POTENCIAL DO EXTRATO ETANÓLICO DE PRÓPOLIS PARA CONTROLE DA FERRUGEM BRANCA DA RÚCULA

  • Jéssica Taís Gebauer "Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Laranjeiras do Sul"
  • Danilo Mendes Lisboa "Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Laranjeiras do Sul"
  • Gabriela Silva Moura "Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Laranjeiras do Sul"
  • Jean Marcos Viau "Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Laranjeiras do Sul"
  • Gilmar Franzener "Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Laranjeiras do Sul"
Palavras-chave: Albugo candida, controle alternativo, proteção de plantas

Resumo

A rúcula (Eruca sativa) faz parte do grupo das hortaliças folhosas e que nos últimos anos passou a ser mais consumida no Brasil, principalmente em virtude de suas características organolépticas e fonte de proteínas e vitaminas. Além dos benefícios a saúde, seu cultivo também é importante em nível econômico. No entanto, essa cultura é comumente afetada por uma doença denominada ferrugem branca, que ainda é pouco estudada e sobre a qual ainda se carecem de informações para controle. Essa doença é causada por Albugo candida e é caracterizada por manchas amareladas nas folhas e no caule, posteriormente essas lesões tornam-se maiores e, na face inferior das folhas, a epiderme é rompida, expondo pústulas brancas (Maringoni, 2005). Com exceção de algumas práticas preventivas, não se dispõe de informações para controle ecológico dessa doença. Isso tem levado a perdas na produção, falta do produto no comércio e ao uso de agrotóxicos não recomendados para cultura. Nesse contexto, formas alternativas de controle de doenças se tornam necessárias para produção sustentável. Uma forma de controle alternativo é a indução de resistência que consiste na ativação de respostas de defesa contra vários agentes, como fungos, vírus, bactérias e nematoides. A indução de resistência é realizada através da aplicação de substâncias podendo ser naturais ou sintéticas, além de microrganismos inativados ou suas partes (Carvalho, 2012). Um produto natural que vem demonstrando diversos potenciais de uso é a própolis. A própolis é uma resina produzida por abelhas e que tem sido muito estudada na saúde humana e animal. Um aspecto interessante é o fato de, embora a própolis tenha sido alvo de numerosos estudos por suas propriedades terapêuticas e farmacológicas, são escassos os estudos e informações do potencial da própolis na proteção de plantas e seu efeito sobre a planta. As informações sobre o efeito de própolis na aplicação em plantas são ainda mais restritas. Em um dos poucos trabalhos nesse sentido, Pereira et al. (2008) indicaram potencial do extrato etanólico de própolis no controle da cercosporiose e da ferrugem do cafeeiro. Esse trabalho é parte integrante de um projeto que busca avaliar o extrato etanóico de própolis (EEP) para controle da ferrugem branca da rúcula, compreendendo possíveis potenciais e mecanismos envolvidos. O objetivo desse trabalho foi avaliar a indução de mecanismos de defesa em folhas de rúcula através da avaliação da atividade de peroxidases, de polifenoloxidase (POX) e fenilalanina amônia-liase (FAL) como indicador do potencial indutor de defesas, além de avaliar o efeito de diferentes concentrações do EEP sobre a germinação de esporos de Albugo candida. Para o teste de indução de defesa foi realizada aplicação do EEP em plantas de rúculas com idade de 30 dias. Os tratamentos foram compostos por cinco concentrações de extrato de própolis (0,05%, 0,1%, 0,5%,1% e 2%), tendo água destilada como testemunha. As plantas tratadas ficaram acondicionadas em casa de vegetação por um período de 72 horas, posteriormente foram coletados 8 discos com 1,2 cm de diâmetro do tecido foliar de cada repetição. As amostras foram congeladas a -20ºC para posterior análise da atividade enzimática. As amostras de tecido foliar foram maceradas em 4 mL de tampão fostafo 0,01 M (pH 6,0) contendo 1% (p/p) de PVP (polivinil-pirrolidona). O homogeneizado foi centrifugado a 20.000 g durante 25 min a 4 oC. O sobrenadante obtido foi utilizado para a determinação da atividade enzimática. A atividade de peroxidases foi determinada a 470 nm e os resultados expressos em unidades de absorbância min-1 mg proteína-1. A atividade das POX foi determinada a 420 nm utilizando catecol como substrato e os resultados expressos em absorbância min-1mg-1. A atividade de FAL foi determinada a 290 nm utilizando L-fenilalanina como substrato e os resultados expressos em absorbância min-1mg-1massa fresca. Para avaliar o efeito direto do extrato de própolis sobre o fitopatógeno, foram preparados 40 μL da suspensão de esporângios e 40 μL de cada concentração do extrato etanólico de própolis, em seguida foram transferidos para cada uma das células da placa de Elisa. Após 24 horas foi adicionado 10 μL de azul de algodão para paralizar a germinação, os resultados foram expressos em porcentagem de germinação de esporângios. Os experimentos foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições. Todas as concentrações de EEP utilizadas inibiram a germinação (liberação de esporângios) de A. candida, com maior efeito nas maiores concentrações, indicando o efeito sobre esse fitopatógeno. Esses resultados reforçam o potencial antimicrobiano da própolis já relatado sobre outros microrganismos. Quanto ao efeito indutor de enzimas relacionadas a defesa, o EEP, independentemente da concentração utilizada, não ativou de forma significativa a indução das enzimas fenilalanina amônia-liase, peroxidades e polifenoloxidases. Esses resultados indicam que possivelmente a ação da própolis não envolve de forma expressiva as rotas metabólicas de atividade dessas enzimas de defesa. O EEP promoveu ação antimicrobiana sobre A. candida nas diferentes concentrações, mas não induziu enzimas relacionadas a defesa.

Referências

CARVALHO, N.L. Resistência Genética Induzida em Plantas Cultivadas. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, v.7, n.7, p.1379-1390, 2012.

PEREIRA, C.S.; GUIMARÃES, R.J.; POZZA, E.A.; SILVA, A.A. Controle da cercosporiose e da ferrugem do cafeeiro com extrato etanólico de própolis. Revista ceres, v.55, n.5, p. 369-376, 2008.

MARINGONI, A.C. Doenças das crucíferas. In: KIMATI, H. et al. (Ed) Manual de Fitopatologia – Doenças das Plantas Cultivadas. São Paulo: Ceres, 2005. Cap.31, p.285-291.

Publicado
20-09-2016