MICROBIOLIZAÇÃO E PELICULIZAÇÃO: EFEITOS SOBRE A QUALIDADE FISIOLÓGICA E SANITÁRIA DE SEMENTES DE SOJA E TRIGO

Resumo

Introdução

A utilização de sementes de qualidade é fundamental para a obtenção de semeaduras uniformes, além de minimizar a entrada de fitopatógenos, que comprometem o estádio inicial de desenvolvimento das plântulas. Nesse sentido, a microbiolização com micro-organismos antagonistas, tem-se apresentado como uma técnica promissora para o controle de patógenos associados às sementes, produzindo plântulas sadias e vigorosas. Associada com a microbiolização, a peliculização de sementes com polímeros, têm proporcionado resultados positivos, haja vista a melhoria na aderência de antagonistas e fungicidas às sementes (JUNGES, 2014), não alterando o seu tamanho e sua forma .

2 Objetivo

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da microbiolização com Trichoderma spp. e Bacillus subtilis, e do tratamento químico, associados ou não com peliculização, sobre a qualidade fisiológica e sanitária de soja (cultivares: BMX Vanguarda IPRO e NS 5959 IPRO) e de trigo (cultivares: TBIO Sinuelo e TBIO Toruk).

3 Metodologia

Os experimentos foram conduzidos no Laboratório de Entomologia e Fitopatologia da UFFS – Campus Erechim/RS. Foram avaliados os seguintes tratamentos: T1) Trichodel^® (Trichoderma spp. - ECCB); T2) Trichodel^® + polímero (Polyseed CF^® – Rigrantec); T3) Trichodermil 1306 SC^® (Trichoderma harzianum - Koppert Biological Systems); T4) Trichodermil 1306 SC^® + polímero; T5) Rizolyptus^® (Bacillus subtilis - Bio Soja); T6) Rizolyptus^® + polímero; T7) Standak^® Top, T8) Standak^® Top + polímero; T9) Testemunha (sem recobrimento).

Na aplicação dos tratamentos à base de Trichoderma spp. (T1, T2, T3 e T4) e Bacillus subtilis (T5 e T6), considerou- se as especificações de cada fabricante, sendo que, para Trichoderma spp., utilizou-se 250 mL de produto/50 kg de sementes e, para Bacillus subtilis, 2 mL de produto/200 sementes. Já nos tratamentos com a adição do polímero Polyseed CF® (T2, T4, T6 e T8), considerou- se a proporção de 1 mL de produto : 1mL de água/100 sementes. Para o tratamento químico (T7 e T8), considerou- se 200 mL de produto/100 kg de sementes de soja e de trigo em um volume de calda de até 300 mL.

Antes da aplicação dos recobrimentos, as sementes passaram por uma assepsia superficial, utilizando-se uma solução de álcool (70%) por 1 min, seguida por hipoclorito de sódio (1%) por 1 min e, na sequência, três lavagens em água destilada e esterilizada (1 min cada). Posteriormente, as sementes foram colocadas para secar sobre papel filtro em temperatura ambiente. Para cada tratamento, foram utilizadas 200 sementes conforme metodologia adaptada das Regras para Análise de Sementes - RAS (Brasil, 2009). Foram realizados os testes de sanidade e germinação (1ª e 2ª contagem). O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado (DIC) com quatro repetições por tratamento. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e teste de Scott-Knott (p ≤ 0,05) para a comparação de médias, através do software estatístico ASSISTAT 7.7 beta.

4 Resultados e Discussão

Na avaliação da sanidade das sementes de soja e trigo, em ambas as cultivares, foram identificados os fungos Aspergillus spp. e Penicillium spp., considerados fungos de armazenamento, e Fusarium spp., além de Trichoderma spp., classificado como um patógeno contaminante (HENNING, 2015). A utilização da microbiolização no controle sanitário de patógenos em sementes de soja e trigo foi eficaz com a utilização dos micro-organismos Trichoderma spp., T. harzianum e Bacillus subtilis. O tratamento com fungicida, tanto isolado quanto combinado com polímero, obteve 100% de eficiência no controle de fungos em sementes, para ambas as culturas e cultivares avaliadas.

Com relação à qualidade fisiológica das sementes, os micro-organismos Bacillis subtilis e Trichoderma spp. influenciaram positivamente no aumento da germinação das sementes de soja e de trigo, afirmando que o uso de Trichoderma spp., como promotor de crescimento de plantas, pode ser eficiente quando aplicado corretamente. De acordo com Junges (2014) Trichoderma spp. proporcionou melhoria na germinação das sementes e no desempenho inicial de plântulas em milho.

Em estudo conduzido por Araujo et al., (2008), sementes de algodão, milho e soja expostas ao tratamento com bioformulado a base de Bacillus subtilis houve incremento na emergência de plântulas em algodão e soja, concluindo que esse micro-organismo possui potencial para promover o crescimento de plântulas.

O uso de T. harzianum causou redução e maior percentual de plântulas anormais para as duas culturas analisadas, essa diminuição da germinação pode ter ocorrido em virtude de um efeito inibitório ocasionado pela alta concentração de inóculo de Trichoderma harzianum presente no produto biológico utilizado, que pode ter causado uma competição por nutrientes entre o antagonista e o embrião vegetal (Isaias et al.,2014; Saito et al., 2009).

A eficiência de um produto aplicado no tratamento de sementes não é assegurada apenas pela germinação, mas também pelo desenvolvimento normal das plântulas e pela sanidade das sementes após o tratamento.

5 Conclusão

A microbiolização com os micro-organismos aplicados de forma isoladoa, como Bacillus subtilis e Trichoderma spp., pode auxiliar o produtor na obtenção de maiores produtividades, haja vista o melhor desenvolvimento de plântulas em estádios iniciais das culturas de soja e trigo. Sendo assim, deve-se destacar a importância da utilização de sementes de qualidade e certificadas.

O tratamento químico apresenta eficiência no controle dos principais patógenos associados a sementes de soja e de trigo, nas cultivares TBIO Sinuelo e TBIO Toruk. Os produos biológicos à base de Bacillus subtilis e Trichoderma harzianum apresentam eficiência semelhante ao controle químico. .

O uso de Bacillus subtilis e Trichoderma spp. proporciona melhores resultados quanto à germinação e comprimento de plântulas

Bacillus subtilis é eficiente no controle de patógenos em sementes de soja e trigo, além de promover o desempenho fisiológico destas.

A microbiolização pode ser utilizada para controle de patógenos associados a sementes, desde que o tratamento de sementes seja realizado de maneira correta.

A peliculização atrelada aos tratamentos não influenciou no aumento da germinação, e no controle dos patógenos.