DIVERSIDADE E TAXONOMIA DE MONOPLATINA (COLEOPTERA: CHRYSOMELIDAE: GALERUCINAE: ALTICINI) NO MATO GROSSO DO SUL

  • Denize Wgliana Gervasio Oliveira Universidade Federal da Fronteira Sul Campus Realeza
  • Adelita Maria Linzmeier
Palavras-chave: Revisão, Rhinotmetus, sistemática

Resumo

1 INTRODUÇÃO

Alticini (Galerucinae) constitui um dos grupos mais diversos de Chrysomelidae (Coleoptera), com pelo menos 10.000 espécies, em cerca de 500 gêneros. Porém, ainda estão entre os menos conhecidos e estudados, fazendo com que muitas espécies permaneçam sem identificação, revelando o quanto da fauna ainda é desconhecida. Dentre eles Monoplatina Chapuis, 1875 possui 47 gêneros e mais de 400 espécies distribuídas principalmente na região Neotropical, a qual tem sido amplamente coletada em estudos ecológicos e de diversidade (LINZMEIER & RIBEIRO-COSTA, 2012). Além disso, não há estudos taxonômicos de revisão, sendo estes necessários, pois melhoram o conhecimento da diversidade.

Rhinotmetus foi criado por Clark em 1860 para agrupar 21 espécies brasileiras. Após este trabalho, outras espécies foram descritas e atualmente conta com 36 espécies exclusivamente neotropicais. Apresenta coloração bastante variável, desde espécies metálicas, com máculas até completamente foscas, as quais podem ser subdivididas em dois grupos: Grupo A) espécies de coloração metálica e Grupo B) espécies não metálicas.

Dessa forma, verifica-se que a revisão de Rhinotmetus é relevante, já que é um gênero predominantemente brasileiro, o qual vem sendo coletado e possui várias questões taxonômicas a serem resolvidas, contribuindo assim, para o entendimento de um grupo consideravelmente diverso, ampliando o conhecimento sobre nossa biodiversidade.

 

2 OBJETIVO

O objetivo deste estudo foi realizar a revisão taxonômica das espécies de Rhinotmetus de coloração metálica.

 

3 METODOLOGIA

Foram examinados 239 exemplares provenientes do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP), Coleção de Entomologia Pe. J.S. Moure (DZUP), Museu Nacional do Rio de Janeiro (MNRJ) e Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (FZRS). O material tipo está depositado no The Natural History Museum, Londres (BMNH) e foi estudado e fotografado pela proponente.

Foram estudadas características morfológicas externas e internas, com especial interesse na genitália masculina. Para a dissecação, exemplares foram imersos em água quente por 30 minutos para o amolecimento do exoesqueleo. Em seguida, a genitália foi retirada e aquecida em hidróxido de potássio a 10%, para remoção de tecidos e melhor visualização. As estruturas dissecadas foram acondicionadas em microtubos contendo glicerina e alfinetadas junto ao exemplar.

O reconhecimento das estruturas e os desenhos foram feitos com estereomicroscópio (Motic S/N S 1442335) com câmara-clara acoplada, e microscópio (Motic BA 210). Caracteres diagnósticos foram fotografados com Smartphone (Samsung Galaxy Gram Prime) acoplado ao estereomicroscópio. A terminologia utilizada segue Konstantinov (1998).

 

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Rhinotmetus destaca-se dos demais gêneros de Monoplatina por apresentar cabeça alongada, carenas e calos triangulares bem desenvolvidos; pronoto com ângulos anteriores ligeiramente deprimidos e arredondados e, lados submarginados; élitros, em geral robustos, pontuado-estriados, com uma depressão transversal antemediana, que se estende obliquamente entre os calos basal e humeral; garras bífidas; saco interno do edeago com um esclerito em forma de C (em vista lateral) e triangular (em vista ventral ou dorsal); espermateca com bomba, receptáculo e ducto distintos; presença de uma projeção apical no ápice da bomba.

