PERCEPÇÃO DOS ADOLESCENTES SOBRE A INFECÇÃO PELO HIV A PARTIR DO REFERENCIAL DE VULNERABILIDADE

  • Luana Patrícia Valandro Universidade Federal da Fronteira Sul/ Universidade de Passo Fundo
  • Fabíola Zenatta Freitas Universidade Federal da Fronteira Sul
  • Crhis Netto de Brum Universidade Federal da Fronteira Sul
Palavras-chave: Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, Saúde do Jovem, Guias informativos.

Resumo

1 Introdução

Nas últimas décadas a síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids) causada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) tem passado por modificações em seu perfil epidemiológico, podendo ser caracterizado pela juvenização da epidemia. Essa mudança está associada aos aspectos que favorecem a condição de vulnerabilidade, especialmente entre os adolescentes (LOPES et al. 2012).  Para tanto, justifica-se este estudo pelo fato de que o quadro atual da epidemia aponta para a necessidade de se pensar o adolescente em termos de conhecimento do seu próprio corpo, seu senso de saúde pessoal e sua noção de prevenção. Além disso, há de se considerar que os adolescentes são mais vulneráveis a infecção, principalmente, devido à busca por informações em sites não confiáveis e entre amigos o que os leva a iniciar a vida sexual com dúvidas e desinformações (AYRES, 2012).

 

2 Objetivo

Identificar a percepção dos adolescentes sobre a infecção pelo HIV.

 

3 Metodologia

O referido resumo atende a um dos objetivos do projeto matricial intitulado: Elaboração e validação de um material educativo sobre a infecção pelo HIV para adolescentes a partir do referencial de vulnerabilidade o qual foi elaborado a partir de um estudo metodológico, aprovado pelo Programa Institucional de Iniciação Científica e Tecnológica da UFFS, Campus Chapecó (PRO-ICT/UFFS) edital número 281/UFFS/2015 desenvolvido em quatro etapas. A etapa apresentada neste momento será a abordagem qualitativa a foi possível identificar às vulnerabilidades dos adolescentes à infecção pelo HIV. O cenário para produção dos dados foram as Escolas de Educação Básica Antônio Morandini e São Francisco do município de Chapecó, SC, Brasil, com nove adolescentes na faixa etária de 13 a 19 anos. A pesquisa ocorreu por meio da produção de dados da Dinâmica de Criatividade e Sensibilidade (DCS), que está fundamentada no Método Criativo Sensível (MCS), o almanaque o qual consistiu na expressão da subjetividade a respeito de determinado tema, a partir da introspecção que ocorreu ao recortar e colar gravuras (CABRAL, NEVES, 2015). A partir das seguintes questões geradoras de debate: como você vê o HIV na sua vida?; Quais as dúvidas você tem sobre o HIV?; O que você precisa saber sobre o HIV?. A dinâmica foi gravada em um aparelho do tipo MP3 e após os dados foram transcritos. Os dados foram analisados conforme a análise de Discurso Francesa. O projeto respeitou a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde e obteve sua aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFFS/SC sob parecer número: 1.154.514.

 

4 Resultados e Discussão

Os resultados evidenciaram a vulnerabilidade para infecção pelo HIV na saúde dos adolescentes por meio do quadro conceitual da vulnerabilidade o qual procura particularizar as diferentes situações de suscetibilidade dos sujeitos (individuais e/ou coletividades) frente à infecção pelo HIV e ao adoecimento pela Aids. Examinou-se essas questões a partir de três planos analíticos interrelacionados: o individual, o social e o programático.

No plano analítico individual, os resultados dessa pesquisa mostraram os seguintes fatores: comportamento sexual e compreensão da sua vulnerabilidade à infecção pelo HIV.

