ESTUDO DA UTILIZAÇÃO DO ÓLEO ESSENCIAL DE Aloysia gratissima NO TRATAMENTO DA OTITE CANINA

Resumo

A otite é uma inflamação do conduto auditivo, podendo ser externa, média ou interna, conforme a localização anatômica. Em cães, microrganismos envolvidos frequentemente apresentam resistência a antibióticos, agravada pelo uso inadequado de medicamentos e pela formação de biofilme, que protege as bactérias contra o sistema imunológico e antimicrobianos. A busca por alternativas terapêuticas têm incluído fitoterápicos, como o óleo essencial de Aloysia gratissima (OEAg), planta da família Verbenaceae, tradicionalmente utilizada contra algumas infecções, como respiratórias e gastrointestinais. O presente estudo teve como objetivo avaliar a atividade antimicrobiana e a capacidade de inibição de biofilme do OEAg frente a bactérias isoladas de cães com otite. Foram testadas dez cepas bacterianas, coletadas de condutos auditivos, cultivadas e submetidas à determinação da Concentração Inibitória Mínima (CIM) e da Concentração Bactericida Mínima (CBM). O óleo foi obtido por hidrodestilação em aparelho de Clevenger a partir de folhas coletadas no Rio Grande do Sul, sendo armazenado em frasco âmbar sob congelamento. A média da CIM encontrada foi de 35,7%, variando de 0,78% (mais sensível) a 100% (mais resistente), demonstrando variabilidade na susceptibilidade bacteriana. A CBM indicou efeito bactericida em 90% das cepas, com concentrações efetivas entre 6,25% e 100%, enquanto uma cepa apresentou apenas efeito bacteriostático. O teste de inibição de biofilme foi realizado com três cepas formadoras de diferentes intensidades. O OEAg reduziu significativamente o biofilme em duas delas (p=0,002), mas não apresentou eficácia contra a cepa fortemente formadora. O OEAg apresentou potencial antimicrobiano e capacidade de inibir a formação de biofilme em determinadas cepas bacterianas, sendo promissor como alternativa terapêutica no tratamento de otites caninas, embora sua eficácia possa variar conforme o perfil de sensibilidade dos microrganismos.