ELABORAÇÃO E VALIDAÇÃO DE UM MATERIAL EDUCATIVO SOBRE A INFECÇÃO PELO HIV PARA ADOLESCENTES A PARTIR DO REFERENCIAL DE VULNERABILIDADE
Resumo
1 Introdução
No Brasil, as notificações de infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e pela Síndrome de imunodeficiência adquirida (Aids) apontam para uma mudança no perfil epidemiológico, destacando o processo de juvenização, o qual é caracterizado pelo aumento de notificações entre adolescentes (BRASIL, 2015). Apesar dos adolescentes possuírem informações sobre prevenção da transmissão do HIV pela mídia e pelos materiais desenvolvidos pelo Ministério da Saúde, esses apresentam conteúdos enfatizando a utilização apenas do preservativo, sem atentar para as particularidades e singularidades do indivíduo. De tal modo, que o conceito de vulnerabilidade em relação à infecção pelo HIV, poderá auxiliar, por meio do empenho de produção e difusão de conhecimentos, discussões e ações sobre os distintos graus e situações de suscetibilidade, tanto em relação ao indivíduo como ao grupo de infecção, partindo das peculiaridades atribuídas pelos conjuntos sociais (AYRES, 2012). Assim, justificou-se tal pesquisa, pois ao dar voz aos adolescentes, puderam contribuir para a formulação de um material educativo conforme as suas necessidades.2 Objetivo
Elaborar e validar um material educativo sobre a infecção pelo HIV para adolescentes, a partir do referencial de vulnerabilidade.
3 Metodologia
O projeto foi elaborado por meio de um estudo metodológico, aprovado pelo Programa Institucional de Iniciação Científica e Tecnológica da UFFS, Campus Chapecó (PRO-ICT/UFFS) edital número 281/UFFS/2015, desenvolvido em quatro etapas: A primeira, ocorreu no período de agosto a dezembro de 2015 e tratou-se de uma pesquisa bibliográfica que contribuiu para determinar os pontos de consenso e os pontos controversos; A segunda etapa, foi dividida em duas abordagens (qualitativa e quantitativa) e a partir delas, foi possível identificar às vulnerabilidades dos adolescentes à infecção pelo HIV. As duas abordagens foram realizadas nas Escolas de Educação Básica Antônio Morandini e São Francisco do município de Chapecó, SC, Brasil, com adolescentes na faixa etária de 13 a 19 anos. A pesquisa qualitativa ocorreu por meio da produção de dados da Dinâmica de Criatividade e Sensibilidade (DCS), que está fundamentada no Método Criativo Sensível (MCS), o almanaque (CABRAL, NEVES, 2015), com nove adolescentes. Os dados foram analisados conforme a Análise do Discurso Francesa. A parte quantitativa teve seu início em novembro de 2015 por meio de amostragem por conveniência, a partir de uma amostra de 206 adolescentes. Para a coleta de dados foi utilizado um questionário de caracterização dos adolescentes, o qual integra os dados sócio-demográficos e a “Escala de atitudes frente ao HIV”. Os dados foram analisados após a digitação no programa Epi-info®, versão 7.0, com dupla digitação independente. Realizou-se a análise descritiva dos dados, por meio do programa PASW Statistics® (Predictive Analytics Software, SPSS) versão 18.0 for Windows; A terceira etapa caracterizou-se pela elaboração do material educativo; A quarta foi desenvolvida a validação do material educativo desenvolvido. O projeto foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFFS/SC sob parecer número: 1.154.514.
