HABILIDADE COMPETITIVA DE CEVADA INOCULADA COM AZOSPIRILLUM

  • Ana Caroline Pereira Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
  • Willian Pies Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
  • Tadeu Werlang Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
  • Siumar Pedro Tironi Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
Palavras-chave: Palavras-chave, Hordeum vulgare, BRS Corbel, Lolium multiflorum, Azospirillum brasiliense.

Resumo

1 Introdução

A cevada (Hordeum vulgare) é uma das culturas graníferas mais produzidas no mundo. Um dos principais limitantes para o cultivo da cevada é a competição com plantas infestantes, sendo essas competidoras por vários fatores, tais como luz, água e nutrientes. O manejo inadequado das espécies infestantes pode alterar significativamente o crescimento da cultura e interferir na produtividade e qualidade dos grãos (GALON et al., 2011).

Umas das principais espécies infestantes que ocorrem no período de inverno é o azevém (Lolium multiflorum), que caracteriza-se como uma planta infestante altamente competitiva com as culturas de inverno (RIGOLI et al., 2008).

Uma alternativa para aumentar a habilidade competitiva da cultura é a utilização de bactérias diazotróficas com a capacidade de fixar nitrogênio atmosférico, como as bactérias do gênero Azospirillum. Para a cevada, a presença do inoculante pode substituir 20% da adubação recomendada de nitrogênio (DALLA SANTA et al., 2004).

 

2 Objetivo

Estimar a contribuição do Azospirillum brasiliense na absorção de nitrogênio e habilidade competitiva da cevada.

3 Metodologia

O ensaio foi realizado em casa de vegetação, na área experimental da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus Chapecó.

O delineamento experimental adotado foi inteiramente casualizado com quatro repetições. A cultivar utilizada foi a BRS Corbel. As unidades experimentais utilizadas foram constituídas por vasos de polietileno com capacidade para 12 dm3. O substrato utilizado foi o Latossolo Vermelho, corrigido e adubado.

Os tratamentos foram alocados em esquema fatorial 2 x 5, em que o primeiro fator foi composto pela inoculação ou não do Azospirillum brasilense na semente da cevada. O segundo fator foi composto pela população de azevém, com 0, 4, 8, 16 e 32 plantas de azevém por vaso.

Antes da semeadura foi realizada a inoculação das sementes com A. brasilense, utilizando-se produto comercial contendo a bactéria, com 1mL do produto comercial para cada kg de sementes e posterior secagem a sombra por 30 minutos.

A semeadura foi realizada para obter 10 plantas de cevada por vaso e quantidade variável de, conforme cada tratamento. Os vasos foram irrigados periodicamente, e foi realizado o controle de outras plantas que surgiram nos vasos.

Foi avaliado o teor de clorofila das folhas de cevada aos 15 e 30 dias após a emergência (DAE) utilizando clorofilômetro digital. A análise da área foliar foi realizada aos 65 DAE, quando a parte aérea das plantas contidas nos vasos foram coletadas, separadas por espécie e realizada a quantificação da área foliar em integrador mecânico. Os dados foram submetidos à análise de variância e comparados pelo teste de Duncan com 5% de probabilidade de erro.

4 Resultados e Discussão

Observou-se interação significativa entre os fatores estudados somente para a variável área foliar da cevada.

A inoculação de A. brasiliense e as diferentes densidades populacionais de azevém não influenciaram no teor de clorofila aos 15 DAE. Observou-se aos 30 DAE que não houve diferença quanto a inoculação de A. brasilense, porem verificou-se o decréscimo no teor de clorofila quando do aumento populacional do azevém (Tabela 1). O teor de clorofila está diretamente relacionado ao teor de nitrogênio na planta, nutriente que geralmente encontra-se limitado no solo, esses teores se elevam com a aplicação de nitrogênio (JAKELAITIS et al., 2005). Com a competição com o azevém houve menor disponibilidade desse nutriente para a cevada.

A área foliar do azevém com o aumento populacional do mesmo, resultado esperado, pois com o aumento do número de plantas há maior habilidade competitiva da comunidade dessa espécie infestante (Tabela 1). Nos tratamentos com inoculação de A. brasiliense obteve-se maior área foliar do azevém. Com esse resultado podemos inferir que a bactéria inoculada na cevada pode estimular, também, o desenvolvimento da espécie infestante.

Verificou-se a redução na área foliar da cevada quando do aumento populacional de azevém, independentemente da inoculação de A. brasiliense. Resultado semelhante foi relatado por Galon et al.(2011), onde verificou-se que com o aumento populacional do azevém, maiores foram os danos a cultura. A inoculação de A. brasiliense promoveu menor de incremento na área foliar da cevada quando competiu com 4 plantas de azevém por vaso (Tabela 2). O que demonstra que a inoculação contribui mais para o aumento de área foliar da espécie infestante do que da cultura.

 

5 Conclusão

O teor de clorofila das folhas de cevada não foi alterado com a inoculação com A. brasiliense,houve aumento da área foliar do azevém, com o aumento populacional do mesmo. A área foliar da cevada foi influenciada negativamente pelo aumento populacional do azevém.

 

Tabela 1. Teor de clorofila das folhas da cevada (μg cm-2) aos 15 e 30 dias após a emergência (DAE) e área foliar do azevém (cm2 vaso-1), aos 65 DAE, em função da densidade de azevém e inoculação com Azospirillum brasiliense.

Densidades de azevém (plantas por vaso)

Teor de clorofila da cevada

Área foliar do azevém

15 DAE

30 DAE

0

26,68 a1

48,85 a

0,00 c

4

25,95 a

46,82 a

177,72 bc

8

26,40 a

46,02 ab

299,38 b

16

28,44 a

40,74 c

598,94 a

32

23,77 a

42,04 bc

580,48 a

Inoculação com A. brasiliense

 

 

 

Inoculado

27,31 a

46,38 a

364,09 a

Não inoculado

25,22 a

44,19 a

220,04 b

1Médias seguidas por letras iguais, dentro de cada fator, não diferem estatisticamente pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade.

 

Tabela 2. Área foliar da cevada (cm2 vaso-1), aos 65 DAE, em função a diferentes densidades de azevém e inoculação com Azospirillum brasiliense.

Populações de azevém

Inoculação

Inoculado

Não inoculado

0

1555,52 aA*

1944,64 aA

4

1352,24 abcB

2089,87 aA

8

1497,80  abA

1733,04  bA

16

1234,44 bcA

1508,17 bA

32

1198,58 cA

1170,97 cA

*Médias seguidas por letras iguais, maiúsculas na linha e minúsculas na coluna, não diferem estatisticamente pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade.

Referências

DALLA SANTA, O.R. et al. Azospirillum sp inoculation in wheat, barley and oats seeds greenhouse experiments. Brazilian Archives of Biology and Technology, v.47, n.6, p. 843-850, 2004.

GALON, L. et al. Habilidade competitiva de cultivares de cevada convivendo com azevém. Planta Daninha, v. 29, n. 4, p. 771-781, 2011.

JAKELAITIS, Adriano; SILVA, AA da; FERREIRA, Lino Roberto. Efeitos do nitrogênio sobre o milho cultivado em consórcio com Brachiaria brizantha. Acta Scientiarum Agronomy, v. 27, n. 01, p. 39-46, 2005.

RIGOLI, R. P. et al. Habilidade competitiva de trigo (Triticum aestievum) em convivência com azevém (Lolium multiflorum) ou nabo (Raphanus raphanistrum). Planta Daninha, v. 26, n. 1, p. 93-100, 2008.

Publicado
27-09-2016