ANESTESIA EPIDURAL COM LIDOCAÍNA ASSOCIADA À XILAZINA EM CÃES SUBMETIDOS A OVÁRIOHISTERECTOMIA

  • Bruna Naiara Moresco Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Realeza
  • Gabrielle Coelho Freitas Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Realeza
  • Gustavo Antônio Boff Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Realeza
  • Charline Vanessa Vaccarin Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Realeza
  • Simone Ferrari Frandoloso Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Realeza

Resumo

Cães são animais com alto potencial reprodutivo e este fato, aliado à grande quantidade de cães errantes, principalmente em centro urbanos, leva ao descontrole populacional da espécie. Assim, sob o ponto de vista da saúde pública, a multiplicação desordenada de cães gera problemas secundários como a transmissão de zoonoses e aumento das taxas de acidentes, como automobilísticos e por mordedura. Neste contexto, surge a necessidade de desenvolver estratégias de controle populacional de cães, que o fazem de maneira humanitária e eficiente. Para tanto, as campanhas de castração surgem como uma alternativa, pois além dos animais errantes serem neutralizados e perderem a capacidade reprodutiva, são mais facilmente adotados após o procedimento. Porém, as campanhas de castração tem o custo como o principal fator limitador das atividades devido ao grande número de cães, além de possuírem estrutura limitada. Estes fatos limitam as opções anestésicas, dificultando a suplementação de oxigênio e o uso da anestesia inalatória, principalmente. Desta maneira, é necessária a adequação dos protocolos anestésicos, tornando-os eficazes, seguros e de baixo custo, destacando-se, neste contexto, o uso da anestesia epidural. Objetivou-se com este estudo, avaliar os efeitos cardiovasculares, respiratórios e analgésicos da utilização de lidocaína com ou sem vasoconstritor, associada à xilazina, pela via epidural em cadelas submetidas à ovariohisterectomia. Dezesseis cadelas hígidas e adultas de 11 ± 2,3 kg receberam acepromazina (0,05 mg/kg), morfina (0,5 mg/kg) e midazolam (0,5 mg/kg), via intramuscular. Após 30 minutos, foram avaliados os parâmetros FC, ƒ, PAM invasiva (tempo 0) e administrado propofol (4 mg/kg) intravenoso, para posterior anestesia epidural. Nesta, o grupo GL recebeu lidocaína (0,25 mL/kg) e GLX recebeu xilazina (0,25 mg/kg) com lidocaína (para completar 0,25 mL/kg). A cada 5 minutos foram avaliados ritmo cardíaco e SpO2. A cirurgia iniciou 10 minutos pós-epidural, padronizando-se o tempo de 50 minutos para o procedimento. Quando houve aumento de 20% da PAM em relação ao tempo 0, foi novamente administrado propofol. A analgesia pós-operatória foi avaliada através da escala visual analógica (VAS) e escala de Glasgow até analgesia resgate. Todos os animais do grupo GLX apresentaram redução da FC e seis animais apresentaram BAV (I e II grau). Foi administrado propofol na tração dos pedículos ovarianos devido ao aumento da PAM em oito animais do GL e em dois do GLX. O tempo de bloqueio anestésico foi de 127 ± 22 minutos em GL e 136 ± 49 minutos em GLX. O GLX obteve melhor analgesia trans e pós-operatória em comparação ao GL. Os resultados foram positivos, pois nenhuma paciente apresentou, após 10 dias, problemas de cicatrização, contaminação microbiana ou outra alteração que pudesse comprometer a saúde. No pós operatório imediato, os medicamentos utilizados promoveram boa analgesia. Ainda, a maioria das fêmeas que passaram por OSH eram oriundas de ONG’s, fazendo com o que a pesquisa também fosse relevante no controle populacional de cães errantes. Os protocolos testados provaram eficácia, segurança e baixo custo para aplicação em campanhas de castração.

Biografia do Autor

Bruna Naiara Moresco, Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Realeza
Acadêmica do curso de Medicina Veterinária
Publicado
20-09-2016