4 Resultados e Discussão
Em relação à pesquisa bibliográfica, ressalta-se, que a literatura, ainda aponta para o conceito de comportamento e grupo de risco. Tal apontamento poderá estar relacionado ao quantitativo de produções serem de outros países, como Estados Unidos, o qual não utilizam o conceito de vulnerabilidade para as ações do HIV/Aids. No estudo qualitativo: a pesquisa em relação à vulnerabilidade particularizou as diferentes situações de suscetibilidade dos sujeitos a partir dos seus três planos analíticos inter-relacionados: o individual, o social e o programático. No plano analítico individual, os resultados mostraram que ainda existem questões culturais quanto à projeção de risco para o outro. O aumento da vulnerabilidade está associado a aspectos que são comuns a adolescência, como por exemplo: onipotência, sensação de invulnerabilidade e necessidade de explorar o novo (AYRES, 2012). No plano social, se destacaram os aspectos demográficos e acesso às informações. Apesar da maioria dos adolescentes considerarem suficientes as informações a respeito da Aids sabe-se que a fonte de informações dos adolescentes, muitas vezes, vem de colegas e amigos, que também não tiveram esse acesso dando origem, assim, a conceitos equivocados, carregados de mitos e tabus. Já no plano analítico programático foi contemplado que o serviço de saúde precisa levar em consideração a singularidade, potencialidades e fragilidades de cada um e que venha a possibilitar um cuidado multiprofissional. No que diz respeito às questões quantitativas: as que envolveram o fator geral de percepção da informação técnico-científica, foi possível identificar as questões que apresentaram um baixo conhecimento sobre o HIV/Aids, foram: a “Aids é uma doença que não atinge apenas homossexuais” foi possível observar que os adolescentes discordam parcialmente (19,4%) e discordam totalmente (16,5%). Para os adolescentes a questão “A Aids não pode ser contraída nos consultórios de dentistas e ginecologistas, e também em cabeleireiros e manicures” apresentou um elevado número de afirmativas concordo totalmente (20,9%) e concordo parcialmente (39,8%). Em relação a questão “A saliva não mata o vírus causador da Aids” e na questão o “Suor não pode transmitir o HIV” 18,8% e 26,2% dos adolescentes discordam parcialmente, respectivamente. Quando perguntado se “Não se contrai Aids pela picada de inseto”, 21,8% dos adolescentes discordavam parcialmente. A partir dessas informações o material educativo foi elaborado e enviado para sua validação.
5 Conclusão
A pesquisa apontou que Aids ainda é considerada uma doença do outro e que (pre)conceitos como abraçar um soropositivo e sentar em vasos sanitários se contrai aids ainda permeiam o imaginário dos adolescentes e que esta epidemia, encontra-se distante do seu cotidiano. A partir destas constatações o Manual foi realizado pautado na história do HIV, perpassando pelos conceitos de grupo de risco, comportamento de risco e vulnerabilidade, a fim de desmistificar que é uma doença do outro. Além disso, foram revistas questões quanto à transmissão, cura, vacina e tratamento, pois foram situações que povoaram os imaginários dos adolescentes durante as pesquisas. Assim destaca-se que o uso do material educativo no ambiente escolar poderá auxiliar a minimizar a vulnerabilidade dos adolescentes frente ao HIV e (re)orientá-los quanto aos seus anseios.
Referências
AYRES, José Ricardo de Carvalho Mesquita et al. Caminhos da integralidade: adolescentes e jovens na Atenção Primária à Saúde. Interface comum saúde educ. v. 16, n. 40, 2012. p. 67-81.
BRASIL. Programa Nacional DST/AIDS.Boletim Epidemiológico AIDS/DST. 2015. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/data/Pages> Acesso em: 09 de mar. 2016.
CABRAL, Ivone Evangelista; NEVES, Eliane Tatsch. Pesquisar com o método criativo sensível na enfermagem: fundamentos teóricos e aplicabilidade. (In): LACERDA, M. R.; COSTENARO, R. G. S. Metodologias da pesquisa para a enfermagem e saúde da teoria a prática. 1 ed. Porto Alegre: Moriá Editora, p. 325-350.
Submeto o trabalho apresentado como texto original à Comissão Científica da XIII JIC, o qual apresenta os resultados de subprojeto de pesquisa, e concordo que os direitos autorais a ele referentes se tornem propriedade do Anais da XIII JIC da UFFS.
Observação: Caso o trabalho possua caráter sigiloso, o apresentador deve informar à Comissão Organizadora através do e-email jic.dpe@uffs.edu.br nos prazos indicados no Regulamento (www.uffs.edu.br/jicsimpos).