MORADIA ESTUDANTIL E RESSIGNIFICAÇÃO: DIRETRIZES PARA O PROJETO ARQUITETÔNICO A PARTIR DOS ESPAÇOS COLETIVOS E DE SOCIALIZAÇÃO

  • Eduarda Beatriz Valandro da Silva Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim
  • Joana Pinotti Zin Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim
  • Karine Grasel Zimermann Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim
  • Débora Oliveira Mattos Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim
  • Ricardo Socas Wiese Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim
Palavras-chave: Espaços universitários, Residência estudantil, Sociabilidade, Formação, Comunidade

Resumo

1 Introdução

No atual contexto universitário brasileiro, caracterizado pela expansão das instituições de ensino superior e a ampliação do acesso à universidade, se faz necessário intensificar a discussão acerca dos espaços universitários e dos instrumentos e políticas de permanência dos estudantes, garantindo condições para que estes desempenhem suas atividades acadêmicas com qualidade e diminuindo os índices de evasão nos cursos de graduação. Para isso, é preciso conceber a moradia estudantil como um espaço de fortalecimento da autonomia estudantil, compreendendo-a como potencial de construir identidades e estabelecer novas redes de sociabilidade.

Dessa forma, a Moradia Estudantil ressurge para alimentar a discussão para além de uma política assistencialista que busca garantir o acesso e permanência dos estudantes na universidade, mas buscando assumir um papel protagonista na vida universitária e no potencial de integração com a cidade contemporânea.

Diante disto, o presente projeto de pesquisa buscou contribuir com esta discussão, a partir da abordagem da arquitetura e do urbanismo, procurando investigar e evidenciar o potencial da moradia estudantil como um equipamento socializador, formador e integrador.

2 Objetivo

O objetivo geral deste projeto de pesquisa foi construir diretrizes para o projeto de moradia estudantil, partindo de reflexões acerca dos espaços coletivos e de socialização, buscando verificar o potencial destes na contribuição para uma ressignificação da moradia estudantil no atual contexto universitário brasileiro.

3 Metodologia

O estudo proposto pautou-se pelas reflexões a partir dos espaços coletivos e socializadores como eixo estruturante (físico e político) da residência universitária, verificando a contribuição destes espaços para o fortalecimento do próprio conceito de universidade/comunidade.

A metodologia para o presente projeto de pesquisa estruturou-se em quatro momentos distintos. O primeiro momento (A), de fundamentação teórica, fundamentou-se na revisão bibliográfica acerca do tema e da abordagem proposta. Na etapa seguinte (B), a investigação proposta pela pesquisa deu-se a partir do “estudo de caso”, buscando identificar critérios a serem utilizados na etapa seguinte, por meio de análises de projetos submetidos ao recente concurso para projetos de moradias estudantis da UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), promovido pelo IAB – SP (Instituto de Arquitetos do Brasil de São Paulo). A terceira etapa (C) buscou sistematizar o conteúdo das etapas anteriores e, a partir de um olhar crítico reflexivo, construir diretrizes acerca do tema que possam contribuir para a discussão e definição de políticas e projetos de moradia estudantil no contexto brasileiro. Por fim, buscou-se sintetizar as conclusões acerca de todo o processo de reflexão sobre o tema (D), organizando o material da pesquisa na forma de relatórios e de um Caderno de Diretrizes, de modo a divulgar os resultados.

4 Resultados e Discussão

A pesquisa teve como resultado a elaboração de uma série de diretrizes para o projeto de moradia estudantil, embasadas nos critérios identificados a partir dos estudos de caso analisados, assim como nas próprias reflexões do grupo, com orientações e sugestões de estratégias projetuais. Assim, evidenciando o potencial de socialização e formação dos espaços coletivos no complexo universitário e propondo novas estratégias na configuração dos espaços, além da inclusão de atividades que possam contribuir de alguma forma para o desenvolvimento e crescimento do estudante e para que a comunidade local possa usufruir do complexo da moradia como um equipamento público integrado à cidade. Assim, ressaltando as importantes relações que podem ser estabelecidas com o entorno, a cidade e o tecido urbano.

Dessa forma, buscou-se evidenciar e resgatar o caráter de coletividade da moradia estudantil, com um novo olhar a partir das novas demandas e compreendendo-a como uma oportunidade de fortalecer o espírito coletivo das pessoas e de contribuir para um novo modo do habitar contemporâneo. Assim, para além de uma política assistencialista, a moradia é vista como protagonista na vida da universidade e na integração com a cidade.

Deve-se interpretar os resultados a partir do contexto particular de cada universidade, suas características, seus alunos e sua relação com a cidade. Neste sentido, destaca-se a necessidade de desenvolver estudos aprofundados acerca do contexto de cada universidade (ou campus) para que sejam desenvolvidas as propostas específicas de ME, adequadas à realidade do local.

5 Conclusão

A partir do desenvolvimento das diretrizes projetuais ao longo desta pesquisa não objetivou-se organizar um catálogo de soluções arquitetônicas prontas pra serem utilizadas nos projetos de ME (moradia estudantil), mas sim o de sistematizar reflexões acerca do tema e que possam subsidiar as discussões e decisões projetuais. Da mesma forma, alimentar o debate institucional acerca do papel da ME nas universidades brasileiras e sua ressignificação a partir do seu caráter de coletividade.

Por fim, as diretrizes e os critérios poderão ser utilizados em futuros projetos arquitetônicos de moradias estudantis, como forma de conduzir os objetivos e realizar escolhas mais adequadas no projeto e na construção, o que permite contribuir para novas discussões acerca dos modelos de moradia estudantil. Constituem subsídios para novas formas de pensar a arquitetura, a organização dos espaços e um planejamento de moradias estudantis mais adequados à realidade de cada contexto. Além disso, a pesquisa contribui para continuidade de pesquisas sobre o tema, e principalmente alimentar o debate e reflexões da moradia estudantil da UFFS.

Referências

GARRIDO, Edleusa Nery and MERCURI, Elizabeth Nogueira Gomes da Silva. A moradia estudantil universitária como tema na produção científica nacional. Psicol. Esc. Educ.[online]. 2013, vol.17, n.1, pp. 87-95. ISSN 1413-8557. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S1413-85572013000100009. Acesso em 01 Abr. 2015.

GOETTEMS, Renata Franceschet. Moradia estudantil da UFSC: Um estudo sobre as relações entre o ambiente e os moradores. Florianópolis, 2012

RAMOS, Renata Santiago. Residências universitárias modernas no Brasil. Porto Alegre, 2012

Publicado
25-09-2016