PADRONIZAÇÃO HEMOGASOMÉTRICA, HEMATOLÓGICA E BIOQUÍMICA EM AVES, RÉPTEIS E MAMÍFEROS DA REGIÃO DO PARQUE NACIONAL DO IGUAÇU

Resumo

O monitoramento da fauna é essencial para avaliar o estado de conservação dos ecossistemas e detectar alterações ambientais decorrentes de impactos antrópicos. Neste estudo, espécies bioindicadoras foram avaliadas no Parque Nacional do Iguaçu, incluindo os cágados Phrynops williamsi e P. geoffroanus, sentinelas da qualidade dos corpos hídricos, e os quatis (Nasua nasua), importantes para compreender os efeitos da atividade humana em áreas turísticas. O objetivo foi padronizar parâmetros hemogasométricos e bioquímicos dessas espécies de vida livre. Foram capturados 57 cágados entre dezembro de 2024 e março de 2025 e 28 quatis entre 2023 e 2025. Para os cágados, a flebotomia foi realizada pela veia subcarapacial e as análises foram conduzidas com o Epoc® Blood Gas Analyzer, utilizando os testes estatísticos Shapiro-Wilk, t-Student e Mann-Whitney. Nos quatis, as coletas ocorreram por punção jugular, com armazenamento controlado e processamento laboratorial. Os resultados evidenciaram diferenças significativas entre P. williamsi e P. geoffroanus para pCO₂, pO₂, cálcio e hematócrito (p<0,05), relacionadas à fisiologia adaptativa dos quelônios, que apresentam coração tricavitário e longos períodos de apneia. Nos quatis, observou-se alta variação nos níveis de glicose e triglicerídeos, possivelmente associada à influência antrópica e à disponibilidade de alimento em áreas turísticas, refletindo alterações metabólicas. Este é o primeiro estudo a estabelecer valores hemogasométricos para P. williamsi e P. geoffroanus e ressalta a importância de considerar adaptações fisiológicas na interpretação dos dados. Para quatis, recomenda-se a definição de valores de referência regionais, considerando a influência da atividade antrópica local, contribuindo para diagnósticos clínicos, manejo e conservação de animais silvestres no Parque Nacional do Iguaçu.