DESENVOLVIMENTO DE BIOHERBICIDA PARA CONTROLE DE MACRÓFITAS AQUÁTICAS INFESTANTES

  • Michele Renata Revers Meneguzzo Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim - RS.
  • Altemir Mossi Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim - RS.
  • Luan Macagnan Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim - RS.
  • Francisco Reichert Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim - RS.
  • Jaqueline Dill Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim - RS.
  • Helen Treichel Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim - RS.
Palavras-chave: Controle biológico, bioproduto, macrófitas

Resumo

1 Introdução

O Brasil é considerado um país de vanguarda em termos de matriz energética, apesar da grande importância das usinas hidrelétricas, a construção das mesmas promove alterações significativas e irreversíveis no ambiente. Sob este aspecto, o represamento de corpos d’água transforma as condições de fluxo do recurso hídrico de lóticas para lênticas e, consequentemente, ocorrem alterações no sistema biológico original (GASTAL JR. et al., 2003).

A produção de uma grande quantidade de matéria orgânica gera um grande consumo de oxigênio e liberação de nutrientes para o meio aquático, acelerando o processo de eutrofização. O que pode desencadear um processo conhecido por “cicatrização ambiental”, onde plantas com elevada plasticidade ambiental e potencial biológico desencadeiam amplos processos de proliferação (IRGANG et al., 2000).

No Brasil existem diversos reservatórios onde verifica-se a presença de espécies vegetais responsáveis pela cicatrização ambiental, dentre eles: Salvinia auriculata e Eichhornia crassipes na UHE Tucuruí (GRACIANI, 2003); Salvinia herzogii, Eichhornia crassipes e Pistia stratiotes na UHE Itá (GASTAL JR. et al., 2003) entre outros.

2 Objetivo

Diante dos problemas gerados pela macrófitas em reservatórios, este projeto tem como objetivo principal o desenvolvimento de um bioproduto para controle de macrófitas aquáticas infestantes de áreas de inundação de reservatórios de usinas hidroelétricas.

3 Metodologia

Para os experimentos foram utilizadas as seguintes espécies de macrófitas aquáticas flutuantes livres: Eichhornia crassipes, Pistia stratiotes e Salvinia herzogii. As plantas foram coletadas no Horto Florestal do município de Erechim/ RS, onde foram multiplicadas em caixas d’água, na estufa da Universidade Federal da Fronteira Sul. Os micro-organismos fitopatogênicos utilizados foram previamente isolados e mantidos no Laboratório de Microbiologia da UFFS – Campus Erechim. A partir da obtenção da matéria prima necessária para a execução do projeto, o mesmo seguiu algumas etapas. Dentre elas:

1.1- Processo Fermentativo

A obtenção do sobrenadante, para testes de atividade bioherbicida, foi realizada em fermentação submersa através do uso de frascos agitados, contendo 125 mL de meio de cultura. A formulação do meio de cultura foi realizada com as seguintes proporções: 10 g/L de glicose (C6H12O6); 7,5 g/L de extrato de levedura; 10g/L de peptona; 2 g/L de sulfato de amônio (NH4)2SO4; 0,5 g/L de sulfato de magnésio (MgSO4.7H2O); 1g/L de sulfato ferroso (FeSO4.7H20) e 1 g/L de sulfato de manganês (MnSO4.H2O).

Os meios de cultura líquidos foram esterilizados em autoclave a 121ºC por 30 minutos. Após atingirem temperatura ambiente, os micro-organismos foram inoculados utilizando água destilada estéril, vertida posteriormente sobre a colônia microbiana na placa de Petr. As fermentações foram realizadas a 28ºC em shaker, agitados a 120 rpm, permanecendo por 72 horas sob estas condições.

1.2- Screening

O screening inicial visou identificar as culturas puras com capacidade de inibição do desenvolvimento de plântulas diante dos micro-organismos isolados.

