ANÁLISE ESPAÇO-TEMPORAL DOS CASOS NOVOS DE CÂNCER GASTROINTESTINAL NOTIFICADOS EM SERVIÇOS DE ALTA COMPLEXIDADE EM ONCOLOGIA DE SANTA CATARINA, BRASIL, 2000 A 2022

Resumo

1 Introdução

O câncer gastrointestinal engloba neoplasias malignas dos órgãos do sistema digestivo, como esôfago, estômago, intestinos delgado e grosso, e representa um desafio significativo para a saúde pública mundial devido à alta incidência e mortalidade (Silva et al., 2024). A doença é mais prevalente em homens acima de 60 anos, com aumento gradual a partir dos 35 a 40 anos, influenciada por mutações genéticas e fatores ambientais, como infecção por Helicobacter pylori, tabagismo, consumo excessivo de álcool, obesidade e histórico familiar (Pereira et al., 2023).

Segundo a Organização Mundial da Saúde, em 2020, foram registrados globalmente mais de 4,8 milhões de novos casos, com taxa de mortalidade superior a 50%, sendo o câncer de estômago e colorretal os mais prevalentes (Alberti et al., 2020). No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer prevê um aumento na incidência desses cânceres entre 2023 e 2025, especialmente nas regiões Sul e Sudeste (Santos et al., 2023; Primo, 2022).

Este estudo visa analisar a distribuição espaço-temporal dos casos de câncer gastrointestinal no estado de Santa Catarina, fornecendo dados epidemiológicos que 

subsidiem políticas públicas e aprimorem a prática clínica, especialmente na enfermagem, que desempenha papel estratégico na gestão e cuidado dos pacientes oncológicos (Silva et al., 2021; Carvalho et al., 2020).

2 Objetivo

Analisar espaço-temporalmente os casos novos de câncer gastrointestinal notificados pelos serviços de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia no estado de Santa Catarina, Brasil, no período de 2000 a 2022.

3 Metodologia

O presente estudo é de natureza epidemiológica, com delineamento do tipo ecológico, adequado para investigar doenças que afetam populações inteiras, possibilitando a análise de tendências espaço-temporais e a identificação de associações entre fatores ambientais e a incidência de doenças. Foram utilizados dados secundários provenientes do Registro Hospitalar de Câncer (RHC) das Unidades de Alta Complexidade em Oncologia (UNACON) do estado de Santa Catarina, que são referência no tratamento oncológico para toda a região. A abordagem metodológica envolveu a codificação e análise estatística desses dados com o objetivo de identificar tendências temporais e padrões de distribuição espacial dos casos de câncer gastrointestinal. Para isso, serão aplicados métodos estatísticos apropriados para séries temporais, como o teste de Prais-Winsten e a decomposição sazonal de séries temporais por Loess (Seasonal Decomposition of Time Series by Loess), além do modelo ARIMA (Auto-Regressivo Integrado de Médias Móveis), visando à modelagem e previsão da incidência da doença ao longo do período de estudo. A análise estatística foi realizada com o auxílio de softwares especializados, possibilitando a organização dos dados em planilhas digitais e aplicação dos testes mencionados.

Para esclarecimento, a série temporal estudada é de 2000 a 2022, porém para fins de análise descritiva, utilizamos o período de 2000 a 2022, e para a distribuição espacial da taxa de incidência utilizamos o período de 2001 a 2021 (20 anos) para análise exata dos dados. É válido ressaltar que o ano de 2022 possui dados incompletos, uma vez que os bancos de extração do RHC trabalham com 2 a 3 anos de registro de informações.

4 Resultados e Discussão

A figura 1 mostra a distribuição espacial da taxa de incidência por 100 mil habitantes dos tumores do trato digestivo em Santa Catarina. Houve expansão territorial em todo o