AVALIAÇÃO DE 4 PONTEIRAS DE HASTES SULCADORAS NA SEMEADURA DIRETA EM SOLOS MAIS COMPACTADOS

  • Daiana Cristina Johanns Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Marcos Antônio Zambillo Palma Universidade Federal da Fronteira
Palavras-chave: projeto de máquinas, ponteiras de hastes sulcadoras, semeadora adubadora,

Resumo

1 Introdução

Ao passo que a semeadura direta contribui para a sustentabilidade do sistema de produção, também ocasiona problemas como a compactação do solo nas primeiras camadas do perfil. Entre os fatores que contribuem para maior compactação destaca-se a ausência de revolvimento do solo, integração lavoura e pecuária e o tráfego de máquinas agrícolas. Como alternativas para este problema, podem ser adotadas práticas como a utilização do preparo mínimo ou, no momento da semeadura, a utilização de hastes sulcadoras. Com a utilização sulcadores tipo haste a exposição do solo é menor, do que comparada ao cultivo mínimo, reduzindo problemas como a erosão, e perda de umidade do solo. As ponteiras usadas nas hastes também podem apresentar diferenças na conformação do sulco. Desta forma, a escolha correta da ponteira é de suma importância para obtenção de maiores produtividades, minimizando os custos com a implantação das culturas, aproveitando de melhor forma a palhada do solo, potencializando os benefícios de um sistema plantio direto melhor manejado, minimizando os danos da compactação às plantas. Caso ocorram diferenças entre as ponteiras, a partir dos testes realizados no desenvolvimento deste trabalho, será possível a escolha da ponteira mais viável, de acordo com a que causa menor exposição do solo. E com isso, possibilitando melhorias na qualidade de semeadura em solos mais compactados e poderá reduzir a erosão nos sulcos, aumentar a germinação devido a menor perda de água por evaporação e proporcionar melhores condições ao sistema radicular das plantas para torna-las mais resistentes aos déficits de chuva.

 

2 Objetivo

O presente projeto teve como objetivo avaliar a área de solo mobilizado, área de elevação, largura e profundidade do sulco ao trabalhar com sulcadores tipo haste equipados com diferentes geometrias de ponteiras.

 

3 Metodologia

O ensaio foi desenvolvido na área experimental da UFFS - Campus Cerro Largo, onde foram avaliadas 4 diferentes ponteiras. O solo do local é classificado como Latossolo Vermelho Distroférrico Típico com textura argilosa (STRECK et. al. 2008). A área utilizada no experimento apresentava restos culturais de soja e tem sido manejada no sistema de semeadura direta nos últimos anos. O delineamento utilizado foi o DIC (Delineamento Inteiramente Casualizado) com 5 repetições, sendo que cada parcela foi constituída de um sulco aberto pelo mecanismo sulcador do tipo haste. Para a realização do ensaio foi utilizado um trator da marca NewHolland® modelo TL75 com 57 kW de potência. A semeadora adubadora de precisão utilizada foi uma KF Compacta®, com 6 linhas e espaçamento de 0,5 m equipada com sulcadores do tipo haste. A velocidade de deslocamento do conjunto foi de 1,39 m/s. Para validação das ponteiras foram avaliadas a área de elevação do solo e área de solo mobilizado. A área de solo mobilizada consiste na área situada entre o perfil original e o perfil de fundo de sulco, enquanto a área de elevação é aquela situada entre o perfil original e o perfil da superfície do solo após a mobilização, conforme metodologia descrita por Lanças (1987). Para a realização destas avaliações foi utilizado um perfilômetro com precisão de 5 mm, onde uma fileira de varetas ficam dispostas de forma perpendicular ao solo, no sentido transversal ao sulco de semeadura. Desta forma, superficie a do solo é copiada para o equipamento. O perfilômetro foi posicionado transversalmente ao sulco e fotografado, a fim de se fazer o registro do perfil do solo mobilizado após a passagem do sulcador. Por fim, retirou-se manualmente todo solo mobilizado do sulco, tomando o cuidado de não alterar o perfil. Foram utilizadas fotografias obtidas em cada perfil analizado, e com o auxílio de um programa de CAD (desenho assistido por computador) foram construídos os gráficos da área de mobilização e elevação do solo. Para determinação da umidade e densidade do solo foram coletadas 4 amostras indeformadas em anéis metálicos com dimensões de 50,8 mm de diâmetro, e 53,3 mm de altura, na profundidade de 0 a 0,1 m e 0,1 a 0,2 m. Para as análises estatísticas foi utilizado o software SASM-Agri, pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade.

Figura 1. Modelos de ponteiras avaliadas

4 Resultados e Discussão

As diferentes ponteiras proporcionaram sulcos em que suas áreas de elevação não apresentaram diferenças significativas, assim como a área de solo mobilizada. Também, não houve diferença significativa tanto nos valores de largura do sulco como nos valores de profundidade do sulco. De acordo com Reichert et al. (2003), a densidade considerada crítica para as culturas, em solos argilosos está entre 1,30 a 1,40 Mg m-3, sendo que os valores de densidade estavam abaixo deste intervalo, tanto na profundidade de 0 a 0,1m (1,08 Mg m-3), como na de 0,1 a 0,2m (1,19 Mg m-3). Assim, estima-se que não haverá diferenças significativas nas perdas de umidade do solo na superfície, entre as ponteiras, nem diferenças na mobiliaçao de palhada. Também, pode-se estimar que não ocorra diferenças no consumo de combustivel, patinagem, e capacidade operacional do conjunto trator-máquina devido às diferenças entre as ponteiras.

Tabela 1. Área de elevação do solo (m2)

 

Tabela 2. Área de solo mobilizada (m2)

 

Tabela 3. Largura e profundidade do sulco (m)

 

5 Conclusão

Nas condições de umidade e densidade do solo em que conduziu-se o experimento, conclui-se que as diferentes geometrias das ponteiras não diferiram entre si, tanto nos valores de área e volume de solo mobilizado, como de largura e profundidade do sulco.

 

Biografia do Autor

Daiana Cristina Johanns, Universidade Federal da Fronteira Sul
Acadêmica do 10º semestre de Agronomia da Universidade Federal da Fronteira Sul. Natural de Campina das Missões, RS.
Marcos Antônio Zambillo Palma, Universidade Federal da Fronteira
Docente, Doutor, Engenheiro Agrícola, UFFS - Campus Cerro Largo, RS.

Referências

LANÇAS, K. P. Subsolador: desempenho em função de formas geométricas de hastes, tipos de ponteiras e velocidade de deslocamento. Botucatu, 1987. 112p. Dissertação (Mestrado em Energia na Agricultura) - - Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Botucatu, 1987.

REICHERT, J.M.; REINERT, D.J. & BRAIDA, J.A. Qualidade dos solos e sustentabilidade de sistemas agrícolas. Ci. Amb., 27:29-48, 2003.

STRECK, E.V.; KÄMPF, N.; DALMOLIN, R.S.D.; KLAMT, E.; NASCIMENTO, P.C. do; SCHNEIDER, P.; GIASSON, E.; PINTO, L.F.S. Solos do Rio Grande do Sul. 2.ed. rev. e ampl. Porto Alegre: Emater/RS, 2008. 222p.

Publicado
20-09-2016