ATUAÇÃO DE EQUIPES EM REDE DE ATENÇÃO À SAÚDE: FRAGILIDADES E POTENCIALIDADES DAS EQUIPES QUE COMPÕEM A REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL NO MUNICÍPIO DE CHAPECÓ-SC

  • Fabrine Maria Favero Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
  • Débora Cristina Favero Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
  • Ariane Da Cruz Guedes Universidade Federal de Pelotas
  • Cláudio Claudino Da Silva Filho Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
  • Crhis Netto De Brum Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Chapecó
Palavras-chave: Saúde Mental, Equipes, Rede de atenção à saúde.

Resumo

Introdução: a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) foi instituída em 2011 pelo Ministério da Saúde através da Portaria 3.088, com o intuito de garantir a articulação e integração dos serviços de atenção à saúde mental no território, qualificando a assistência por meio do acolhimento e acompanhamento regular dos usuários dos serviços de saúde mental1. Objetivo: Identificar as principais fragilidades e potencialidades das equipes que compõem os serviços de saúde compreendidos pela RAPS Chapecó-SC. Metodologia: Pesquisa qualitativa descritiva e exploratória, do tipo estudo de caso. A coleta de dados ocorreu de outubro de 2015 a março de 2016. O estudo foi desenvolvido através de entrevistas semiestruturadas realizadas aos coordenadores dos serviços de saúde que compõem a Rede de Atenção Psicossocial no município de Chapecó/SC: Centro de Atenção Psicossocial II (CAPS II), CAPS álcool e drogas (CAPS AD III), CAPS infantil (CAPS i), Unidade de Acolhimento  Adulto (UAA), Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), coordenação de atenção  básica, coordenação de saúde mental, Unidade  de Pronto Atendimento (UPA) e Pronto Atendimento (PA). Os princípios éticos foram assegurados conforme a Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, do Ministério da Saúde. O estudo obteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal da Fronteira Sul, CAAE: 48911215.6.0000.5564. Resultados e Discussão: Por intermédio dos relatos dos coordenadores dos serviços que atendem saúde mental, foi identificado como potencialidade o fato das equipes disporem de um quadro profissional adequado às suas respectivas demandas. Nenhuma instituição referiu falta de profissionais, porém os resultados apontam como fragilidade a falta de capacitações principalmente nos serviços de urgência e emergência que sejam destinadas a atender situações de saúde mental. Verificou-se que o que ocorre na prática é um despreparo por parte dos profissionais para desenvolverem suas práticas condizentes com as necessidades de cada usuário em situação de doença mental, principalmente nos casos agudos, que são na maioria das vezes acolhidos nos serviços de urgência e emergência. O despreparo profissional para atender pacientes com desordem mental é decorrente de falha na comunicação entre os serviços que atendem os casos agudos e os serviços que atendem casos crônicos. Na prática dos serviços evidencia-se que as entidades atuantes nos casos crônicos, que são os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), a Unidade de Acolhimento Adulto (UAA) e a coordenação de saúde mental, que são os serviços que desenvolvem um acompanhamento regular com os usuários, conseguem estabelecer uma comunicação satisfatória, uma vez que as coordenações desses serviços encontram-se semanalmente para compartilhar as situações vividas em cada serviço, além de discutir casos e delinear melhores estratégias em conjunto para cada situação pendente. No entanto, os serviços que atuam nos casos agudos e que fazem o acolhimento e conduta inicial aos pacientes com algum desequilíbrio de saúde mental, que são o SAMU, a UPA e o PA têm maior dificuldade de comunicação, principalmente deles para com os que atendem casos crônicos, o que gera por consequência dificuldade em encaminhar o sujeito ao serviço que teoricamente deveria ser destinado. Porque na abordagem em saúde mental, o paciente não é simplesmente atendido, medicado e é reestabelecido seu problema de saúde, nesses casos o individuo precisa ser encaminhado ao serviço especializado, no qual é delineada a conduta terapêutica a ser desenvolvida e é feito um acompanhamento regular especializado. Importante salientar também que apesar do individuo ter um problema de saúde mental, ele também está sujeito a qualquer tipo de doença assim como qualquer outra pessoa. Portanto um paciente que é acompanhado no serviço especializado em saúde mental também é usuário da atenção básica ou do serviço de emergência, se assim for o caso. A partir dos relatos transmitidos pelos serviços de emergência, ficou evidente que há uma falha na capacitação dessas equipes para atenderem saúde mental, no entanto, para esses serviços essa falta de preparo não é caracterizada fundamental porque não é esse o foco dos mesmos. Essa manifestação nos leva a refletir que ainda os serviços precisam se descobrirem e se reconhecerem como rede para poderem atuar de fato em rede de atenção à saúde mental. Conclusão: Apesar dos muitos avanços que já ocorreram na Rede de Atenção Psicossocial no município de Chapecó/SC, entre eles podemos elencar como potencialidades os encontros semanais entre as coordenações dos serviços que atendem os casos crônicos desenvolvem com o intuito de partilhar situações e compartilhar estratégias de trabalho e também a corporação de profissionais adequada para a demanda vigente. Entretanto, salienta-se como fragilidade a necessidade de implementar uma comunicação entre os serviços de urgência e emergência e desses para com os demais serviços que fazem parte da rede. Essa demanda têm grandes perspectivas de ser sanada mediante a realização de capacitações sobre saúde mental para as equipes que atendem casos de desequilíbrio mental. Destarte, partindo do pressuposto de que se houverem capacitações para os serviços, as equipes ficarão instrumentalizadas de acordo com as necessidades de cada usuário, contribuindo no reconhecimento do serviço como parte da rede e facilitando o manejo do sujeito no serviço, proporcionalizando maior integralidade no cuidado.

Referências

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria Nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011. Institui a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2011.

Publicado
26-09-2016