AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DO ZINCO NA DEPRESSÃO

  • Caroline Machado Universidade Federal da Fronteira Sul. Campus Realeza
  • JANAÍNA PERIN Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Realeza
  • ESMIRRÁ ISABELLA TOMAZONI Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Realeza
  • Andrieli Thaisa Teixeira Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Realeza
  • Dalila Moter Benvegnú Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Realeza

Resumo

1 Introdução

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que para 2020 a depressão será a segunda maior causa de incapacitação e mortes no mundo. A maioria das pessoas depressivas apresentam como sintomas a tristeza, cansaço e falta de interesse em atividades diárias (WHO, 2012).

Durante os últimos anos, muitos artigos foram apresentados indicando importante papel do zinco na psicopatologia e na terapia da depressão. No cérebro, o zinco está presente na segunda maior concentração dentre os metais de transição, depois do ferro. Está localizado dentro de vesículas sinápticas de neurônios específicos, onde modula a transmissão sináptica e discute-se que ele próprio pode atuar como um neurotransmissor (FREDERICKSON, 1989). O hipocampo e a amígdala, regiões cerebrais que são responsáveis pela regulação do humor e  que apresentam um grande número de neurônios que contêm zinco, encontram-se alteradas na depressão (BROWN; DYCK, 2004).

Neste sentido, estudos sugerem que a suplementação de zinco aliada à terapia com antidepressivos, pode ser benéfica reduzindo os sintomas depressivos em pacientes clinicamente diagnosticados com depressão. Ademais, foi constatado que o mineral reduz escores de sintomas depressivos, em pacientes suplementados que antes não tinham resposta ao tratamento (NOWAK et al., 2003; SIWEK et al., 2009, 2010).

Portanto, estudos são necessários para analisar o envolvimento do zinco na patologia da depressão, os quais poderão contribuir para maior compreensão acerca dessa doença, melhorando o bem-estar dos pacientes depressivos envolvidos no estudo.

2 Objetivo

Realizar uma avaliação nutricional de indivíduos acometidos pelo transtorno da depressão e correlacionar os sintomas presentes com o consumo de zinco.

 

3 Metodologia

Foram selecionados indivíduos de 18 a 59 anos, pertencentes aos mais diversos municípios do sudoeste paranaense, diagnosticados com transtorno depressivo por um profissional da saúde e que faziam uso de antidepressivos. Foi avaliado a ingestão de zinco através do Diário Alimentar de Três Dias e do Questionário de Frequência Alimentar, contendo as principais fontes de zinco. Também foi realizada uma avaliação antropométrica com a coleta de peso e estatura, para cálculo do IMC. Além disso, foram aplicados um questionário socioeconômico e outro questionário para verificar o estado de saúde e estilo de vida. Para avaliação da gravidade da doença foi aplicado o teste Beck Depression Inventory (BDI-II). Os dados foram tabulados e avaliados pelo software Statistica, versão 11.0.

 

4 Resultados e Discussão

Foram entrevistados 63 indivíduos, sendo 54 do sexo feminino e 9 do sexo masculino. Destes a maioria foi diagnosticado com algum transtorno depressivo por psiquiatra (67,86%), o restante por clínico geral (28,57%) ou outras especialidades (3,57%). Do total de entrevistados, 87,5%  tem depressão, 7,14% transtorno bipolar e 3,57% depressão maior.

Ao avaliar a gravidade dos sintomas depressivos, 36,84% dos entrevistados apresentaram depressão severa, 26,32% depressão moderada, 19,29% depressão leve e 17,54% depressão mínima. Avaliando o consumo de zinco segundo as Dietary Reference Intakes (DRI’s) o mesmo foi adequado pelo Diário Alimentar, já pelo Questionário de Frequência Alimentar foi abaixo do recomendado. Além disso, não houve correlação significativa entre a gravidade dos sintomas depressivos e quantidade de zinco consumida.

Em relação aos sintomas depressivos relatados pelos participantes, tristeza foi a mais citada (80,70% dos entrevistados), seguido de baixa estima (77,19%), isolamento social (75,44%), cansaço (66,66%), insônia (61,40%), agitação (61,40 %), pessimismo (50,87%), culpa e rejeição pessoal (49,12%), ganho de peso e medo (45,61%), ideias de suicídio (49,12%), hipersonia (36,84%), perda de prazer (35,09%). Em relação ao estado nutricional, a maioria dos indivíduos (43,86%) encontram-se eutróficos, seguido de sobrepeso (26,32%), obesidade grau I (17,54%), obesidade grau II (8,77%) e obesidade grau III (3,51%).

A maioria (69,64%) não utiliza chás para o tratamento da doença, e nem faz uso de multivitamínicos (85,71%). Em relação ao apetite, “sentir muita fome” foi o mais citado pelos entrevistados (50%), 32,14% disse se alimentar por que é necessário, 12,50% não sente fome e o restante (5,36%) diz que seu apetite é normal. A maioria faz mais que 3 refeições diárias (89,29%) e “em casa” foi o local mais citado para realização das mesmas (91,7%).

Em relação ao estado civil, 58,93% são casados, 32,14% solteiros e 7,14% moram com o parceiro, onde 71,43% tem filhos. Outros hábitos como a prática de atividade física, a maioria não pratica (42%), além disso, 85,71% não são fumantes e 71,43% não fazem o uso de bebida alcoólica, já os que consomem dizem ser menos de 2 vezes na semana.

 

5 Conclusão

Pode-se observar que a maioria dos indivíduos encontram-se acima do peso, com isso os fatores citados, como número de refeições, o fato de “sentir muita fome” que leva os indivíduos a alimentarem-se de forma compulsiva e a escassa prática de atividade física, contribuem para o aumento dos índices de sobrepeso e obesidade. Portanto, torna-se importante o monitoramento da saúde destes indivíduos para melhora do bem-estar e da qualidade de vida.

Além disso, grande parte dos entrevistados está com a doença em sua forma mais grave, e o consumo do mineral zinco está adequado através do diário alimentar e abaixo do recomendado através do questionário de frequência alimentar, apesar de não haver relação significativa entre o consumo de zinco e os sintomas depressivos. Desta forma, um número maior de participantes e novos estudos avaliando zinco sérico nesses pacientes são necessários para resultados mais fidedignos, pois, apesar do consumo do mineral estar adequado, sua absorção pode estar sendo prejudicada.

Referências

FREDERICKSON, C. J. Neurobiology of zinc and zinc containing neurons. Int Rev Neurobiol, v. 31 p.145–238, 1989.

NOWAK, G. et al. Effect of zinc supplementation on antidepressant therapy in unipolar depression: a preliminary placebo-controlled study. Pol J Pharmacol, v. 55, p. 1143–1147, 2003.

SIWEK, M, et al. Serum zinc level in depressed patients during zinc supplementation of imipramine treatment. J Affect Disord.v.126, p. 447–452, 2010.

WORLD HEALTH ORGANIZATION:WHO.Depression fact sheet.N0. 369.WHO. Geneva, Switzerland, 2012.

Publicado
21-09-2016