ASPECTOS PRODUTIVOS E QUALIDADE DE FRUTOS QUANTO A COMPONENTES BIOATIVOS PRESENTES NOS FRUTOS EM DIFERENTES CULTIVARES DE AMOREIRA-PRETA
Palavras-chave:
Fruticultura, Amora-preta, Rubus spp., compostos bioativos, nutracêuticoResumo
1 Introdução
A amoreira-preta (Rubus spp.), embora apresente um cultivo pouco expressivo no Brasil, mostra grande potencial para a fruticultura nacional.
Seu cultivo comercial começou a se desenvolver no início da década de 1970, após a introdução de variedades melhoradas pelo Centro Nacional de Pesquisa em Fruticultura de Clima Temperado (CNPFT), atual Embrapa Clima Temperado (EMBRAPA, 2025). Desde então, seu cultivo tem ganhado espaço, principalmente em pequenas propriedades rurais, pois é uma ótima opção para a diversificação agrícola, pois é uma espécie resistente, de fácil manejo e com facilidade na adaptação em diferentes regiões de clima temperado, como o Sul do país (ALVES et al., 2011).
2 Objetivos
O objetivo com este trabalho foi caracterizar e quantificar os compostos bioativos presentes nos frutos de amoreira-preta.
3 Metodologia
O experimento foi conduzido na área experimental, campo de fruticultura do campus Chapecó, da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, sendo os tratamentos realizados com seis cultivares de amora-preta (“BRS Xingu”, “BRS Tupy”, “BRS Cherokee”, “BRS Xavante”, “BRS Guarani” e “BRS Cainguá”). As plantas foram implantadas no pomar em 2014, exceto as cultivares BRS Xingu e BRS Cainguá, que foram implantadas em 2019.
A colheita dos frutos foi realizada de forma manual, respeitando o ponto de maturação adequado para consumo in natura. As análises dos componentes bioquímicos foram conduzidas no Laboratório de Fruticultura e Pós-colheita da UFFS Campus Chapecó. Sendo avaliadas as seguintes variáveis: Produtividade (kg/planta), teor de sólidos solúveis (°Brix), vitamina C foi expressa em (mg de ácido ascórbico/100 mL de suco), Compostos Fenólicos através do método Folin Ciocalteau, com os dados expressos em miligramas equivalentes de ácido gálico por 100 gramas de massa fresca da fruta (mg GAE 100g-1 MF) e Açúcares redutores: seguindo a metodologia adaptada de Vasconcelos, Pinto e Aragão (2013), foi quantificado o teor de açúcares redutores em glicose no suco, através do método DNS (ácido 3,5-dinitrosalicílico). Iniciou-se, logo após a colheita, no laboratório foram retirados 10 g de polpa e macerado em 10 mL de água destilada. O suco obtido foi filtrado em papel filtro e diluído em água destilada na proporção de 1:10 para vitamina C e compostos fenólicos, sendo determinada a Vitamina C com o método colorimétrico (mg de ácido ascórbico/100 mL de suco). Para compostos fenólicos utilizou o método de (Swain) (mg GAE 100g-1 MF). Na proporção 1:100 para açúcares redutores através do método de (Sumner) (g 100 mL-1) e 1:1000 para açúcares totais que seguiu a metodologia colorimétrica Fenol-sulfúrico (g 100mL-1) (SWAIN; HILLIS, 1959).
Os dados obtidos foram testados quanto à normalidade e homogeneidade através do teste Shapiro Wilk e posteriormente submetidos à análise de variância pelo teste F e, quando significativos, submetidos à comparação por meio do teste de Tukey a 5% de probabilidade.
4 Resultados e Discussão
Diante dos resultados obtidos e análise, verificou-se variações estatísticas significativas entre as cultivares, para todas as variáveis avaliadas. A cv. BRS Guarani apresentou-se inferior, com menor produtividade (4,62 t.ha-1) e consequentemente menor número médio de frutos por planta (106,4 t.ha-1), diferindo estatisticamente das cultivares BRS Xingu e BRS Xavante que apresentaram maior número de frutos, não diferindo significativamente entre si, com valores semelhantes (356,4 e 377,0 frutos planta-1, respectivamente). Com referência à produtividade, a cv. BRS Tupy, BRS Xingu e BRS Cherokee apresentaram maior produtividade, diferindo somente da cv. BRS Guarani. Quanto ao sólido solúvel, a cultivar BRS Cherokee apresentou os maiores valores médios de SS, com 6,37 °Brix, se diferindo estatisticamente das demais (Tabela 1).
Tabela 1: Produtividade, sólidos solúveis médio e número médio de furtos por planta das cultivares de amora-preta. Chapecó, 2025.