Dentre as espécies estudadas Rhinotmetus leptocephalus (Perty, 1832), a espécie tipo do gênero, difere das outras espécies, pois apresenta élitros com pubescência densa e dourada, com regiões glabras que formam quatro máculas, esclerito do saco interno do edeago em forma de C com região sub-triangular, em vista lateral, sulco longitudinal do pronoto ausente porém com uma linha longitudinal mediana, sem pontuações e sem pelos. Rhinotmetus cyanipennis Clark, 1860 possui o corpo mais robusto que as outras espécies e têm pontuações fracas nos élitros, ausência do sulco longitudinal no pronoto e esclerito do saco interno do edeago em forma de L.

Rhinotmetus elegantulus Clark, 1860 e Rhinottmetus inornatus Clark, 1860 foram sinonimizadas com Rhinotmetus sulcicollis Clark, 1860, pois apesar de apresentarem diferenças na coloração e pequenas variações na carena frontal, anterofrontal e densidade da pontuação dos élitros, possuem tanto a genitália masculina quanto a feminina iguais, com o esclerito do saco interno do edeago grande, em forma de C; projeção apical da espermateca mais alongada que as demais espécies e ainda um sulco longitudinal e uma depressão basal no pronoto, ambos bem desenvolvidos, pubescência esparsa nos élitros, sendo mais densa no terço apical (em alguns exemplares) e corpo mais alongado que as demais espécies.

Rhinotmetus depressus Clark, 1860 foi sinonimizada com Rhinotmetus cyaneus Clark, 1860, que apesar das pequenas variações nas pontuações dos élitros e presença e/ou ausência de um sulco longitudinal no pronoto, tanto a genitália masculina quanto a feminina apresentam o mesmo padrão, com o esclerito do saco interno do edeago em forma de C, com uma projeção triangular em forma crista; tignum com a área distal fortemente lobada no ápice, características estas que também a difere das demais espécies.

Rhinotmetus whaterhousii Clark, 1860, se difere das demais espécies por apresentar um corpo alongado e pontuações dos élitros esparsas. A genitália não foi estudada. E, Rhinotmetus ruficollis Clark, 1860, se distingue facilmente das outras espécies pelo pronoto castanho avermelhado, élitro densamente pontuado-estriado, com mancha avermelhada no calo humeral, esclerito do saco interno do edeago pequeno, em forma de C, com projeção alongada e, ápice dos palpos vaginais truncados.

Por fim, Rhinotmetus assimilis Clark, 1860, se difere das demais espécies por apresentar o esclerito do saco interno do edeago em forma de C fortemente côncavo, com projeção triangular; palpos vaginais paralelos com o ápice pouco divergente e sua margem externa arredondada com sinuosidade apical.

 

5 CONCLUSÃO

A partir deste estudo novas características tem se mostrado relevantes para o reconhecimento de Rhinotmetus, dentre as quais se destaca a presença de um esclerito no saco interno do edeago da genitália masculina, calos antenais triangulares bem marcados, carena frontal e anterofrontal bem desenvolvidas que se estendem anteriormente, presença de vários sulcos bem desenvolvidos na cabeça.

Após este estudo o grupo das espécies metálicas de Rhinotmetus passa a ser composto por sete espécies.

Referências

CLARK, H. Catalogue of Halticinae in the collection of the British Museum, part 1, London, p.301, 1860.

KONSTANTINOV, A.S. Revision of the Palearctic species of Aphthona Chevrolat and cladistic classification of the Aphthonini (Coleoptera: Chrysomelidae: Alticinae). Memoirs on Entomology, International Associated Publishers, Gainesville, p.429, 1998.

LINZMEIER, A.M. & RIBEIRO-COSTA, C.S. Spatial-temporal composition of Chrysomelidae (Insecta:Coleoptera) communities in southern Brazil. Journal of Natural History, v. 46, nº.31-32, p. 1921-1938, 2012.

Publicado
23-09-2016