A CRÍTICA LITERÁRIA DO PRESENTE:

AS RELAÇÕES ENTRE LITERATURA E REALIDADE NAS CRÍTICAS DE JOÃO CEZAR DE CASTRO ROCHA, ANTONIO CANDIDO E ERICH AUERBACH.

Resumo

1 Introdução 

O crítico do presente, João Cezar de Castro Rocha, em um texto sobre o conto “O espelho”, de Machado de Assis, propõe que no texto do autor de Dom Casmurro, temos uma literatura que olha de dentro para fora e uma que olha de fora para dentro. E propõe: “O que revela um espelho voltado para outro? A capacidade criadora da ficção; a possibilidade de produzir imagens que sem o espelho seriam invisíveis. Eis a compreensão machadiana da potência da literatura.” (Rocha, 2015, p. 176 ). Esta retomada das relações entre literatura e a realidade parece uma preocupação da crítica do presente. Por isso, neste trabalho, pensamos esta relação a partir da aproximação da leitura de João Cezar de Castro Rocha de “O espelho”, de Machado de Assis, com os textos de Erich Auerbach presentes no livro Mimesis: a representação da realidade na cultura ocidental (“A meia marrom”, “A cicatriz de Ulisses” e “Epílogo”) e “Dialética da malandragem”, de Antonio Candido.

2 Objetivos 

O objetivo principal desta pesquisa é analisar as relações entre literatura e realidade nas críticas de João Cezar de Castro Rocha, Antonio Candido e Erich Auerbach propostas para o leitor.

3 Metodologia 

Foi utilizado o método de análise documental, das críticas A farda e o fardão [“O espelho” de Machado de Assis], de João Cezar de Castro Rocha, A cicatriz de Ulisses, A meia marrom (Mimesis, a representação da realidade na literatura ocidental), de Erich Auerbach, Dialética da malandragem (Caracterização das memórias de um Sargento de Milícias) de Antonio Candido. 

4 Resultados e Discussão

A discussão inicial deste estudo é a análise da circulação de textos do passado que permanecem atualmente, tendo como base reflexões sobre a obra Crítica literária: em busca do tempo perdido? de João Cézar de Castro Rocha, de forma simultânea aos estudos de Erich Auerbach e Antônio Cândido. Desta forma, é possível compreender como os críticos estudados pensaram as relações entre literatura e realidade ao longo da história, buscando, independentemente do gênero que se lê, conectar o real ao literário.

A realidade do escritor dentro deste processo é tão importante e indispensável quanto a memória do leitor, sem ela e as experiências anteriores, nenhuma conexão é feita, da mesma forma que esta conexão não pode ser prevista, ou premeditada, tendo em vista que as experiências são singulares e particulares, sendo assim cada leitura pode conectar o real e o literário de diversas formas diferentes.

5 Conclusão

O movimento de projetar o contexto na escrita vem de ambas as partes, tanto do escritor que escreve, quanto do leitor que o lê, ou seja, vem de dentro para fora, mas também de fora para dentro. Dentro deste processo, quando o escritor de certa forma escreve dando visibilidade ao seu contexto histórico e situacional, este está condicionado a ser identificado e conectado com o leitor e seu contexto histórico e situacional através da leitura, independentemente da época. Diante disto, a literatura pode ser descrita como a teoria do espelho de Machado de Assis, com duas almas, uma dentro e uma fora, ao colocar um espelho na frente de outro ambos projetam a si mesmo e ao outro criando uma relação  ambivalente.  

Referências Bibliográficas

AUERBACH, Erich. A cicatriz de Ulisses. In: Mimesis: a representação da realidade na literatura ocidental. São Paulo: Perspectiva, 1971 [1946].

AUERBACH, Erich. A meia marrom. In: Mimesis: a representação da realidade na literatura ocidental. São Paulo: Perspectiva, 1971 [1946].

CANDIDO, Antonio. (1970) Dialética da Malandragem. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros. 8, 67-89. https://doi.org/10.11606/issn.2316-901X.v0i8p67-89.

ROCHA, João Cezar de Castro. “A farda e o fardão [“O espelho”, de Machado de Assis]”. Jornal do Brasil / Ideias, p. 6, 2 de setembro de 2006.

ROCHA, João Cezar de Castro. Crítica literária: em busca do tempo perdido? Chapecó: Argos, 2011. 443 p. (Grandes Temas ; 8)