RELAÇÃO ENTRE A COLONIZAÇÃO POR Helicobacter pylori NA CAVIDADE ORAL E SINTOMAS GÁSTRICOS SEGUNDO CRITÉRIOS ROMA-IV
Palavras-chave:
biologia molecular, BactériasResumo
O Helicobacter pylori é um patógeno amplamente disseminado, presente na mucosa gástrica de cerca de 50% da população mundial. Está relacionado a doenças como gastrite crônica, úlcera péptica e câncer gástrico, contudo, muitos infectados permanecem assintomáticos. Quando há manifestação clínica, a dispepsia funcional é uma das formas mais comuns, caracterizada por sintomas como saciedade precoce, plenitude pós-prandial, epigastralgia e queimação epigástrica, conforme os critérios de Roma IV.
Embora o H. pylori seja tradicionalmente associado ao estômago, estudos já detectaram sua presença em outras regiões, como a cavidade oral. No entanto, sua real função nesses locais, bem como as vias de transmissão e o papel da boca como possível reservatório, ainda são pouco compreendidos, com resultados divergentes na literatura — taxas de detecção variam de 0% a 100%, influenciadas por fatores sociodemográficos e métodos de diagnóstico. Este estudo teve como objetivo principal investigar a presença de H. pylori na cavidade oral e relacioná-la com sintomas dispépticos de acordo com os critérios Roma IV. Especificamente, buscou-se determinar a prevalência do patógeno na boca, identificar os sintomas clínicos segundo o questionário de Roma IV e correlacionar esses achados.
Foi realizado um estudo transversal, descritivo e analítico, com 61 pacientes adultos submetidos à endoscopia digestiva alta entre fevereiro e junho de 2025, em Passo Fundo (RS). Amostras da mucosa oral foram coletadas com swab estéril e analisadas por PCR e nested-PCR para detecção de H. pylori. Os sintomas dispépticos foram avaliados por questionário padronizado, conforme Roma IV. Os dados foram analisados com o software PSPP, com significância estatística de 5%.
A amostra foi composta majoritariamente por mulheres (57,4%), adultos (59%), com ensino médio completo ou mais (65,6%) e moradores da zona urbana (83,6%). O consumo de álcool e o tabagismo foram relatados por 57,4% e 34,4%, respectivamente. A prevalência de DNA de H. pylori na cavidade oral foi de 8,2% (5 pacientes), enquanto 54,1% (33 pacientes) apresentaram dispepsia funcional. Não foi observada associação estatisticamente significativa entre presença do patógeno na boca e dispepsia (p=0,110), possivelmente em razão do tamanho reduzido da amostra.
Curiosamente, os indivíduos com H. pylori na cavidade oral eram, em sua maioria, assintomáticos, enquanto os negativos para o DNA bacteriano estavam predominantemente no grupo com dispepsia. Este achado diverge de estudos prévios, como os de Kignel et al. (2005) e Czesnikiewicz-Guzik et al. (2005), que encontraram taxas de prevalência superiores a 36% em pacientes dispépticos, utilizando metodologias semelhantes. Isso evidencia a necessidade de mais pesquisas, com maior amostragem e padronização metodológica, para elucidar o papel do H. pylori oral na patogênese gástrica.
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