Tratamento
Produtividade
(t.ha-1)
SS
(°Brix)
Número médio de frutos por planta
BRS Guarani
4,62 b*
5,78 ab
106,4 b
BRS Cherokee
9,84 ab
6,37 a
258,4 ab
BRS Xingu
19,85 a
5,68 b
356,4 a
BRS Cainguá
8,18 ab
5,54 b
134,6 ab
BRS Xavante
19,96 a
5,86 b
377,0 a
BRS Tupy
20,35 a
6,12 ab
304,4 ab
CV (%)
44,91
20,02
47,86
* Letras distintas, minúsculas na coluna em cada variável, diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% deprobabilidade. Fonte: elaborado pela autora, 2025.
Diante dos dados expressos na Tabela 2, a cultivar BRS Guarani que apresentou menor número de frutos e produtividade, apresentou o maior valor referente aos teores de Vitamina C (57,38 mg de ácido ascórbico/100 mL de suco-1), diferindo somente das cultivares BRS Cherokee e BRS Tupy (42,61 44,36 mg de ácido ascórbico/100 mL de suco-1, respectivamente) que mostraram-se inferiores. Resultado semelhante foi verificado para o teor de açúcares redutores onde a cultivar BRS Guarani também apresentou o maior valor (4,50 g 100 mL-1), diferindo estatisticamente de todas as demais. Enquanto que a cv. BRS Xingu apresentou o menor valor (2,85 g 100 mL-1) (Tabela 2). Os valores obtidos tiveram grande variância, o que sugere que o teor de açúcares redutores é bastante variável entre as cultivares, o que pode influenciar diretamente o sabor para o consumo do fruto in natura.
Com relação aos açúcares totais a cv. BRS Tupy se destacou com a quantidade de açúcares (7,38 g 100 mL-1), só não diferindo da cv. BRS Xingu (5,08 g 100 mL-1). As demais cultivares mostraram valores intermediários e não diferiram entre si.
Para compostos fenólicos, não foi verificado diferenças estatísticas com média de 43,96 mg GAE 100g-1 MF (Tabela 2). Esses resultados evidenciam que as cultivares com maiores teores de fenólicos possuem maior potencial antioxidante, podendo ser mais indicadas para fins nutracêuticos.
Tabela 2: Teor de vitamina C, Teor de Açúcares Redutores (AR), Teor de Açúcares Totais (AT) e Compostos fenólicos (CF) em diferentes cultivares de Amoreira-preta. Chapecó, 2025.
Tratamento
Vitamina C (mg de ácido ascórbico/100 mL de suco-1)
Açúcares Redutores
(g 100 mL-1)
Açúcares Totais (g 100 mL-1)
Compostos Fenólicos (mg GAE 100g-1 MF)
BRS Guarani
57,38 a
4,50 a
4,58 b
50,94 ns
BRS Cherokee
42,61 b
3,07 c
4,39 b
40,73
BRS Xingu
50,41 ab
2,85 d
5,08 ab
47,47
BRS Cainguá
52,20 ab
3,11 c
4,25 b
28,44
BRS Xavante
50,48 ab
3,04 c
3,59 b
45,39
BRS Tupy
44,36 b
3,30 b
7,38 a
50,76
CV (%)
9,15
1,43
19,73
28,01
* Letras distintas, minúsculas na coluna em cada variável, diferem estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Fonte: elaborado pela autora, 2025. ns Não significativo.
5 Conclusão
As cultivares BRS Tupy e BRS Xavante, que se destacaram com as maiores produtividades (20,35 e 19,96 t.ha⁻¹, respectivamente), apresentaram teores inferiores de compostos bioativos, como vitamina C e compostos fenólicos, ressaltando a importância da escolha do genótipo, definindo para qual finalidade se busca se mais produtivo ou mais rico em componentes nutracêuticos.
Em contrapartida, a cultivar BRS Guarani, apesar de apresentar a menor produtividade (4,62 t.ha⁻¹), demonstrou altos teores de vitamina C e compostos fenólicos, características que podem agregar valor aos frutos, especialmente para mercados voltados à saúde e bem-estar. Esses contrastes demonstram que cada cultivar possui características exclusivas e que a seleção deve ser estratégica, considerando tanto a produtividade quanto o perfil nutricional, para atender as demandas e exigências do consumidor final.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Submeto o trabalho apresentado como texto original à Comissão Científica da XVI JIC, o qual apresenta os resultados de subprojeto de pesquisa, e concordo que os direitos autorais a ele referentes se tornem propriedade do Anais da XVI JIC da UFFS.
Observação: Caso o trabalho possua caráter sigiloso, o apresentador deve informar à Comissão Organizadora através do e-mail jic.dpe@uffs.edu.br nos prazos indicados no Regulamento (www.uffs.edu.br/jic).