1.2.1- Preparo das unidades amostrais

Para o experimento os espécimes foram transferidos para recipientes com as seguintes dimensões, 0,3 m de diâmetro por 0,4 m de altura, com um volume de água de 6 litros por unidade amostral. Foi utilizada água do açude. As unidades amostrais foram mantidas, na estufa com temperatura média de 22ºC, onde, receberam 2 plantas de E. crassipe e 2 plantas de P. stratiotes. Para a S. herzogii foi utilizada uma massa de 30 g por unidade experimental.

1.2.2- Delineamento experimental: screening

Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado (DIC) com 3 repetições para cada tratamento, com testemunha. Os diferentes sobrenadantes aplicados nas plantas foram considerados tratamentos (fungo laranja e fungo cinza), aplicados sob pulverizações com borrifador de jardim.

1.3- Avaliação dos experimentos

Com base na metodologia proposta pela Sociedade Brasileira da Ciência das Plantas daninhas – SBCPD (1995), foram realizadas avaliações visuais, aos 0, 2, 6, 9, 13, 21 e 27 dias após tratamento (DAT). Essas análises objetivaram avaliar a fitointoxicação e/ou controle, utilizou-se para tanto a classificação em função de letras, onde o significado das mesas são: A – controle excelente; B –controle bom; C- controle moderado; D – controle deficiente; E- ausência de controle.

4 Resultados e Discussão

As plantas de Pistia stratiotes sofreram mais efeitos do fungo laranja do que as plantas Eichhornia crassipes e Salvinia herzogii. De acordo com a avaliação proposta, podemos verificar que a partir do 9 dia de avaliação as plantas de P. stratiotes tiveram um controle moderado, enquanto as outras plantas não alcançaram esse controle até o final da avaliação. É possível visualizar os danos causados à área foliar da P. stratiotes na figura 1.

O fungo cinza afetou as plantas Pistia stratiotes e Salvinia herzogii, de modo mais tardio resultando em um controle moderado a partir do 21 e 27 dias após a aplicação respectivamente. Estes dados podem ser visualizados de forma mais clara na figura 2.

Segundo Petta (2008), a produção de herbicida por micro-organismos apresenta algumas vantagens sobre o herbicida sintético. Entre elas pode-se destacar que são biodegradáveis, ou seja, não deixam resíduos tóxicos no meio ambiente, além de que, podem ser ativos em pequenas quantidades.

5 Conclusão

Os fungos testados têm potencial de controle das plantas Salvinia herzogii e Pistia stratiotes, não apresentando eficiência no controle da planta Eichhornia crassipe.

Figura 1.: Fotos de Pistia stratiotes após a aplicação do fungo laranja.

 

Figura 2.: Fotos de Pistia stratiotes e Salvinia herzogii após a aplicação do fungo cinza.

 

Palavras-chave: Controle biológico; bioproduto; macrófitas.

Fonte de Financiamento

PROBIT- FAPERGS

 

PETTA, T. Técnicas modernas em espectrometria de massas aplicadas no isolamento de bioherbicidas produzidos por microrganismos. 2008. 99 p. Dissertação (Mestrado em Ciências) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.

Referências

Referências

GASTAL JR. et al. Problemas de infestação de macrófitas aquáticas na área de influência da usina hidrelétrica de Itá. Acta Scientae, Canoas, v. 5, n. 1, p. 87-92. 2003.

GRACIANI, S. D.; NOVO, E. M. L. M. Determinação da cobertura de macrófitas aquáticas em reservatórios tropicais. In: Simpósio Brasileiro de Sensoriamento remoto, 2003, Belo Horizonte, Anais. Belo Horizonte: INPE, 2003. p. 2509-2516.

IRGANG, B. E. et al. Monitoramento das macrófitas aquáticas da barragem de Itá. Relatório Final – Trabalho Técnico, 2000.

Sociedade Brasileira da Ciência das Plantas Daninhas. Procedimento para instalação, avaliação e analise de experimentos com herbicidas. Londrina: SBCPD, 1995.

Publicado
20-09-2016