BIORREMEDIAÇÃO DE SOLOS CONTAMINADOS COM HERBICIDAS UTILIZADOS NO MANEJO DE PLANTAS DANINHAS

  • Fábio Luís Winter Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim
  • Cinthia Maethê Holz Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim
  • Carla Alves Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim
  • Rosilene Kaiser Instituto Federal do Rio Grande do Sul Campus Sertão
  • Leandro Galon Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim
Palavras-chave: Despoluição de solo, Carryover, Sustentabilidade ambiental

Resumo

1 Introdução

A crescente utilização de agrotóxicos na produção agrícola tem se tornado um problema ao ambiente, com agravamento ao se usar produtos com elevada persistência. Dentre os agrotóxicos destacam-se os herbicidas que apresentam a capacidade de permanecerem ativos no solo por períodos elevados, ocasionando problemas ao cultivo de culturas sucessoras, o carryover. Alguns herbicidas inibidores da protoporfirinogênio oxidase (PROTOX) como o fomesafen e o sulfentrazone, amplamente utilizados nas lavouras de cana-de-açúcar, fumo, feijão, soja e citros possuem estas características de persistirem no solo.

Para amenizar os impactos nas culturas sucessoras, a técnica da biorremediação tem se tornado uma ferramenta indispensável para remoção destas moléculas no solo. Resultados satisfatórios já foram alcançados para as espécies de Eleusine coracana para descontaminação de picloram (SILVA et al., 2012), de Vicia sativa e Lolium multiflorum ao removerem imazethapyr+imazapic e imazapyr+imazapic (GALON, et al., 2014). Com isso, torna-se necessário os estudos que visem a seleção de plantas capazes de remover herbicidas do solo, buscando minimizar os impactos ambientes ao se usar esses produtos.

2 Objetivo

Avaliar o potencial biorremediador de espécies vegetais utilizadas como pastagens, cobertura do solo ou para a produção de grãos no Rio Grande do Sul a herbicidas inibidores de PROTOX, pertencentes aos grupos das triazolinonas e dos difeniléteres, usados para o controle de plantas daninhas infestantes das culturas de milho, soja, trigo, cevada e feijão.

3 Metodologia

Foram instalados em casa de vegetação dois experimentos (um com sulfentrazone e outro com fomesafen) no delineamento inteiramente casualizado, arranjados em esquema fatorial 5 x 4, com quatro repetições. No fator A alocou-se espécies de inverno (aveia preta, ervilhaca, nabo, cornichão e tremoço) e no B as doses dos herbicidas (0; 0,5; 1 e 2 vezes a dose comercial recomendada do produto) aplicados em pré-emergência das culturas.

Após o cultivo das espécies de inverno, procedeu-se a semeadura da planta bioindicadora (pepino) no mesmo solo, para confirmar a descontaminação do mesmo. Aos 35 dias após a emergência (DAE), foram realizadas as aferições das variáveis Fitotoxicidade (%), massa seca (g) e eficiência do uso da água (EUA – mol CO2 mol H2O-1).

Os resultados foram submetidos a análise de variância, havendo significância aplicou-se as regressões lineares ou não lineares para avaliar o efeito das doses dos herbicidas nas espécies testadas.

4 Resultados e Discussão

Os resultados demonstram que houve maior fitotoxicidade causada pela aplicação de sulfentrazone quando comparada aos resultados obtidos para o fomesafen sobre a planta bioindicadora pepino (Figura 1). Na utilização da dose comercial de sulfentrazone, observa-se que no cultivo prévio da aveia preta, o pepino apresenta fitotoxicidade de aproximadamente 35%, porém ao se analisar a massa seca (Figura 2) e o uso eficiente da água (Figura 3), os valores foram baixos, remetendo à não fitorremediação dessa espécie. A elevada fitotoxicidade para o sulfentrazone demonstra seu longo efeito residual e sua elevada injúria em culturas não recomendadas (BELO et al., 2011).

A fitotoxicidade do fomesafen alcançou valores menores, chegando apenas a 40%, quando do cultivo prévio de cornichão. Na análise da massa seca do pepino (Figura 2), observou-se que a aplicação de fomesafen demonstrou maior acumulo, quando comparada à aplicação de sulfentrazone. O acúmulo de massa seca é inversamente proporcional à fitotoxicidade, onde os menores índices de massa seca na aplicação de sulfentrazone se justificam pela maior toxicidade e período residual do sulfentrazone fato esse também relatado por Oliveira Jr. (2011).

A variável uso eficiente da água – UEA (Figura 3) demonstrou resultados satisfatórios quando cultivou-se antecipadamente o nabo em solo contaminado com fomesafen, corroborando com os resultados obtidos para fitotoxicidade (Figura 1) e massa seca (Figura 2), o que torna essa espécie com potencial para descontaminar solo poluído com fomesafen. O cornichão e o nabo apresentaram os melhores resultados para o UEA na aplicação dos dois herbicidas.

5 Conclusão

O cornichão apresenta maior potencial para descontaminar solos poluídos com sulfentrazone e fomesafen. O nabo apresenta resultado satisfatório para fitorremediar solos com resíduos de fomesafen.

Biografia do Autor

Fábio Luís Winter, Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Erechim
Estudante de Agronomia, bolsista em iniciação científica PROBITI/ FAPERGS.

Referências

Belo, A.F. Potencial de espécies vegetais na remediação de solo contaminado com sulfentrazone. Planta Daninha. Viçosa- MG. v. 29, n. 4, p. 821-828, 2011.

Galon, L. et al., Influência de herbicidas do grupo 399 das imidazolinonas em características fisiológicas de plantas cultivadas no inverno. Pesquisa Agropecuária Gaúcha, Porto Alegre- RS. v. 20, n.1/2, p. 42-51, 2014.

Oliveira Jr. R. S. Mecanismo de ação dos herbicidas: IN . Biologia e manejo de plantas daninhas-BMPD. 2011, cap. 7, p. 142-191.

Silva, L. O. C. et al., Ação de Eleusine coracana na remediação de solos contaminados com picloram. Planta Daninha, Viçosa-MG, v. 30, n. 3, p. 627-632, 2012.

Publicado
19-09-2016