EFEITOS DAS ESTRADAS NA FRAGMENTAÇÃO AMBIENTAL NO NORTE DO RIO GRANDE DO SUL

  • Siane Camila Luzzi Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Paulo Afonso Hartmann
Palavras-chave: rodovia, fragmentos florestais, ecologia de estradas

Resumo

Com a fragmentação das áreas de vegetação, principalmente, nativas, os efeitos negativos causados pelas rodovias são confirmados nas comunidades vegetais (NAGENDRA et al., 2003; LAURANCE et al., 2009). Tornando as rodovias, mecanismos que geram alto impacto, pois removem a cobertura vegetal original e alteraram a função e a estrutura da paisagem (FORMAN; DEBLINGER, 2000). Esse estudo objetivou, através da quantificação e comparação da distribuição vegetal ao longo de estradas da região noroeste do Rio Grande do Sul, verificar a influência e das rodovias sob a fragmentação da paisagem. Os autores criaram um banco de dados georrelacional em um Sistema de Informações Geográficas (SIG), cuja montagem foi feita com o auxílio dos softwares GPS Trackmaker e Google Earth Pro, com dados das rodovias RS-344, parte da RS-342, parte da BR-155, RS-514, parte da BR-158, RS-330 e BR-386, localizadas no noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Para estimar a área de influência ecológica das rodovias, foi seguida a metodologia indicada em Forman e Deblinger (2000). A área total amostrada foi de 1.095.000 hectares (10.950 km2). Nesta área, foram registrados 330 km de rodovias simples pavimentadas. A densidade de rodovias na área foi 0,03 km de rodovia por km². A área de influência ecológica total foi 13.280 ha (132,8 km2). A cobertura florestal na área com influência ecológica da rodovia é de 2.016,84 ha (20,16 km²), o que representa 15,25% desta área. Na área sem influência ecológica das rodovias, a cobertura florestal é de 2.258,1 ha (22,58 km²), e representa uma cobertura florestal de 17%. A maior parte dos fragmentos ficaram concentrados nas duas classes de menor tamanho, entre 0,3 – 9,99 ha e 10-19,99 ha. Áreas próximas as rodovias tendem a ter maior uso do solo destinado a atividades como agricultura, reflorestamento ou urbanização (FORMAN et al., 2003). Além disto, o relevo mais plano, onde as rodovias são normalmente implantadas, favorece a realização de atividades antrópicas (POLITANO, 1989), que consequentemente reduzem a cobertura florestal e aumentam a fragmentação florestal. Sendo que os resultados encontrados pelo presente estudo mostram a grande quantidade de pequenos fragmentos (inferiores à 9,99ha), atitudes em relação à ecologia da fauna local devem ser adotadas, procurando a preservação das espécies nativas e a manutenção de seu habitat natural.

Biografia do Autor

Siane Camila Luzzi, Universidade Federal da Fronteira Sul
É Graduanda em Engenharia Ambiental e Energias Renováveis pela Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS Campus Erechim. Participa de projeto de pesquisa na área de Ecologia de Estradas.

Referências

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Publicado
28-09-2016