindo um importante papel socioeconômico, por absorver intensa mão de obra familiar e resultar em alto rendimento econômico por área.

A pitaia pode ser propagada por sementes ou vegetativamente. A propagação vegetativa é mais atraente, pois proporciona uniformização da produção, precocidade de produção e manejo simples e rápido para formação de mudas (JUNQUEIRA et al., 2002).

Por se tratar de uma frutífera tropical pouco conhecida, existem poucas informações de ordem prática para os agricultores. Dentre esses conhecimentos, a otimização da metodologia de propagação vegetativa de pitaia, a partir de pequena quantidade de material propagativo é de fundamental importância para êxito econômico da cultura.

2 Objetivo

Este estudo teve por objetivo a otimização da metodologia de propagação vegetativa de Selenicereus setaceus Rizz.

3 Metodologia

O experimento foi conduzido na Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Laranjeiras do Sul, em casa de vegetação controla com temperatura de 25ºC e a umidade relativa de 60%. Os cladódios foram selecionados de acordo com a sanidade e tamanho, foram segmentados em: segmento apical, mediano e basal (todos com 10cm) e cladódio inteiro (40 cm)  e plantados em substrato contendo 40% substrato comercial, 30% terra e 30% areia. Foram utilizados 5 tratamentos, sendo: biofertilizante (4ml/L de água), auxina 500 ppm, giberelina 100 ppm, citocinina 200 ppm e testemunha.

As aplicações ocorreram aos 0, 39, 64, 91, 116 e 143 dias após o plantio em quantidade suficiente para causar o molhamento total do cladódio. Apenas o tratamento com auxina foi realizado somente na implantação do experimento, por ser o único em que se fez imersão da região basal do cladódio por 24 horas na solução. A avaliação de número de brotações foi efetuada nos dias de aplicação dos tratamentos e o comprimento de raiz e massa seca de raiz foram avaliados no 143ª dia após a implantação do experimento. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com três repetições e as parcelas foram compostas por cinco cladódios.

4 Resultados e Discussão

O tratamento que proporcionou maior comprimento e acúmulo de matéria seca de raiz foi o com auxinas, enquanto que, o tratamento com biofertilizante foi o que promoveu menor comprimento de raiz. A auxina estimula a divisão e a expansão celular favorecendo a formação e o crescimento de raízes adventícias (MERCIER, 2008).


A região do cladódio influenciou na massa seca de raiz formada. Quando se utilizou cladódios inteiros (40 cm) a massa seca de raiz foi superior ao observado para as demais partes do cladódio. Segundo Hartmann et al., (2002), o enraizamento geralmente difere com o tipo e região da estaca utilizada para a propagação vegetativa. O tamanho dos cladódios inteiros pode ter se constituído em uma vantagem em relação aos demais. Segundo Fachinello et al., (2005) reservas mais abundantes de carboidratos correlacionam-se com maiores porcentagens de enraizamento, pelo fato de que a formação celular requer esqueletos de carbono para biossíntese de novas biomoléculas e energia. Neste contexto, estacas maiores apresentam capacidade de armazenamento de maiores quantidades de amido que servirão de substrato para a divisão celular.


Durante os primeiros 20 dias de implantação do experimento, não foi observada  diferença significativa para o número de brotos formados em relação às diferentes regiões de cladódios avaliadas. Isso pode ser atribuído ao pequeno número de raízes neste período, restringindo água e nutrientes minerais para a parte aérea, prejudicando às divisões e expansões celulares essenciais para a formação de brotos.

A partir de 39 dias após a implantação do experimento, o tratamento com cladódio inteiro e a região da base apresentam maiores médias de número de broto em comparação as regiões mediana e ápice. O segmento de cladódio inteiro apresenta maior quantidade de reservas nutritivas, hormônios e seus cofatores, consequentemente, essa região obterá maior aporte para produzir quantidades superiores de brotos do que as regiões segmentadas.

Ressalta-se que o número de brotos é de fundamental importância para o produtor de mudas, pois cada broto (cladódio pequeno) constitui-se numa potencial muda.

5 Conclusão

Os cladódios tratados com auxina apresentaram maiores médias de comprimento de raiz e matéria seca, enquanto que, aqueles tratados com biofertilizantes menores.

A massa seca de raiz de cladódios inteiros foi superior ao observado para cladódios de 10 cm.

A partir de 39 dias após a implantação do experimento, os tratamentos com cladódio inteiro e região basal apresentaram maiores médias de número de broto em comparação as regiões mediana e apical.

Referências

JUNQUEIRA, K. P.; JUNQUEIRA, N. T. V.; RAMOS, J. D.; PEREIRA, A. V. Informações preliminares sobre uma espécie de Pitaya do Cerrado. Planaltina, DF: Embrapa Cerrados, 2002. 18p. (Embrapa Cerrados. Documentos, 62).

HARTMANN, H.T.; KESTER, D.E.; DAVIES JR, R.T.; GENEVE, R.L. Plant propagation: principles e practices. 7. ed. New Jersey: Prentice Hall, 2002. 880 p.

MERCIER, H. Auxinas. In: KERBAUY, G.B. Fisiologia Vegetal. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. 452p.

FACHINELLO, J.C.; HOFFMANN, A.; NACHTIGAL, J. Propagação vegetativa por estaquia. In: FACHINELLO, J.C. Propagação de Plantas Frutíferas. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2005. p. 69-109.

Publicado
23-09-2016