Comportamento sexual: identifica-se uma iniciação sexual precoce dos adolescentes tornando-os vulneráveis às doenças sexualmente transmissíveis. Sendo uma das maiores dificuldades à prevenção é na negociação com o parceiro sobre a utilização de preservativos no qual prevalecem questões de gênero, sendo o masculino preponderante nessa questão (BARRETO, SANTOS, 2009). Quanto a compreensão da sua vulnerabilidade à infecção, nesse contexto, existe um componente cultural de projeção de risco para o outro, onde este passa a ser portador de tudo aquilo que causa medo e rejeição, onde se desloca a possibilidade para o longínquo e não é reconhecido em si. O aumento da vulnerabilidade está associado a aspectos que são comuns a adolescência, como por exemplo: onipotência, sensação de invulnerabilidade, necessidade de explorar o novo, experimentar riscos, transgredir, entre outros (AYRES, 2012).

No plano analítico social, se destacaram os fatores: acesso às informações e acesso aos serviços de saúde.

Apesar da maioria dos adolescentes considerarem suficientes as informações a respeito da Aids sabe-se que os adolescentes não têm informações consistentes de saúde reprodutiva e sexual, em consequência da falta de orientação dos pais, educadores e profissionais da saúde. Dessa forma, a fonte de informações dos adolescentes, muitas vezes, vem de colegas e amigos, que também não tiveram acesso à educação sexual, dando origem, assim, a conceitos equivocados, carregados de mitos e tabus (CAMILO, et. al., 2009).

O plano analítico programático foi contemplado no que se refere às políticas públicas específicas para os adolescentes, como acesso aos serviços de saúde e aconselhamento.

Os fatores estruturais e operacionais como dificuldade de acesso aos serviços, problemas de articulação com os demais recursos sociais, falta de capacitação, dificuldade para a realização do diagnóstico e do aconselhamento e ausência de organização dos serviços públicos, tanto em nível primário quanto secundário e terciário, para receber, acolher e assistir os adolescentes e jovens, o que implica um aumento da vulnerabilidade em seu plano programático (AYRES, 2012).

 

5 Conclusão

Em relação à abordagem qualitativa, foram nove adolescentes os quais expuseram nos seus cartazes que a Aids ainda é uma doença do outro e distante do cenário escolar e do seu cotidiano. Apontaram que os questionamentos discutidos nesta etapa da pesquisa foram abordados no Manual educativo. Além disso, destaca-se que o uso do material educativo no ambiente escolar poderá auxiliar a minimizar a vulnerabilidade dos adolescentes frente ao HIV e (re)orientá-los quanto ao seus medos anseios.

Referências

AYRES, José Ricardo de Carvalho Mesquita et al. Caminhos da integralidade: adolescentes e jovens na Aten-ção Primária à Saúde. Interface comum saúde educ. v. 16, n. 40, 2012. p. 67-81.

BARRETO, A.C.M.; SANTOS, R.S. A vulnerabilidade da adolescente às doenças sexualmente transmissíveis: Contribuições para a prática da enfermagem. Esc Anna Nery, Rev. Enferm out-dez; v. 13, n. 4, p. 809-16, 2009.

CABRAL, Ivone Evangelista; NEVES, Eliane Tatsch. Pesquisar com o método criativo sensível na enferma-gem: fundamentos teóricos e aplicabilidade. (In): LACERDA, M. R.; COSTENARO, R. G. S. Metodologias da pesquisa para a enfermagem e saúde da teoria a prática. 1 ed. Porto Alegre: Moriá Editora, p. 325-350.

CAMILO, V. M. B, et. al. Educação em saúde sobre DST/AIDS com adolescentes de uma escola pública, utilizando a tecnologia educacional como instrumento. DST. J. Bras. Doen. Sex. Transm. v.21, n.3, p. 124-128, 2009.

LOPES, Maria Leonita Cavalcanti et al. Análise de estudos com enfoque nos centros de testagem e aconselhamento anti- HIV: características e contribuições. Rev enferm UFPE on line, v. 6, n. 2, p. 444-453, 2012.

Publicado
21-09-2016