AVALIAÇÃO POPULACIONAL DE INSETOS BENÉFICOS NA CULTURA DA SOJA AMOSTRADA COM ARMADILHA LUMINOSA
Palavras-chave:
Predadores, Parasitoides, Inimigos NaturaisResumo
AVALIAÇÃO POPULACIONAL DE INSETOS BENÉFICOS NA CULTURA DA SOJA AMOSTRADA COM ARMADILHA LUMINOSA
YURI SOUZA MOURA DA VEIGA 1,2*, MARCO AURÉLIO TRAMONTIN2,3
1 Introdução
O uso de armadilhas luminosas é uma técnica amplamente empregada em estudos de monitoramento de insetos, destacando-se pela sua eficácia na captura de espécies de hábitos noturnos e fototrópicos. Embora tradicionalmente associadas à detecção e controle de pragas agrícolas, essas armadilhas também apresentam potencial para a avaliação da diversidade e abundância de insetos benéficos, como predadores e parasitoides, que desempenham papel crucial no controle biológico de pragas (GAU; MAETO, 2021). No contexto da cultura da soja, onde o manejo integrado de pragas (MIP) é essencial para a sustentabilidade produtiva, compreender a dinâmica populacional desses inimigos naturais torna-se indispensável para otimizar práticas agrícolas (BUENO et al., 2021).
A soja é uma das principais culturas do agronegócio brasileiro e está frequentemente sujeita a ataques de pragas, o que demanda estratégias eficazes de monitoramento e controle. Insetos benéficos atuam como reguladores naturais dessas populações, promovendo o equilíbrio ecológico no agroecossistema (CASTRO et al., 2021). Assim, avaliar a presença e flutuação desses organismos ao longo do ciclo da cultura pode fornecer subsídios importantes para a adoção de práticas conservacionistas e o fortalecimento do controle biológico.
2 Objetivos
Assim, objetivou-se avaliar se há população de insetos benéficos na cultura da soja, utilizando armadilhas luminosas como método de amostragem.
________________
1 Graduando em agronomia, Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Campus Chapecó, contato: yuriveiga070@gmail.com
2 Grupo de Pesquisa: NEFIT – Núcleo de Estudos em Fitossanidade
3 Doutor em Entomologia, professor na UFFS, Campus Chapecó, Orientador.
3 Metodologia
O estudo foi conduzido no município de Chapecó, Santa Catarina, Brasil, em uma área adjacente ao Campus da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). A região de estudo apresenta sistema de manejo de plantio direto, sendo a soja a principal cultura no período de verão e a aveia no período de inverno. O clima da região é classificado como subtropical úmido (Cfa, segundo a classificação de Köppen), com verões quentes e invernos amenos. As coletas foram realizadas mensalmente, no período de setembro a dezembro de 2024 e de junho de 2025, durante dois dias consecutivos em cada mês, seguindo o ciclo lunar. O estudo foi realizado exclusivamente em uma área de lavoura de soja, o que permitiu a avaliação da eficiência das armadilhas luminosas nesse ambiente agrícola. O ponto de coleta foi fixo ao longo do estudo, o que garantiu padronização e comparabilidade dos dados ao longo do tempo. Para a captura dos insetos, foram utilizadas armadilhas luminosas do modelo “Luiz de Queiroz”, equipadas com uma lâmpada fluorescente e conectadas a uma bateria de 12 volts. As armadilhas foram instaladas a uma altura de 1,5 metro do solo, utilizando um suporte tipo forca, fixado por arames para garantir estabilidade (SPECHT et al., 2005). Os insetos coletados foram transportados para o Laboratório de Botânica, Ecologia e Entomologia da UFFS, onde foram determinados e classificados em diferentes ordens e famílias com o auxílio de um microscópio estereoscópico (lupa).
4 Resultados e Discussão
A armadilha luminosa utilizada na lavoura de soja capturou um total significativo de insetos predadores e parasitoides ao longo do período de amostragem. Foram registradas capturas em diversas famílias entomológicas, o que evidencia a diversidade de inimigos naturais presentes nesse agroecossistema. As famílias mais representativas foram Carabidae (253 indivíduos), Staphylinidae (248) e Ichneumonidae (209), seguidas por Vespidae (133), Forficulidae (58) e Coccinellidae (37). Outras famílias como Reduviidae (39), Chrysopidae (23), Formicidae (21), Ascalaphidae (13), Tachinidae (11), Dolichopodidae (12) e Libellulidae (8) também foram registradas, em menores proporções.
