HABILIDADE COMPETITIVA DE CEVADA INOCULADA COM AZOSPIRILLUM
Resumo
1 Introdução
A cevada (Hordeum vulgare) é uma das culturas graníferas mais produzidas no mundo. Um dos principais limitantes para o cultivo da cevada é a competição com plantas infestantes, sendo essas competidoras por vários fatores, tais como luz, água e nutrientes. O manejo inadequado das espécies infestantes pode alterar significativamente o crescimento da cultura e interferir na produtividade e qualidade dos grãos (GALON et al., 2011).
Umas das principais espécies infestantes que ocorrem no período de inverno é o azevém (Lolium multiflorum), que caracteriza-se como uma planta infestante altamente competitiva com as culturas de inverno (RIGOLI et al., 2008).
Uma alternativa para aumentar a habilidade competitiva da cultura é a utilização de bactérias diazotróficas com a capacidade de fixar nitrogênio atmosférico, como as bactérias do gênero Azospirillum. Para a cevada, a presença do inoculante pode substituir 20% da adubação recomendada de nitrogênio (DALLA SANTA et al., 2004).
2 Objetivo
Estimar a contribuição do Azospirillum brasiliense na absorção de nitrogênio e habilidade competitiva da cevada.
3 Metodologia
O ensaio foi realizado em casa de vegetação, na área experimental da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus Chapecó.
O delineamento experimental adotado foi inteiramente casualizado com quatro repetições. A cultivar utilizada foi a BRS Corbel. As unidades experimentais utilizadas foram constituídas por vasos de polietileno com capacidade para 12 dm3. O substrato utilizado foi o Latossolo Vermelho, corrigido e adubado.
Os tratamentos foram alocados em esquema fatorial 2 x 5, em que o primeiro fator foi composto pela inoculação ou não do Azospirillum brasilense na semente da cevada. O segundo fator foi composto pela população de azevém, com 0, 4, 8, 16 e 32 plantas de azevém por vaso.
Antes da semeadura foi realizada a inoculação das sementes com A. brasilense, utilizando-se produto comercial contendo a bactéria, com 1mL do produto comercial para cada kg de sementes e posterior secagem a sombra por 30 minutos.
A semeadura foi realizada para obter 10 plantas de cevada por vaso e quantidade variável de, conforme cada tratamento. Os vasos foram irrigados periodicamente, e foi realizado o controle de outras plantas que surgiram nos vasos.
Foi avaliado o teor de clorofila das folhas de cevada aos 15 e 30 dias após a emergência (DAE) utilizando clorofilômetro digital. A análise da área foliar foi realizada aos 65 DAE, quando a parte aérea das plantas contidas nos vasos foram coletadas, separadas por espécie e realizada a quantificação da área foliar em integrador mecânico. Os dados foram submetidos à análise de variância e comparados pelo teste de Duncan com 5% de probabilidade de erro.
4 Resultados e Discussão
Observou-se interação significativa entre os fatores estudados somente para a variável área foliar da cevada.
A inoculação de A. brasiliense e as diferentes densidades populacionais de azevém não influenciaram no teor de clorofila aos 15 DAE. Observou-se aos 30 DAE que não houve diferença quanto a inoculação de A. brasilense, porem verificou-se o decréscimo no teor de clorofila quando do aumento populacional do azevém (Tabela 1). O teor de clorofila está diretamente relacionado ao teor de nitrogênio na planta, nutriente que geralmente encontra-se limitado no solo, esses teores se elevam com a aplicação de nitrogênio (JAKELAITIS et al., 2005). Com a competição com o azevém houve menor disponibilidade desse nutriente para a cevada.
A área foliar do azevém com o aumento populacional do mesmo, resultado esperado, pois com o aumento do número de plantas há maior habilidade competitiva da comunidade dessa espécie infestante (Tabela 1). Nos tratamentos com inoculação de A. brasiliense obteve-se maior área foliar do azevém. Com esse resultado podemos inferir que a bactéria inoculada na cevada pode estimular, também, o desenvolvimento da espécie infestante.
Verificou-se a redução na área foliar da cevada quando do aumento populacional de azevém, independentemente da inoculação de A. brasiliense. Resultado semelhante foi relatado por Galon et al.(2011), onde verificou-se que com o aumento populacional do azevém, maiores foram os danos a cultura. A inoculação de A. brasiliense promoveu menor de incremento na área foliar da cevada quando competiu com 4 plantas de azevém por vaso (Tabela 2). O que demonstra que a inoculação contribui mais para o aumento de área foliar da espécie infestante do que da cultura.
5 Conclusão
O teor de clorofila das folhas de cevada não foi alterado com a inoculação com A. brasiliense,houve aumento da área foliar do azevém, com o aumento populacional do mesmo. A área foliar da cevada foi influenciada negativamente pelo aumento populacional do azevém.
Tabela 1. Teor de clorofila das folhas da cevada (μg cm-2) aos 15 e 30 dias após a emergência (DAE) e área foliar do azevém (cm2 vaso-1), aos 65 DAE, em função da densidade de azevém e inoculação com Azospirillum brasiliense.
Densidades de azevém (plantas por vaso)
Teor de clorofila da cevada
Área foliar do azevém
15 DAE
30 DAE
0
26,68 a1
48,85 a
0,00 c
4
25,95 a
46,82 a
177,72 bc
8
26,40 a
46,02 ab
299,38 b
16
28,44 a
40,74 c
598,94 a
32
23,77 a
42,04 bc
580,48 a
Inoculação com A. brasiliense
Inoculado
27,31 a
46,38 a
364,09 a
Não inoculado
25,22 a
44,19 a
220,04 b
1Médias seguidas por letras iguais, dentro de cada fator, não diferem estatisticamente pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade.
Tabela 2. Área foliar da cevada (cm2 vaso-1), aos 65 DAE, em função a diferentes densidades de azevém e inoculação com Azospirillum brasiliense.
Populações de azevém
Inoculação
Inoculado
Não inoculado
0
1555,52 aA*
1944,64 aA
4
1352,24 abcB
2089,87 aA
8
1497,80 abA
1733,04 bA
16
1234,44 bcA
1508,17 bA
32
1198,58 cA
1170,97 cA
*Médias seguidas por letras iguais, maiúsculas na linha e minúsculas na coluna, não diferem estatisticamente pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade.Referências
DALLA SANTA, O.R. et al. Azospirillum sp inoculation in wheat, barley and oats seeds greenhouse experiments. Brazilian Archives of Biology and Technology, v.47, n.6, p. 843-850, 2004.
GALON, L. et al. Habilidade competitiva de cultivares de cevada convivendo com azevém. Planta Daninha, v. 29, n. 4, p. 771-781, 2011.
JAKELAITIS, Adriano; SILVA, AA da; FERREIRA, Lino Roberto. Efeitos do nitrogênio sobre o milho cultivado em consórcio com Brachiaria brizantha. Acta Scientiarum Agronomy, v. 27, n. 01, p. 39-46, 2005.
RIGOLI, R. P. et al. Habilidade competitiva de trigo (Triticum aestievum) em convivência com azevém (Lolium multiflorum) ou nabo (Raphanus raphanistrum). Planta Daninha, v. 26, n. 1, p. 93-100, 2008.
Submeto o trabalho apresentado como texto original à Comissão Científica da XIII JIC, o qual apresenta os resultados de subprojeto de pesquisa, e concordo que os direitos autorais a ele referentes se tornem propriedade do Anais da XIII JIC da UFFS.
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