A elevada abundância de Carabidae e Staphylinidae destaca a importância desses grupos como predadores generalistas amplamente associados ao controle natural de pragas em sistemas agrícolas. A família Ichneumonidae, por sua vez, indica a presença de parasitoides importantes na regulação populacional de hospedeiros fitófagos, o que sugere um potencial relevante para o controle biológico (SOUZA et al., 2019; SILVA et al., 2023).
A diversidade observada pode estar relacionada a fatores como a complexidade estrutural do cultivo de soja, disponibilidade de presas e condições microclimáticas favoráveis, que criam um ambiente propício para o estabelecimento e permanência desses inimigos naturais (GONTIJO et al., 2018; BIANCHI et al., 2021).
Esses resultados reforçam o valor das armadilhas luminosas como ferramenta útil no monitoramento de insetos benéficos, e permite a detecção e acompanhamento da dinâmica populacional desses organismos em campo. Compreender esses padrões é fundamental para embasar estratégias de controle biológico dentro do Manejo Integrado de Pragas (MIP), e promover práticas mais sustentáveis na produção de soja (FERNANDES et al., 2022).
FIGURA 1: Avaliação populacional de insetos coletados com armadilha luminosa em área da soja
5 Conclusão
As armadilhas luminosas mostraram-se eficientes na captura de predadores e parasitoides na lavoura de soja, e comprova o seu potencial como ferramenta de monitoramento populacional. Os resultados reforçam sua aplicabilidade no Manejo Integrado de Pragas (MIP), e contribuem para práticas agrícolas mais sustentáveis.
Referências Bibliográficas
BIANCHI, F. J. J. A.; MICHIELSEN, N.; VAN DER WERF, W. Landscape complexity and the conservation biological control of insect pests: a review and meta-analysis. Ecological Entomology, v. 46, n. 1, p. 1–15, 2021.
BUENO, A. F. et al. Controle biológico no Brasil: situação atual, desafios e perspectivas. Brasília: Embrapa, 2021.
CASTRO, A. A.; BORGES, M.; SUJII, E. R. Natural enemies in agricultural landscapes: contributions to integrated pest management and sustainable agriculture. Agricultural Systems, v. 187, 102987, 2021.
FERNANDES, M. E. et al. Strategies for the conservation of natural enemies in agricultural landscapes: a synthesis of recent advances. Agriculture, Ecosystems & Environment, v. 323, 107701, 2022.
GAU, J. M.; MAETO, K. Effectiveness of light traps in monitoring parasitoid and predator insects in agroecosystems. Applied Entomology and Zoology, v. 56, p. 211–220, 2021.
GONTIJO, L. M. et al. Natural enemy abundance and pest control services in diversified agroecosystems: a global synthesis. Biological Control, v. 126, p. 1–10, 2018.
SILVA, J. R. et al. Ichneumonidae diversity and parasitism rates in agroecosystems: implications for biological control. Journal of Insect Conservation, v. 27, p. 85–94, 2023.
SOUZA, A. M. et al. Carabid beetles in soybean agroecosystems: role as biological control agents and response to landscape features. Environmental Entomology, v. 48, n. 5, p. 1056–1064, 2019.
SPECHT, A.; TESTON, J. A.; DI MARE, R. A.; CORSEUL, E. Noctuídeos (Lepidoptera,
Noctuidae) coletados em quatro Áreas Estaduais de Conservação do Rio Grande do Sul,
Brasil. Revista Brasileira de Entomologia. São Carlos, São Paulo, 2005.
Palavras-chave: Predadores; Parasitoides; Inimigos Naturais.
Nº de Registro no sistema Prisma: PES 2024 - 0399
Financiamento
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Submeto o trabalho apresentado como texto original à Comissão Científica da XVI JIC, o qual apresenta os resultados de subprojeto de pesquisa, e concordo que os direitos autorais a ele referentes se tornem propriedade do Anais da XVI JIC da UFFS.
Observação: Caso o trabalho possua caráter sigiloso, o apresentador deve informar à Comissão Organizadora através do e-mail jic.dpe@uffs.edu.br nos prazos indicados no Regulamento (www.uffs.edu.br/jic).